A Semana O




Segundo a comunicação social, na próxima semana iremos conhecer a base do programa para a CEC 2012.

Será a Semana O, de Orquestra, a ser criada no âmbito da Capital Europeia da Cultura, e que vai ser, aparentemente, uma das suas grandes apostas.

Guimarães foi um dos municípios fundadores da Orquestra do Norte, sedeada actualmente em Amarante. Todos os anos a Orquestra do Norte actua em Guimarães, seja no Verão, principalmente no Paço dos Duques de Bragança, seja noutras alturas, na belíssima Igreja de S. Francisco. O PSD Guimarães defendeu até que se poderia aproveitar a CEC para trazer a Orquestra do Norte para a cidade berço.

A concepção de uma nova orquestra sinfónica poderá significar a saída do Município de Guimarães de sócio da Orquestra do Norte, a não ser que o dinheiro chegue para tudo, o que, no meio desta crise e dos cortes orçamentais cegos que se têm realizado, será muito improvável.

Acima de tudo, parece-me que convinha esclarecer de que forma é que esta nova orquestra, a ser concebida no âmbitro da CEC2012, terá vida para além do evento. E, se sim, qual a posição que a CMG terá para com a Orquestra do Norte, da qual foi, repito, fundadora.

É importante perceber que, para além dos discursos bonitos, as decisões tomadas devem ser contextualizadas e explicadas. Dizer que o sucesso/insucesso da CEC só poderá ser medido em 2020, fruto do que possa ter sido entretanto transformado na cidade, só tem fundamento se acompanhado com ideias claras sobre as apostas feitas em 2012 e os seus efeitos para o futuro. Sob pena de podermos achar que, afinal, os horizontes não eram tão largos assim e que Guimarães 2020 será mais obra do acaso do que dum planeamento estruturado a longo prazo.

E convém também perceber qual a política cultural para «a outra música». Financiar uma ou duas orquestras sinfónicas só poderá fazer sentido se outras músicas, por exemplo, a música pop/rock onde sobressaem o Manta e o Barco Rock Fest, que têm imenso potencial para se tornarem pontos de paragem no Verão para a juventude portuguesa, puderem ter a mesma atenção por parte dos nossos governantes locais. O que, até agora, manifestamente não aconteceu, principalmente no caso do Festival de S. Cláudio de Barco.

4 reacções:

casimirosilva | 00:11

Orquestra de Guimarães? Um completo absurdo. Não só porque não faz sentido, mas porque não há dinheiro. Ponto final, parágrafo.

Que exista uma marca da CEC, claro. Tinha logo que que ser de Rui Massena? Porra, senhor maestro, depois da CEC ninguém vai olhar para a sua fabulosa criatividade e para o seu trabalho fora-de-série.

Tiago Laranjeiro | 20:31

A criação de uma orquestra, a um ano do início da CEC, com os elevadíssimos custos fixos que implica, parece-me errado. Ainda que não conheça os pormenores, uma orquestra de dimensão internacional, como tem de ser uma pela qual passe grande parte da programação de uma CEC, não se constrói num ano. Veja-se até o exemplo da Orquestra Nacional do Porto, ligada à Casa da Música, que nasceu da reestruturação de uma orquestra já existente e cuja reformulação aconteceu uns anos antes do Porto 2001, permitindo-lhe ganhar espaço e afirmar-se.

Como vai uma orquestra destas manter-se para além de 2012, sem uma grande estrutura que a suporte como acontece com as boas orquestras nacionais (ONP e a Casa da Música, Gulbenkian com a respectiva fundação, etc.)?

O resultado mais provável é uma orquestra medíocre, que dificilmente chegará sequer ao nível da Orquestra do Norte (a não ser que haja um investimento elevadíssimo). E o pior é que havia alternativas!

Anónimo | 00:17

Troquemos a dita cuja, por um quarteto ou mesmo quinteto, de JAZZ.

Anónimo | 11:36

A megalomania tem limites.