Do Plano Estratégico
Consegui ter tempo para ler com calma o Plano Estratégico apresentado pela Fundação Cidade de Guimarães. Centrei-me mais na questão da programação cultural, embora o documento não o faça. Aliás, o documento não é, em grande parte, dedicado à Cultura no sentido estrito.
Acho que a originalidade da Guimarães 2012 pode ser essa mesma. E não é uma crítica. Acho mesmo que é um dos seus pontos fortes. Na cidade em que vivemos, com os problemas que todos conhecemos, os planos de regeneração económica e social através da criatividade são uma aposta arrojada, ambiciosa e acertada. Só espero que seja bem sucedida.
No entanto, isso não me impede de ter um olhar crítico sobre o que li. Parece-me nesse aspecto uma proposta genérica, que podia ser utilizada numa outra qualquer cidade da nossa dimensão. Pode ser parte da ambição do plano estratégico em ser exportado, mas não deixa de ser um obstáculo para uma Capital da Cultura feita numa cidade com tantas idiossincrasias.
O documento está também pejado de clichés modernitos (palavra com direitos autorais, suponho). “Sustentabilidade económica”, “responsabilidade social”, “boas práticas de governo”, “direitos humanos”, “eficiência energética” e até “alterações climatéricas” são termos caros à tecnocracia, mas dispensáveis num documento de âmbito cultural. Estranhei até que não surgisse uma ou outra vez a expressão “pró-actividade”, que costuma sair das mesmas bocas que as restantes em discursos públicos.
No mais retive duas frases que me parecem ser a chave para compreender a ambição da Fundação Cidade de Guimarães e para manter esperanças que a CEC seja de facto o sucesso que todos desejamos. Por um lado, a ambição. “Guimarães 2012 pode e deve constituir-se como modelo de desenvolvimento para outras cidades europeias de dimensão semelhante ao optar por um processo de regeneração suportado num modelo estratégico: cultural-led urban regenaration”.
E por outro a promessa que responde aos anseios que tenho conhecido em muitos vimaranenses e nas associações do concelho: “A programação da Guimarães 20120 vai envolver todos os agentes e habitantes da cidade nos diferentes programas e projectos e apostar numa cultura urbana que concilie as práticas de planeamento e gestão públicas das cidades com as expectativas de cada cidadão”.
3 reacções:
É pena o documento não estar disponível para o público em geral, tornando-o acessível do comum dos vimaranenses (na net, por exemplo). Até o ler, é difícil ter opinião segura sobre o assunto.
Aliás, parece-me que este artigo e o seguinte são os mais completos dos publicados até ao momento sobre o conteúdo do programa.
De facto, não estão. Eu já tinha feito o download das linhas orientadoras para o serviço educativo e hoje voltei ao site e nem isso consigo encontrar. Passa-se algo estranho.
O compromisso da Cristina Azevedo ontem no debate na SMS foi de que o Plano será publicado em breve. Ficamos a aguardar.
É apenas mais uma das muitas mentiras ditas pela Srª Presidente.
Além de ser confrangedor uma capital europeia da cultura ter um site que nas notícias avança que em Outubro se realiza o Fórum Guimarães(Outubro está certo só que foi em 2009); uma notícia que diz que ontem foi apresentado o plano para o serviço educativo (ontem para a CEC significa 29 de Setembro de 2009).
Também me disseram que a senhora presidente terá dito ontem, dia 8 de Janeiro de 2010 - assim não cometo o mesmo erro que aponto aos outros, que a informação estava toda no site e que também estavam no site todos os nomes e contactos da actual estrutura da Fundação Cidade de Guimarães.
É TUDO MENTIRA e, mais grave que isso, é uma mentira que é dita em público e onde terá estado o Presidente da Câmara e umas dezenas de interessados no assunto em questão.
Mas há mais mentiras, muitas mais mentiras que, hipocritamente, vão sendo ditas e que se torna urgente desmascarar.
O medo de perder os milhões não pode fazer com que todos continuemos calados para que não nos aconteça o que Michael J. Fox afirma acerca da dignidade:
“A dignidade de uma pessoa pode ser atacada, vandalizada, cruelmente posta a ridículo, mas não pode ser-lhe tirada, a menos que a ela renuncie.”
Não renunciemos à nossa dignidade.
Eu não vou renunciar! Prometo!
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