Grande negócio para os Casinos ou a falta de vergonha nas instituições do Estado

«António Nunes, presidente da Autoridade de Segurança
Alimentar e Económica (ASAE), uma das entidades que irá fiscalizar a aplicação
da lei que proibe o fumo em espaços fechados de utilização pública, foi
fotografado pelo Diário de Notícias (DN) a fumar uma cigarrilha no Casino do
Estoril às 02.30 da manhã do dia 1 de Janeiro. Em explicações ao DN, António
Nunes considerou que a nova lei "não proíbe expressamente o tabaco nos casinos e
nas salas de jogos", justificando com a existência de um conflito de interesses
com a lei do jogo, que contudo, não faz qualquer referência ao consumo de
tabaco.» [
Jornal de Notícias]
Segundo o líder da ASAE, pode-se fumar nos Casinos, embora haja um conflito com a Lei. É uma espécie de remake do argumento de Marcelo Rebelo de Sousa em relação ao aborto, parodiado pelos Gato Fedorento.

A ser assim, os Casinos vão ter uma grande explosão de clientela em 2008. A constestação que se percebe que a lei vai tendo significa que muitos portugueses querem continuar a fumar, especialmente em espaços de diversão nocturna. Se os Casinos estão acima da Lei, parece-me um bom motivo para os fumadores os passarem a frequentar.

Uma nota sobre o DN: É jornalismo perseguir o líder da ASAE ao local onde festejou o Ano Novo para o papparaziar? O que o DN fez é legal. Mas será moral?

via
Avenida Central

3 reacções:

Riot | 18:54

O grande mal de toda esta história nem está no facto desse sujeito ter sido apanhado a fumar na madrugada de 1 de Janeiro. A própria ASAE anunciou um período de "tolerância" para as primeiras horas do ano. Errar é humano, e o homem...errou. E era simplesmente isto que António Nunes deveria ter dito.

Mas não. Refugiou-se na mentira. Ou então pura e simplesmente desconhece a lei, aplicada e fiscalizada pelo organismo que ele próprio tutela. Nem sei o que será pior.

Em que medida é que um casino poderia ter critérios diferentes de um café ou restaurante? Só se a diferença estiver no recheio das carteiras dos clientes...

Conclui-se, então, que estão presentes motivos mais do que suficientes para ser apresentada a demissão do cargo.

Não por cá, obviamente. O ano é novo, mas a mentalidade é a mesma.

António Amaro das Neves | 19:27

Não me parece que a fotografia tenha qualquer coisa de imoral ou pouco ético e não me parece que outros jornais, por mais contidos que sejam em relação a questões que se prendam com possíveis intromissões no foro íntimo de qualquer um recusasse a sua publicação. Acontece que o boneco do DN carrega uma iniludível ironia. Aquele senhor é o principal responsável da ASAE, caramba!, a entidade que tem estado tão na berra por força do mediatismo das suas acções, por vezes controversas, de controlo da conformidade com a normas legais, algumas delas absurdas, por parte de estabelecimentos abertos ao público. E é, note-se bem até onde vai a ironia, a entidade que aquele senhor tutela que vai zelar pelo respeito da lei anti-tabágica.


É por isto que não tenho dúvidas que o DN teve uma caixa magnífica com esta fotografia. Uma figura pública, em lugar público, a violar a lei, além de um mau exemplo, pode ser notícia. Ainda mais o será se a figura pública tem especiais responsabilidades no que toca à vigilância da lei que está a violar.

(A interpretação da lei em que o homem se refugiou é surreal. Não mais do que desculpas esfarrapadas de mau pagador. Ou, como bem prega Frei Tomás...)

aL | 23:41

Tanto parece ter interesse que todos os jornais e Tv acompanharam o "caso". Quanto à ética não me parece q vá de encontro a nada, para além de não ter a certeza que o fotógrafo do DN lá foi para ver se apanhava o presidente da ASAE a fumar.
Quanto ao resto, sublinho a óbvia opinião envergonhada da maioria..

um abraço