5 projectos: A Veiga de Creixomil e a Plataforma de Silvares
A apresentação de cinco propostas de intervenção urbanística para cidade de Guimarães provocou uma discussão sem precedentes em torno de aspectos relacionados com o urbanismo e com o desenvolvimento de uma cidade em concreto.
Não é nada tradicional em Portugal o debate alargado em torno de questões que se prendem com a cidade e com a afinidade dos cidadãos relativamente a alguns dos seus espaços. Por exemplo, até aqui sabia-se, de forma mais ou menos tácita, que o Toural tinha uma elevada carga emblemática para os vimaranenses. Esse carinho pela cidade, ou por algumas partes da cidade, nunca terá sido tão vincado como nos últimos meses.
Projectar uma intervenção numa parte da cidade é seguramente uma opção que se
afasta da falta de planeamento característica do país e particularmente da
região do Vale do Ave, que vem consistindo numa ocupação dispersa ao longo das
vias, cuja dimensão deixa de ser ajustada aos novos usos para os quais não foi
planeada.
Este é um avanço bastante significativo na forma de olhar e tratar o nosso território. É uma mudança notável, que contrasta com a forma espontânea de organização do território que o país vem sofrendo, de comprometimento e de descaracterização da paisagem. Projectar uma intervenção numa parte da cidade é seguramente uma opção que se afasta da falta de planeamento característica do país e particularmente da região do Vale do Ave, que vem consistindo numa ocupação dispersa ao longo das vias, cuja dimensão deixa de ser ajustada aos novos usos para os quais não foi planeada, criando por isso estrangulamentos e elevados custos de infra-estruturação, que são consequência deste tipo de ocupação.
Guimarães pode estar na vanguarda no que ao tratamento do seu território diz respeito. Não será difícil de acreditar que, daqui a dez anos, estejamos orgulhosos pela dimensão futurista e cosmopolita entretanto adquirida pela cidade, tal qual estamos hoje orgulhosos pelo título de cidade Património da Humanidade, após um trabalho notável ao nível do património histórico. Já houve quem me dissesse que Guimarães era a cidade mais europeia que conhecia. Fiquei orgulhoso, claro.
Guimarães pode estar na vanguarda no que ao tratamento do seu território diz
respeito. Não será difícil de acreditar que, daqui a dez anos, estejamos
orgulhosos pela dimensão futurista e cosmopolita entretanto adquirida pela
cidade.
A abordagem que se tenta agora fazer às opções de desenvolvimento, partindo de intervenções no território, deverá ter sido precedida de uma outra de âmbito mais abrangente, alargada aos limites do concelho e além dele. Esta abordagem macro deverá estar a ser feita, nomeadamente, no processo de revisão do Plano Director Municipal (PDM) e na elaboração do Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT). Este tipo de análise tem um carácter mais abstracto e técnico. É aborrecida por ser de difícil tradução em imagens virtuais, que todos percebam, como foram estas cinco propostas apresentadas.
O facto de não se conhecer uma estratégia para a globalidade do concelho e a suas relações com a região, não significa que essa estratégia não exista. Será portanto de considerar que as cinco propostas de intervenção se enquadrem nessa estratégia mais alargada. Por exemplo, ao nível dos transportes, a proposta para a Veiga de Creixomil deve integrar-se numa estratégia de mobilidade alargada não só ao concelho, mas a toda a região, envolvendo vários modos de transporte para além do ferroviário. O sector da mobilidade na região será dos que mais fragilidades apresenta.
Paulo Dumas: Cidades Invisíveis
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