Frases
"A Câmara de Guimarães vai continuar a fazer obra para os vimaranenses e a obrar para vossa excelência".O presidente da câmara, António Magalhães, dirigindo-se ao deputado do PCP João Salgado Almeida.
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7 reacções:
E o que foi dito pelo deputado João Salgado Almeida, que é um poeta com créditos firmados , e portanto, habituado ao uso da palavra nas suas múltiplas significações? Presumo que terá usado, algures, a expressão “obrar”, mas tenho dúvidas que a tenha utilizado no sentido que o senhor presidente da Câmara lhe deu. Ou será que, pelo facto de a palavra obrar, que significa, antes de mais, “fazer obra”, se deve deixar de usar, apenas porque tem um outro significado, de sentido escatológico?
Para obrar encontro os seguintes significados:
1. (transitivo directo) Converter em outra obra; fazer, construir, executar, realizar.
2. (transitivo directo) Urdir, maquinar, compor, causar.
3. (transitivo directo) Construir, fabricar, edificar.
4. (transitivo directo) Tramar.
5. (transitivo directo) Proceder, actuar.
6. (transitivo indirecto) e (intransitivo) Agir; executar um trabalho; praticar uma acção.
7. (intransitivo) Evacuar, defecar, exaustar.
Pela transcrição que faz aqui, que tomo como fiel, percebo que o sr. Presidente da Câmara utilizou a palavra obrar com o 7.º significado indicado acima, o que, na minha opinião, corresponde a uma descida ao grau zero da decência no debate político. Sem saber exactamente qual o contexto, lembro que esta não é a primeira vez que o dr. Magalhães provoca uma tempestade em copo de água, apenas porque faz uma leitura muito própria de palavras utilizadas por terceiros. Recordo-me do quase linchamento de Álvaro Domingues, a propósito de uma leitura retorcida da expressão “cidade ordinária”em que só faltou dizer que ordinária era a mãe do conceituado geógrafo.
Não me parece que seja assim que se credibilizam os políticos e a política.
"A Câmara não pode continuar a obrar onde a procissão passa."
"Em nosso entender, os desafios para a cidade e para o concelho, tendo por base o futuro próximo e a recorrente CEC2012, deveriam incidir onde de facto importa (...) Por isso dizemos, obrar onde passa a procissão, reescrevendo de forma artificial o rosto da cidade, é seguramente mais fácil e dá mais nas vistas, mas adia o que precisa de ser resolvido (...)"
João Salgado Almeida dixit, Assembleia Municipal de Guimarães, 10 de Maio de 2010
Portanto, como suspeitava, o Dr. Magalhães terá ouvido aquilo que não foi dito. O deputado municipal flava claramente de fazer obras que dão nas vistas e que adiam o que, no entender do orador, precisaria de ser resolvido. Concorde-se ou não, é uma opinião legítima, que não tem nada de ofensivo, a que o senhor presidente entendeu responder afirmando que a Câmara se estava a c*g*r para o deputado. Confrangedor e lamentável.
É uma opinião com trocadilho. Foi essa mesma percepção na altura em que o deputado fez a sua intervenção. E António Magalhães referiu-se a um texto do Povo de Guimarães em que João Salgado Almeida terá usado uma mesma expressão que repetiu no seu discurso.
Um trocadalho do carilho...
Não há na frase de Magalhães nenhum trocadilho. É um insulto directo e objectivo, não há segundas leituras.Pergunto: não será caso para por o Magalhães em tribunal ou já se pode mandar à merda, impunemente, um deputado municipal
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