24 de Junho e as medalhas
A Câmara de Guimarães decidiu, por unanimidade, entregar a Medalha de Ouro da cidade a Fernando Alberto Ribeiro da Silva. A máxima distinção vimaranense não era entregue desde 2003, ano em que Fernando Távora foi agraciado. O antigo governador civil recebe-a no próximo 24 de Junho.
Uma câmara de maioria socialista pôs de lado as rivalidade políticas e decidiu distinguir um dos históricos do PSD local e regional. Coisa que o PSD não foi capaz de fazer há três anos, aquando da proposta de atribuição da medalha de ouro da cidade a Jorge Sampaio. É um exemplo democrático, com o qual, no entanto, não concordo.
Por muitos méritos que Ribeiro da Silva possa ter tido (e teve vários) como associativista e político, nomeadamente nos 12 anos no governo civil do distrito de Braga, a esquerda local devia ter tido memória. Desde logo, o PS, que não devia ter esquecido o que se passou em 2005. E também me custa a entender que até os comunistas digam que o prémio está "bem entregue".
Quanto às outras medalhas: uma empresa têxtil recebe a medalha de mérito industrial e Associação Familiar precisou de chegar aos 100 anos para ver reconhecido o seu mérito social, em que se substitui ao Estado.
Realço, porém, as medalhas de mérito artístico, em prata, para Pedro Morais de Andrade, um violinista de 26 anos que, desde 2007, integra, como músico convidado, a Orquestra Sinfónica da Alemanha, e Sofia Escobar, intérprete vimaranense que vive em Londres, onde participou em musicais como "O Fantasma da Ópera" e "West Side Story".
É muito inteligente e plena de simbolismo esta dupla distinção. Uma cidade que se quer afina jovem e centro de cultura tem que valorizar desta forma os seus mais promissores artistas. Tanto mais que dão, deste modo, o cunho internacional que tem faltado, no mais das vezes, aos representantes da cultura local.
post scriptum: num dos primeiros posts do Colina Sagra, em 2005, dizia que tinha perdido as esperanças de ver o 24 de Junho na televisão (não que daí lhe venha o reconhecimento, está claro...). Hoje tenho ainda mais certezas. Nem precisava de um directo como as inefáveis marchas de Santo António. Bastava um apontamento num qualquer noticiário em que, pelo menos, se desse relevância à data. Não vale a pena: só os vimaranenses comemoram o dia de Portugal. O resto do país entretém-se com um feriado fascista que assinala a hipotética morte de Camões.
Uma câmara de maioria socialista pôs de lado as rivalidade políticas e decidiu distinguir um dos históricos do PSD local e regional. Coisa que o PSD não foi capaz de fazer há três anos, aquando da proposta de atribuição da medalha de ouro da cidade a Jorge Sampaio. É um exemplo democrático, com o qual, no entanto, não concordo.
Por muitos méritos que Ribeiro da Silva possa ter tido (e teve vários) como associativista e político, nomeadamente nos 12 anos no governo civil do distrito de Braga, a esquerda local devia ter tido memória. Desde logo, o PS, que não devia ter esquecido o que se passou em 2005. E também me custa a entender que até os comunistas digam que o prémio está "bem entregue".
Quanto às outras medalhas: uma empresa têxtil recebe a medalha de mérito industrial e Associação Familiar precisou de chegar aos 100 anos para ver reconhecido o seu mérito social, em que se substitui ao Estado.
Realço, porém, as medalhas de mérito artístico, em prata, para Pedro Morais de Andrade, um violinista de 26 anos que, desde 2007, integra, como músico convidado, a Orquestra Sinfónica da Alemanha, e Sofia Escobar, intérprete vimaranense que vive em Londres, onde participou em musicais como "O Fantasma da Ópera" e "West Side Story".
É muito inteligente e plena de simbolismo esta dupla distinção. Uma cidade que se quer afina jovem e centro de cultura tem que valorizar desta forma os seus mais promissores artistas. Tanto mais que dão, deste modo, o cunho internacional que tem faltado, no mais das vezes, aos representantes da cultura local.
post scriptum: num dos primeiros posts do Colina Sagra, em 2005, dizia que tinha perdido as esperanças de ver o 24 de Junho na televisão (não que daí lhe venha o reconhecimento, está claro...). Hoje tenho ainda mais certezas. Nem precisava de um directo como as inefáveis marchas de Santo António. Bastava um apontamento num qualquer noticiário em que, pelo menos, se desse relevância à data. Não vale a pena: só os vimaranenses comemoram o dia de Portugal. O resto do país entretém-se com um feriado fascista que assinala a hipotética morte de Camões.
11 reacções:
E o que é que se passou em 2005 para, na tua opinião, Fernando Alberto não merecer a medalha?
Com Fernando Alberto nada. 2005 foi o ano em que foi negada a medalha a Jorge Sampaio.
Fernando Alberto fez coisas por Guimarães, foi uma personagem relevante da sua geração, ainda que não partilhe com ele nada mais além de Guimarães e da paixão pelo Vitória.
Então, só porque o PSD fez o que fez (e mal) o PS deveria responder na mesma linha? "Ora toma lá para aprenderes"...
PS (no caso, post sriptum): é a valsinha das medalhas. "Nunca vi pátria assim, pequena e com tantos peitos", canta o Rui Veloso/Carlos Tê
Não sou contra as medalhas. Entendo que é, por um lado, uma forma de retribuição a contributos importantes para que Guimarães seja hoje a cidade que é (o caso de Távora é um excelente exemplo), e também, assumi-lo, uma forma de promoção da cidade ao homenagear figuras de âmbito nacional.
Não se trata de vingança. Trata-se de mdemória, que é um bem essencial em política, embora a estejamos muitas vezes a perder.
E por causa da memória pagamos na mesma moeda!Pode dar-se o nome que quiser mas isso é simplesmente a velha lei de Talião de olho por olho dente por dente!
Quem quer mostrar que vale mais que os seus adversários não lhes imita os erros, mostra-se superior a eles!
uma coisa é memória. outra é ressabianço. e a réstea minúscula de nobreza que há na política vê-se em actos de não ressabianço como este. o fernando alberto, pelo que fez e pela convicção e rectidão com que o fez, bem a merece. isto digo eu, que sou bem de esquerda.
O Dr. Fernando Alberto é um verdadeiro social-democrata, nada igual aos modernos, e sobretudo um grande vimaranense, concorde-se ou não com o que diz e faz. Além disso é leal, frontal e probo em política, coisa rara nos tempos que correm em que tudo se vende e tudo se troca.
Gosta de Guimarães e por Guimarães aceita correr riscos e ser por vezes inconveniente. O reconhecimento do município é justo. Mais ainda vindo de uma câmara socialista, ou seja do mesmo PS que um dia na assembleia municipal lhe chamou "cadáver político" sem que os altos responsáveis do partido se distanciassem e se retratassem. Só agora, muitos anos depois, o erro começa a ser reparado. Mas vale mais tarde...
Igreja Velha
Samuel,
24 de Junho não é o dia de Portugal. O dia de Portugal é o da Assinatura do Tratado de Zamora...
Não vale a pena: só os vimaranenses comemoram o dia de Portugal. O resto do país entretém-se com um feriado fascista que assinala a hipotética morte de Camões.
sois os maiores. Porque raio fui parido em Sintra. Que pena ( não o palácio)
"Foge cão que te fazem barão..."
manuela leite
Fazer do Dia de Portugal o do tratado de Zamora era embarcar num legalismo contrário aos valores que marcaram o nascimento da Nação.
Mas de qualquer das formas o dia é já feriado, por republicanas razões.
Enviar um comentário