Bandeira Monárquica hasteada em Lisboa

A bandeira Monárquica foi hasteada na Câmara de Lisboa à meia-noite de ontem. Às 12:40 de hoje continuava lá. Tratou-se de mais uma iniciativa do blogue 31 da Armada, um dos mais interessantes blogues portugueses.

Lembro-me de uma outra iniciativa do 31 da Armada, há mais de um ano, quando alguns autores desse blogue, disfarçados de Darth Vader, foram a Olivença e colocaram a bandeira Portuguesa na muralha da vila.

19 reacções:

Anónimo | 16:32

Meu bravo,

Pode ser que em Guimarães o mesmo venha a acontecer...

Abraço de um anónimo perfeitamente identificado (/vel)

TPC | 17:10

Tem graça, mas a bandeira que esses palhaços puseram em Olivença era a verde-rubra da República. Coerentes, né?

Tiago Laranjeiro | 17:15

Meu caro Amigo Anónimo C,

Quem sabe, um dia...

Caro TPC,

Esses "palhaços", como lhes chama, apenas queriam uma pequena provocação com o hastear da bandeira azul e branca. Não quer dizer que sejam monárquicos - não faço ideia se são ou não, mas nunca me constou que fossem...

Samuel Silva | 17:22

Eu, que não sou monárquico, achei graça à ideia. É uma subversão com muita piada e uma mensagem política interessante.

TPC | 18:55

Meu caro Tiago Laranjeiro: eles dizem que SÃO monárquicos.

Meu caro Samuel Silva: "uma mensagem política interessante". Qual mensagem?

Tiago Laranjeiro | 18:58

Caro TPC,

Confesso que não fiz uma pesquisa exaustiva no blogue, mas não vi onde dizem todos eles que são monárquicos.

Samuel Silva | 18:59

O mais interessante da mensagem passada pelos Vaders foi que o 5 de Outubro não foi um movimento popular.

Aliás, muito do que é dito sobre a 1ª República é mitificado. O Centenário pode e deve ser um momento para discutir abertamente isso mesmo.

Mais: Há monárquicos que não passam pela dita Casa Rela e querem mostrar-se; Lisboa em Agosto deve ser um deserto para se fazer uma coisa destas às claras. A CML também deve estar a banhos, dado o tempo que demorou a retirar a bandeira.

Samuel Silva | 19:00

O Público chama-lhes "ala monárquicas" do 31 da Armada.

TPC | 19:21

Oh meu caro Samuel,perdoe-me a insistência, mas continuo sem perceber onde esteja a mensagem. Dizer que o 5 de Outubro não foi um movimento popular é dizer que nenhuma revolução foi um movimento popular, ou seja, é dizer... nada. E nada, que eu saiba, é nenhuma mensagem.

Olhe que a república está menos mitificada do que a monarquia, que caiu de podre e não teve nenhum movimento popular que lhe viesse acudir. E, numa república, por defeituosa que seja, ninguém nasce com mais direitos do que os outros, nem ninguém nasce predestinado para rei, enquanto que os outros apenas podem aspirar à condição de súbditos. A nossa república pode não ser lá grande coisa, mas não vejo muitos interessados em trocá-la pela monarquia, que seria bem pior. Mal por mal, antes um Cavaco do que aquele patusco de bigodes farfalhudos que dá pelo nome de Duarte e que se dá por Dom.

Cláudio Rodrigues | 20:07

Golpe de marketing... É ver o sitemeter deles, até assusta. Nestas alturas que antecedem eleições, bem bom.

Cláudio Rodrigues | 20:15

(Lembrei-me agora de um conjunto de palavras que se sucedem umas às outras [num espaço do Notícias de Guimarães] em que um dactilografo que se diz de cá, que juro neste momento não me lembrar do nome [mas lembro-me que o nome tem algo a ver com calhaus, Cristo e supermercados, só não sei bem o quê...], chamava Marketing de Guerrilha ao caixão do Grupo Santiago. Isto sim é Marketing de Guerrilha. Ele estava enganado, mas ninguém lhe disse...)

Samuel Silva | 22:24

O 25 de Abril não foi um movimento popular, mas foi seguido de um movimento popular. A República foi uma coisa que aconteceu ao povo, mas que pouca diferença notou. Continuou o rotativismo, um país amarfanhado e sobram, da República, umas poucas conquistas sociais.

A maioria da população não tem consciência disto, até porque a história aprendida nas escolas é um pouco diferente. Glorifica-se a República, sem nunca a deixar compreender.

Quanto à segunda parte do seu comentário, estamos de acordo: antes Cavaco que o senhor de bigode que gosta de touradas e têxteis do Ave. Mal por mal, antes a igualdade (ainda que teórica) de acesso aos mais altos cargos da Nação.

Anónimo | 22:31

Caro TPC,

"o 5 de Outubro não foi um movimento popular é dizer que nenhuma revolução foi um movimento popular, ou seja, é dizer... nada"

O 5 de Outubro não foi uma revolta/revolução popular (como foi por exemplo a Maria da Fonte) nem teve apoio popular (como teve por exemplo o 25 de Abril).
O 5 de Outubro de 1910 foi um pronunciamento militar que não teve nem grande apoio nem grande resistência. Se vinte dias depois as facções monárquicas do exército tivessem feito um contra-golpe, hoje teriamos a bandeira azul e branca como simbolo da nação...Porque não o fizeram é uma questão bastante complexa para ser tratada numa "caixa de comentários".
Mas pense no seguinte: nove anos após a implantação da república, um militar, sem armamento quase nenhum, proclamou a Monarquia (do Norte) e o povo reagiu com a mesma passividade com que reagiu à implantação da República 9 anos antes. Se calhar no meio disto tudo, o que devia ser pensado e talvez estudado, é esta forma de estar passiva que, por regra, caracteriza o nosso povo...
Mais uma coisa: quando me fala em "súbditos" na Monarquia Constitucinal e em direitos iguais na I República, está a demonstrar que nunca estudou este assunto (e este periodo) da nossa História com um bocadinho de anteção..ou foi apenas formatado pela "istória" da I República que lhe foi contada na escolinha...
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Cumprimentos,
Anónimo perfeitamente identificado

TPC | 23:49

Está enganado. Estudei razoavelmente bem a I República. Conheço-a suficientemente bem, assim como conheço o período de insuportável putrefacção da monarquia que a antecedeu. Foi por ter caído de podre que ninguém ergueu um dedo para a defender em 1910. Mas não é da I República que eu falo quando digo que prefiro a república à monarquia, que prefiro ser cidadão a ser súbdito, porque prefiro, mesmo escolhendo mal, escolher a primeira figura do Estado a não ter escolha nenhuma: falo do que conheço, não por ter estudado, mas por ter vivido. Sei que a república, só por si, garante pouco. Sei do que falo porque vivi em duas repúblicas, uma das quais não me deixou saudades, antes pelo contrário. E também vivi, do lado de dentro, uma revolução, e por isso posso dizer-lhe que está enganado quando fala na maneira de ser passiva dos portugueses. Não é nada de genético, garanto-lho. E também pode estar certo de que, se hoje não temos a tal bandeira azul e branca é porque o povo português a não quis. Nem quer. Pensa de maneira diferente? Respeito-o, sem necessidade de me colocar numa redoma de superioridade moral ou intelectual, nem de lhe chamar ignorante como V. Exa. faz, porventura partindo do princípio de que a História só tem uma leitura (a sua).

O povo, essa gente "passiva", não está disponível para a questão monárquica? Lá terá que se conformar, já que não se pode substituir este povo por outro que se lhe ponha mais a jeito. É a vida.

Anónimo | 01:30

Caro TPC,

Não quis colocar-me em nenhuma redoma e muito menos chamar-lhe ignorante. Pensei apenas que lhe tinham ensinado o mesmo que me ensinaram na escola sobre a Primeira República: uma versão algo distorcida dos acontecimentos.

Quando falo da passividade dos portugueses, penso que estou em grande parte certo naquilo que digo. Não o faço como um insulto porque também sou português e porque também sei que, em casos extremos, o português reage. Repare que durante todo o atribulado século XIX português e durante o século XX, poucas foram as vezes que o povo fez uma revolução. Certamente saberá que há uma clara diferença entre o que se passou por exemplo na Guerra Peninsular ou na Maria da Fonte, do que foi o 5 de Outubro ou o 25 de Abril...
Bem sei que a Monarquia caiu de podre, tal como a Primeira República caiu e de cuja queda surgiu o Estado Novo... Agora penso que no que diz respeito às práticas democráticas a Monarquia Constitucional foi bem mais democrática que a Primeira República. Como exemplo pode apontar-se o facto de na República existirem menos pessoas com direito a voto (e menos votantes), mais censura e, talvez, mais prisões políticas (em regra por motivos menos graves do que acontecia na Monarquia Constitucional). Penso que a ideia que associa a Primeira República a uma maior liberdade e a um maior progresso está errada e foi isso que eu quis dizer no meu anterior comentário.
Voltando à questão da passividade do povo relembro-lhe o que se passou na Monarquia do Norte, em que um militar com “meia dúzia” de homens e espingardas conseguiu, ainda que só por 20 dias, proclamar a Monarquia numa parte importante do território. Acha que isto seria possível se o grosso da população fosse republicana? Não lhe estou com isto a dizer que o grosso da população fosse monárquica (embora durante a monarquia os votos nos republicanos nunca tivessem ultrapassado, se não me engano, os 20%), estou-lhe a dizer que havia uma grande indiferença (ou passividade) no grosso da população.
Não sou monárquico nem é para defender a monarquia como solução para Portugal que aqui escrevo. Também sei que se houvesse um referendo sobre o tipo de regime que queremos para nos governar, a República obteria uma vitória esmagadora e, em jeito de provocação, digo-lhe que acho que a abstenção (a tal indiferença ou passividade) rondaria os 60%...
Para terminar digo-lhe que sei bem que a História não tem só "a minha leitura" e estas mensagens tratam-se apenas disso, de comentários a uma questão, porque a História própriamente dita trata-se noutros locais com mais tempo, mais rigor e mais dados (como aliás já fizeram – e bem – sobre este período os Professores Doutores Fernando Catroga e Rui Ramos).

Melhores cumprimentos,
Anónimo perfeitamente identificado

TPC | 14:24

Meu caro,

Se não é monárquico, faz bem (embora não pareça). Entre nós, os derrotados das revoluções rapidamente assumem a condição de cromos, ocupando franjas residuais do nosso eleitorado: é assim com os fascistas, é assim com os monárquicos. E, mais tarde ou mais cedo, transformam-se em engraçadinhos cuja principal função é a animação da silly season. Aquela acção dos palhaços mascarados à moda da Guerra das Estrelas não foi nenhum acto de terrorismo ou de insubordinação civil, foi apenas uma manifestação inconsequente de pequena delinquência, consumada através de um acto de intrusão, de um furto e de uma prática de ultraje a símbolo nacional.

Por último, faço a minha declaração desinteresse: sou republicano, mas não sou saudosista dos tempos da I República, nem, muito menos, dos da da monarquia.

Paulo Lopes Silva | 14:51

Oficialmente achei esta incidente um desrespeito pela nação e um acto de vandalismo pelo qual os seus autores terão que responder. Mas que lhe achei piada, achei. Se tivesse acontecido em portugal em vez de em Portugal não teria era tido tanto impacto.

Anónimo | 16:16

Caro TPC,

Se parecer monárquico é enunciar alguns factos relacionados com a Primeira República ou dizer que o 5 de Outubro não foi uma revolução popular, então qualquer pessoa que tente tratar a história da Primeira República com o mínimo de rigor vai parecer-lhe um monárquico...Até o senhor com o seu silêncio em relação aquilo que eu afirmei (e que era o que estava em discussão) deve ter aí uma costelazinha azul e branca...

Quanto à condição de cromos estou plenamente de acordo consigo, sempre foi assim. As minorias são sempre tratadas como "cromos" pelas maiorias...O que não deixa de ser perigoso por um lado e triste por outro..

Anonimo perfeitamente identificado

TPC | 12:54

Se bem me parece, o que estava em discussão era a traquinada da troca das bandeiras. A dimensão popular das revoluções era manifestamente lateral (mas sempre direi que, se o 5 de Outubro não foi popular, muito menos o era a monarquia, porque não consta que o povo acorresse em sua defesa). Mas o assunto não tinha ver com monarquia ou república há 100 anos, mas sim com os dias de hoje. Porque a história não se pode refazer e porque, com um século em cima, a discussão entre monarquia e a república é completamente anacrónica e não vejo quem esteja disposto a perder tempo com ela. A não ser uns taiss como os que se macaqueiam de Darth Vaders ou um tal Câmara Pereira, deputado monárquico. Cromos, não?