5 projectos: A Veiga de Creixomil e a Plataforma de Silvares (II)

De todas as propostas apresentadas, aquela que mais me interessou foi a da Veiga de Creixomil, juntamente com a criação da chamada nova centralidade de Silvares. Achei-a mais interessante, por explorar mais do que as opções de desenho e por ser um projecto de urbanismo mais completo.

Trata-se de uma zona sensível e que está classificada no PDM como “Zona de Salvaguarda Estrita” e que, tendo em conta o respectivo Regulamento incluem as “áreas de reserva agrícola nacional, reserva ecológica nacional e zonas non aedificandi legalmente estabelecidas.”

Têm sido muito debatidos os possíveis impactos que a intervenção poderá criar, particularmente a criação de um lago artificial. Não entendo que, das opções apresentadas, haja impactos críticos negativos para o Ambiente. A proposta respeita, na generalidade, a matriz original do sítio, propondo-se a regeneração das edificações e estruturas existentes, que são maioritariamente de apoio agrícola. O sítio será ainda beneficiado com outro tipo de valências, o que poderá aumentar o potencial de fruição do espaço.

Não entendo que, das opções apresentadas, haja impactos críticos negativos para
o Ambiente. A proposta respeita, na generalidade, a matriz original do sítio,
propondo-se a regeneração das edificações e estruturas existentes, que são
maioritariamente de apoio agrícola.


A utilização agrícola do sítio será mantida, sendo positiva a ideia de revitalização do seu universo agrícola, indo ao encontro das ideias de “hortas urbanas” defendidas pelo arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles. Esta é uma zona originalmente de aluvião, daí a elevada e rica fertilidade dos solos e o grande potencial agrícola.

Por outro lado, é também uma área de grande pressão urbanística, sendo primordial que se criem condições de salvaguarda e compromisso, evitando a actual estrutura fundiária e soluções do tipo das que estão a ser implementadas junto à igreja de Creixomil.

Quanto ao polémico lago, não julgo que se trate de uma alteração nociva e negligente, embora entenda o arrojo da proposta. A Veiga já é uma zona de cheia e facilmente inundável, por ali passar a linha de água. Embora não seja claro na leitura da descrição do projecto, o lago será criado a partir de repressão das águas da ribeira, onde confluem todas as águas a montante desta bacia. Por isso, o lago será alimentado pela “drenagem natural das linhas de água”.

Percebo esta solução como um aproveitamento do recurso água, havendo várias vantagens que dele se poderão tirar. O lago poderá ser utilizado para controlar do caudal da ribeira, evitando as cheias no centro da cidade, por exemplo. Poderá ainda funcionar como uma importante reserva de água, para a manutenção de toda a área, sendo importante para a sustentabilidade da proposta. Importa ter em conta que a actividade agrícola, assim como os espaços verdes urbanos são os maiores consumidores de água.

Dois aspectos que importa ter em conta: primeiro, é fundamental a total despoluição das linhas de água a montante; segundo, importa perceber como é que a retenção das águas afectarão os equilíbrios naturais do curso de água a jusante, nomeadamente ao nível do transporte de sedimentos do leito da ribeira.

Contrariamente ao que se passa no Parque da Cidade, toda a área da Veiga tem a virtualidade de facilmente ser integrada na envolvente, na medida em que poderá ser utilizada como atravessamento, ganhando o eixo Silvares-Centro da Cidade um novo protagonismo. No entanto, esta extensa área deveria ter uma utilização o mais constante possível ao longo do dia e não só a determinadas horas – usos agrícola e os equipamentos não serão suficientes. Talvez fosse importante considerar zonas destinadas a habitação de baixa densidade.

Dois aspectos que importa ter em conta: primeiro, é fundamental a total
despoluição das linhas de água a montante; segundo, importa perceber como é que
a retenção das águas afectarão os equilíbrios naturais do curso de água a
jusante, nomeadamente ao nível do transporte de sedimentos do leito da ribeira.

Não sendo uma zona permanentemente habitada, apenas utilizada durante determinadas horas do dia, coloca-se o problema da “segurança passiva” do sítio. Este conceito refere-se à vigilância “informal” da área. Ao permitir a utilização permanente do espaço, garante-se mais facilmente que o mesmo esteja a ser vigiado. Esta sensação de não abandono poderá evitar comportamentos de vandalismo, agressões, violações, etc., fenómenos que são recorrentes nos grandes parques urbanos. Este conceito de “segurança passiva” foi introduzido por Jane Jacobs no livro “The Death and Life of Great American Cities” no início dos anos 60.
Paulo Dumas: Cidades Invisíveis

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