Sinais de cena

No palco do CCVF houve discursos em jeito de recado. Quem lá esteve deve tê-los percebido. E os sinais que passaram revelam algum do desconforto pela forma como o evento tem vindo a ser liderado.


É certo que a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, elogiou o trabalho da presidente da Fundação Cidade de Guimarães (a quem chamou Catarina), mas fê-lo en passant. E dedicou os minutos seguintes a sublinhar o envolvimento de João Serra no processo, o papel do administrador na comunicação com a tutela.


Reduzir a líder da estrutura que organiza o evento a uma nota de rodapé num discurso feito num momento crucial para a CEC tem significado. Só não percebe quem não quiser que a ministra não morre de amores pela presidente da Fundação. E que isso pode ser prejudicial para todo o processo.


O mesmo João Serra, no momento em apresentava os eventos previstos já para este ano, fez aquele que me parece ter sido a intervenção mais relevante da tarde. “O que julgamos possível há dois ou três anos parece agora mais difícil. Mas a CEC merece que nos sentemos a conversar sobre o sentido do que fazemos, para podemos corrigir erros”, afirmou na abertura do discurso.


Serra faz um mea culpa que tenta responder à frustração instalada entre algumas das principais instituições culturais do concelho. E fâ-lo num momento solene, mostrando a todos que se não se faz mais, não é por responsabilidade sua. Também por isso, o elogio de Canavilhas tem simbolismo.

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