Creixomil e Silvares

Conheça o projecto

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Fazer crescer a cidade. Guimarães mostra ambição de se tornar uma cidade maior, com sustentabilidade no seu crescimento. Integrar Creixomil e Silvares na cidade e projectar a absorção de Pevidém estabelecem claramente os caminhos do crescimento e afirmação da cidade.

A ideia de Silvares como porta da cidade começa a ganhar forma. Dinamizá-la e valorizá-la são soluções que me merecem elogios. O projecto de criação de um grande parque de lazer consubstancia aquilo que tem sido a aposta camarária na criação de espaços verdes que contribuem para a qualidade de vida em Guimarães. O projecto prevê que se dê visibilidade à ponte românica sobre o rio Selho (valorizar o património é o caminho) e cria uma horta pedagógica e um centro de sensibilização ambiental que são instrumentos valiosos para a formação de gerações e que podem ser potenciados turisticamente.

O projecto prevê ainda a construção futura de uma estrutura cultural – à boleia de 2012 – e de duas “torres balizadoras do grande acontecimento”. O futuro museu será uma das heranças que a Capital da Cultura deixará para o futuro, o que se saúda. Quanto às duas torres, salvaguardando o impacto visual que podem ter, podem ser aproveitadas para que a afirmação de Guimarães em termos arquitectónicos de faça não apenas pelo mérito da sua recuperação como pelo modernidade de futuras propostas.

A criação de um centro de negócios e de um hotel no espaço contíguo ao da Veiga demonstra mais uma vez que Guimarães não se quer ser apenas turismo. Além de abrir as portas para que eventos de grande dimensão continuem a ter lugar no concelho bem como para a atracção de investimentos.


Sinal –

O exlibris do projecto para a Veiga de Creixomil é o grande lago de oito hectares. A ideia, diz-se, é aproveitar os cursos de água que passam pela Veiga. Mas entre esses cursos de água está o Selho – e dentro dele o Couros e a ribeira de Sta. Luzia – que são cursos de água altamente poluídos. Tal como disse acerca do CampUrbis, se a ideia é dar valor ao rio, há que recuperá-lo a montante. E nesse campo os últimos anos têm sido pouco mais do que negros – ás vezes literalmente.

Além do mais, numa altura em que o mundo vai discutindo aquilo que a falta de água pode significar no médio prazo para a sustentabilidade de algumas populações, olhar para a água como um meio de lazer e diversão puros é, no mínimo, incauto.

Por muito que se prometa que a Veiga vai mudar de face “sem sobressaltos” e que manterá a ideia de “horta da cidade”, a verdade é que a pressão urbana sobre aquele espaço tem que ser gerida “com pinças”. Criar equipamentos que vão inevitavelmente atrair muito mais gente e a possibilidade de, numa segunda fase, esses mesmos equipamentos servirem como motivação para uma posterior pressão imobiliária sobre aquela zona. Defender a Veiga dessa situação tem que ser uma preocupação primordial.

Fazer crescer a cidade para sul é a aposta da autarquia – com vantagens e desvantagens. Mas para isso será necessário renovar as ligações rodoviárias não só às freguesias que parecem cada vez mais próximas da integração na malha urbana – Creixomil, Silvares, mas também Pevidém –, bem como àquelas que ficarão nas imediações das novas fronteiras vimaranenses, particularmente às vilas. E essa melhoria das ligações viárias permitiria o mais que urgente reforço dos transportes públicos para estas localidades.

O projecto para Creixomil e Silvares contempla a possibilidade de extensão da linha de comboio e a construção de um mini metro naquele espaço. A ideia é boa, mas levanta mais dúvidas do que certezas. O mini metro parte de onde para onde? Olhando para o projecto parece haver o risco de se tornar uma espécie de “comboio panorâmico”. E para “elefantes brancos” chegou o teleférico aqui há uns anos.

Além disso, projectar a ligação ferroviária para a Veiga pode ser um erro político. A prioridade da ligação ferroviária tem que ser a ligação a Braga – a Universidade e a futura estação de Alta Velocidade na cidade vizinha são motivos de sobra para essa aposta. A menos que se queira chegar a Braga pelo lado de Brito e Ronfe – que chegou a ser um projecto nos inícios do século XX – mas essa opção excluía da ligação o campus da UM de Azurém e as Taipas (e o AvePark) que têm que ser prioritários.

A autarquia promete criar uma ciclovia de acesso à Veiga. Valerá a pena a aposta? É que Guimarães nunca foi capaz de valorizar devidamente a ciclovia que tem.

A autarquia permite-lhe deixar a sua opinião aqui.

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