Bolonha: “Isto é um assalto!”
Com o acerto a que nos vai habituando, o Victor Ferreira publica no obrigatório (quando actualizado...) Prometeu um texto que espelha bem a lamentável realidade que se tem revelado a transição para Bolonha nas universidades nacionais.
Diz o Victor : “O famigerado processo de Bolonha revela-se cada vez mais um subterfúgio para o Estado dar a golpada financeira no ensino superior público. A dimensão da fraude torna-se evidente, à medida que os cursos vão sendo reformulados.” A “escandaleira”, como lhe chama, está num “aumento desproporcionado e injustificado de propinas” (de 940 para 1375 euros, ou seja, um aumento de quase 50%).
Em Comunicação Social, no Minho – o meu curso e do Victor – a situação atinge contornos a roçar o ridículo, algo para que eu já alertava em Setembro, no post scriptum a este artigo. É que o curso devia terminar em Janeiro, havendo até lá três meses e meio mais de formação. Mas de repente estamos todos em estágio e os três meses e 5º ano foram substituídos por uma semana e meia de seminários – dos quais 50% foram uma espécie de brincadeira.
Façamos as contas: a diferença pelo “valor acrescentado” do “mestrado” é paga pelos 435 euros a mais de propinas pagos este ano. Dado que o “mestrado” se reduziu a seis sessões, dá uma média de 72,5 euros por aula. Um luxo!
2 reacções:
Caro Samuel Silva, não vou comentar o que refere relativamente ao valor das propinas, porque julgo que conhece a posição do Instituto de Ciências Sociais, onde o mestrado está sedeado.
Relativamente à avaliação que faz do ano lectivo, e independentemente do seu juízo acerca dos sete ou oito seminários que ocorreram em Outubro, creio que há um equívoco da sua parte. De facto, no plano de formação do 2º ciclo faz parte um estágio curricular no primeiro semestre e a redacção da tese no segundo.
Como concordará, a experiência do estágio - que poucas universidades inscrevem no seu currículo - não é algo exterior ao curso, mas uma unidade curricular feita no exterior da UM mas conseguida com um esforço muito grande da UM (e creio que todos beneficiam com isso). E a redacção da tese constitui outra unidade curricular que irá ocupar o segundo semestre, sob a orientação de docentes da UM.
Não parece, pois, justo, reduzir o seu último ano a uns seminários para os quais não viu, aparentemente, grande importância.
Caro professor,
conheço bem a posição do ICS e o meu desacordo é com a universidade no seu todo (com a Reitoria como principal responsável pela situação).
A questão que se coloca é que o estágio curricular (valioso, não o nego) existia já no anteiror modelo de licenciatura, pelo que se afigura incompreensível pagar esta diferença por algo a que já tinha direito.
Quanto aos seminários, e descontando as excelentes presenças de Diana Andringa e Carlos Coelho, as sessões primaram pelo desinteresse. Mas bem sei o quão dificil foi o trabalho do Departamento para fazer tanto em tão curto espaço de tempo.
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