Sobre o Programa Cultural G12

Como disse em artigo anterior, o Plano Estratégico da Guimarães 2012 fala menos de Cultura do que à partida seria expectável. Sobre o que será a programação cultural do evento, levanta pouco o véu. Mas ainda assim demonstra alguns dos caminhos por onde se deverá ir. Este é “um programa em clusters”. E, segundo o documento, serão quatro os nichos: Cidade, Comunidade, Pensamento, Arte.

O documento promete mais uma vez que o programa “terá em conta as estruturas e manifestações culturais da comunidade, conferindo-lhes visibilidade e integrando-os na programação especial do evento”. Novidade: núcleo central da programação será orientado por autores seniores com o estatuto de consultores, aos quais competirá identificar os projectos-âncora do evento.

São também definidos 12 pressupostos de programação, entre os quais destacado a articulação privilegiada com a Universidade do Minho, aposta em eventos para uma pluralidade de públicos, projectos originais e uma componente formativa e experimental. Prevê-se também a possibilidade de acolher projectos não solicitados e valoriza-se a apresentação de eventos em ambientes inusitados, especialmente no espaço urbano.

Na área Cidade, vai valorizar-se a Economia Criativa, os Espaços Públicos, a Memória e Paisagem e o Turismo Cultural. Na vertente comunidade serão reforçadas as redes de parcerias, o voluntariado, o envolvimento das escolas e o envolvimento da comunidade.

Centro-me na vertente Arte. Há quatro áreas de programação definidas: Artes Visuais, Artes Performativas, Música e Cinema e Multimédia. Livros e Literatura não merecem sequer uma referência, o que é estranho. E centram-se muitas das orientações em artes tecnológicas, em vez das artes clássicas.

De resto, não são dadas grandes novidades quanto à programação, além da proposta de um festival internacional de artes digitais, que já constava da candidatura validada por Bruxelas. Mas não surgem os restantes eventos propostos nesse documento, o que não deixa de ser assinalável.

Sobre as associações locais, referências breves a instituições óbvias: UM, a ESAP, Laboratório das Artes, Academia Valentim Moreira de Sá e Cineclube e os festivais Gil Vicente e Guimarães Jazz. Há quem olhe para isto como um conhecimento profundo da realidade local. A mim parece-me pouco mais do que superficial.

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