O problema das tarefeiras


Fotografia da sessão da Assembleia Municipal de dia 21, do Guimarães Digital.

Se houve tema que marcou a última Assembleia Municipal, realizada nos dias 21 e 22 deste mês, foi o concurso para 48 lugares de Assistentes Operacionais (Auxiliares de Acção Educativa). O assunto não é novo, tendo já motivado vários protestos, reclamações, uma petição e notícias em órgãos de comunicação locais e nacionais. No entanto, esta foi a primeira vez que foi tratado no plano político, tendo a Câmara sido questionada pela oposição e pelo público sobre este problema.

A história pode ser explicada aqui: há mais de 15 anos que trabalham nas escolas do nosso concelho trabalhadoras, a desempenharem funções de tarefeiras, sem qualquer contrato de trabalho. No ano passado, o Ministério da Educação transferiu para as Autarquias a responsabilidade na contratação e gestão do pessoal não docente nas escolas, passando a responsabilidade destas trabalhadores precários para a Câmara Municipal de Guimarães.

A Autarquia decidiu resolver o problema lançando um concurso público para os 48 postos de trabalho em causa, que passariam a ter um contrato de trabalho e a integrar o mapa de assalariados da Câmara. Esse concurso foi publicado em Diário da República de 4 de Maio deste ano, denominado por "Aviso n.º 8973/2009". Segundo o que aqui se encontra publicado, a ordenação final dos candidatos seria dada pela seguinte fórmula: 50% da cotação para uma prova escrita sobre legislação a realizar e outros 50% para a avaliação psicológica a fazer aos candidatos (alínea 12, ponto A, número 2, b, ou na coluna da direita da página 96 do DR). Esta avaliação psicológica pretendia "avaliar se, e em que medida, os candidatos dispõem das restantes competências exigíveis ao exercício, da função".

As senhoras que até este momento tinham estado a trabalhar nestas funções apresentaram-se todas a concurso, no meio de 1511 candidatos. Realizaram a dita prova no dia 11 de Junho e no dia 19 do mesmo mês é publicado o pequeno Aviso n.º 11151/2009 no Diário da República (página 124). O que diz esse aviso?


Para os devidos efeitos se torna público que por despacho do Vereador de Pessoal, datado de 1 de Junho de 2009, no uso de competências (...), foi determinado a aplicação de um único método de selecção — Prova Escrita de Conhecimentos a todos os candidatos ao procedimento concursal para 48 postos de trabalho para a carreira de Assistente Operacional (Auxiliar de Acção Educativa), aberto por aviso publicado na 2.ª série do DR, de 4 de Maio de 2009, devido ao elevado número de candidatos ao procedimento concursal e os postos de trabalhado terem de estar preenchidos aquando do início do ano lectivo 2009/2010. 

Ou seja, para facilitar a selecção alteram-se os critérios já com o concurso a decorrer. Ao que pude apurar, não há qualquer ilegalidade no procedimento da Câmara. O que há é uma enorme injustiça para com quem dedicou tantos anos da sua vida à escola pública e que, reforce-se, para facilitar, viu-se severamente prejudicada neste processo. Tão prejudicada que, no meio de todos os candidatos, nenhuma foi seleccionada, apesar de terem conseguido notas claramente positivas na prova escrita.


As tarefeiras em protesto, fotografia do Guimarães Digital.

Acontece que estas funcionárias desempenham funções muito específicas nas escolas, em particular nas Unidades de Apoio Especializado à Multideficiência, onde trabalham com crianças com deficiências profundas, incapazes de se moverem e de comunicar, na higiene e alimentação (entre outras) das mesmas, que são extremamente sensíveis a qualquer mudança na sua proximidade. Pelo que pude apurar, fazem-no com enorme brio e profissionalismo, havendo uma grande satisfação em todos os que lidam com estas crianças pelo seu trabalho. Aliás, já foi no ano passado tentada a substituição nestas funções destas tarefeiras (que trabalham com as crianças há vários anos) por outras e o resultado foi desastroso.

A Câmara Municipal de Guimarães fez com que estas tarefeiras ficassem sem o seu trabalho, sem direito a subsídio de desemprego e com as suas perspectivas futuras altamente comprometidas. Foi tudo legal, já sabemos, mas foi muitíssimo injusto.

16 reacções:

João Martins | 17:46

Então, no entender do cronista, o que deveria ter feito a CMG?

Anónimo | 20:20

Para João Martins
Sabendo a Câmara Municipal que os agrupamentos escolares já há vários anos vinham incorrendo em ilegalidade (por isso não assumiu a responsabilidade). Estas tarefeiras tem um contracto de prestação de serviços com os agrupamentos e por interposto com a DREN (Ministério da Educação), renovado todos os anos, esta situação ao fim de três anos deveria ter sido resolvida, ou era promovido um concurso pelo Ministério da Educação, ou então despediam as tarefeiras, o que não aconteceu. Em suma, são unânimes os pareceres de organismos, instituições e sindicatos que apontam que a situação devia ter sido resolvida ao fim de três anos. Contudo esta situação interessava a todos os envolvidos com excepção das tarefeiras.
Neste Contexto é minha convicção que devia ter alertado os respectivos agrupamentos para a necessidade de resolver a situação das tarefeiras antes da transição da tutela do Ministério da Educação para a Autarquia, aliás essa questão deveria ter sido inclusive, um dos pontos de negociação da Autarquia com o Ministério, visto que a Câmara Municipal na qualidade de representante dos cidadãos, tem a grande responsabilidade de zelar pelos seus interesses.
Paulo Pereira

Tiago Laranjeiro | 21:50

Para além do que diz o Anónimo, teria sido possível a Câmara ter em atenção a situação destas tarefeiras dando relevo ao currículo e à experiência profissional na área.

Pelo que me disseram, a Câmara de Lisboa encontrou uma solução para continuar com as trabalhadoras que tinha.

Feliz Natal.

Paulo Lopes Silva | 21:04

A Câmara recebeu um processo de forma acelerada como uma bomba que nos cai nas mãos. Com os braços que tinha fez os possíveis para manter a situação no decorrer de um ano lectivo. Achar que a prioridade nessa transição deveriam ter sido as negociações de uma situação ilegal, é olhar só e apenas para o próprio umbigo, quando havia tanto a resolver.

Sr. Paulo Pereira, admitindo que se trata da mesma pessoa que falou na última Assembleia Municipal deixe-me que lhe diga: ninguém, nem Câmara, nem Bancada Parlamentar do PS a quem se dirigiu, nem certamente qualquer outro partido com representação naquela Assembleia, fica indiferente a uma situação em que de repente 48 pessoas estão desempregadas. Assusta-nos a todos, e preocupa-nos. O que não pode esperar da parte de pessoas responsáveis é uma posição como a que o BE - Guimarães teve para com vocês: na ânsia de vos ter como votos num futuro próximo, decidiu atacar a Câmara quando esta não tinha culpa directa, em vez de responsavelmente vos explicar a situação, e que o concurso teve cerca de 1500 concorrentes, dos quais foram definidos, depois de conhecidos os números totais de inscritos, os critérios de desempate, ficando seleccionadas outras pessoas, por terem melhor avaliações, ficando com contractos sem termo. Situação em tudo significativamente melhor do que a precariedade em que alguns de vocês se encontravam há 5, 7, 12, 15 anos!

O vosso protesto foi, por isso, mal direccionado. A própria câmara não deverá estar contente com o desenrolar do processo. Mas a culpa não está do lado deles, nem do vosso!

O que é lamentável é que os únicos que pareceram dar-vos a mão, enganaram-vos e instrumentalizaram-nos como armas de arremesso político ao nível local.

Os melhores cumprimentos, e o desejo de que a sua situação e a de todos os outros trabalhadores tenham a melhor resolução possível no futuro mais breve.

Paulo Lopes Silva | 21:06

Tiago,

sabendo o conhecimento que tens sobre o assunto resta-me apenas lamentar esta tua afirmação:
"A Câmara Municipal de Guimarães fez com que estas tarefeiras ficassem sem o seu trabalho, sem direito a subsídio de desemprego e com as suas perspectivas futuras altamente comprometidas. "

Juntando-lhe ainda a sugestão de que a Câmara tivesse seguido o caminho da ilegalidade para resolver uma situação que deixasse toda a gente de bem. Ilegalidades para resolver ilegalidades?
Responsabilidade, Tiago!

Tiago Laranjeiro | 22:48

Só agora reparei que no meu primeiro comentário chamei Anónimo a alguém que se havia identificado. Por isso, as minhas desculpas a Paulo Pereira.

Tiago Laranjeiro | 22:52

Paulo, sabes tão bem como eu que a Câmara ter em conta a experiência profissional enquanto critério de selecção é absolutamente legal!

Paulo, a Câmara assinou com o Ministério de Educação o contrato que passava para si a responsabilidade sobre esta matéria a 16 de Setembro de 2008! Este proesso não lhes caiu nas mãos do nada! Teria ainda de passar quase um ano para ser lançado o concurso.

"Mas a culpa não está do lado deles, nem do vosso!" Então de que lado está? Atiram-se as culpas para o Ministério da Educação quando há muitos meses que este tinha cedido à Câmara autonomia na gestão do pessoal não-docente? E já agora, quem pagava o ordenado às tarefeiras? Por acaso não era a Câmara?

Paulo Lopes Silva | 01:35

E também é legal a forma como o processo decorreu. E a opção de não incluir outros critérios além do usado prendem-se com número de candidatos. 1500 para 48 lugares não é o caso?

Um processo da dimensão da transferência de poderes ser assinado em Setembro, efectivado em Janeiro e de repente tens uma(s) dezena(s) de centros escolares para gerir não é uma bomba que te cai nas mãos?

Quanto às responsabilidades, respondeste por mim

Paulo Pereira | 13:08

As Tarefeiras, O Coice da Mula e os Outros.
A ponta do icebergue. (1.ª Parte)
É uma época excelente para realizar uma profunda reflexão sobre a relação do poder político com os cidadãos. De que lado está o poder político? Temos um “poder” capaz de congregar e mobilizar os cidadãos à volta de uma causa comum, ou temos um “poder” que fragmenta, que divide a sociedade civil? Está ao serviço de todos ou ao serviço de uns quantos privilegiados a coberto de grandes projectos?
Discutimos a sociedade ideal, uma grande sociedade, inclusiva, aglutinadora, integra, honesta, solidária capaz de dar as respostas necessárias a todos os seus elementos, ou pelo menos tentar? Ao mesmo tempo somos exigentes com os responsáveis políticos, exigimos que eles cumpram as promessas que fazem, somos uma sociedade mobilizada? A causa pública é mais do que um simples emprego ou trabalho, é serviço, é um desígnio nacional em que todos os actores tem um papel e um objectivo comum, não deve ser encarada como uma senhora que faz uns favores.
Causa pública, serviço, disponibilidade! O entusiasmo passa de repente e as nuvens da tempestade abatem-se com uma violência nunca vista.
A política tem uma capacidade extraordinária; transforma os pequenos órfãos em grandes homens e vice-versa, e em órfãos novamente. Para terem a razão do seu lado, procuram-na como os garimpeiros procuram as pepitas de ouro e, se não encontram o ouro. Inventam-no.
Na última assembleia Municipal, tivemos a oportunidade de assistir o quanto é importante para os políticos juniores que aspiram um dia a ser seniores da politica, defender a camisola do partido, mesmo que saibam que aquilo que defendem está errado e não passa de pura demagogia e hipocrisia, a dor e o sofrimento humano é um alimento para as suas mentes sedentas de conflitos, estes acontecimentos permitem-lhes ensaiar o lado humano, o lado solidário, a sensibilidade, dá-lhes a oportunidade de ter um papel diferente no teatro diário da política. A insensibilidade para as questões sociais, ficou bem demonstrada pelo ar fastidioso e afirmações corriqueiras que se ouviam nos corredores!.. lá vem as tarefeiras. Grande chatice, aturar reivindicações de pessoas estúpidas, sem habilitações, que não conseguiram tirar notas acima dos 14 valores (num concurso viciado segundo, dizem as más línguas), e ainda por cima incultas, perfeitamente dispensáveis de uma sociedade modelo como é a nossa, principalmente porque há imensas licenciadas que precisam de uma colocação e está aí à porta um grande evento Guimarães Capital da Cultura, convêm se possível que até a equipa de limpeza fale pelo menos quatro línguas. Com esta realização, os vimaranenses vão ter cultura de manhã á noite, por isso até dá jeito uma taxa de desemprego elevada, dão um toque de maquilhagem e põe-nos a assistir aos espectáculos. Depois o discurso de consolação do deputado Miguel Laranjeiro em representação da Bancada Parlamentar do PS. Foi do tipo. Só lhe demos o tiro, depois morreu por ele.

Paulo Pereira | 13:19

As Tarefeiras, o coice da Mula e os Outros (2.ª parte)
Para mim, a politica só faz sentido se estiver ao lado dos cidadãos, sentindo as suas preocupações e o pulsar das suas vidas, procurando encontrar as soluções para as suas dificuldades e para os obstáculos das suas vidas, incentivando-os a lutar e a lutar ao seu lado, preocupada com o seu seu bem-estar e manter as conquistas conseguidas ao longo dos séculos, não permitir qualquer forma de subjugação, não tolerar politicas promíscuas que possam por em causa a sua liberdade e os seus direitos. Mas confrontando os cidadãos com a responsabilidade e a necessidade do empenho de todos para atingirmos os níveis de desenvolvimento e bem-estar que todos ambiciona-mos. Não é criar uma classe de subsídio – dependentes.
Este Concelho é como uma barca inclinada, mete muita água mas sempre para o mesmo lado.
Em jeito de resposta, só queria dizer o seguinte a negociação com o Ministério da Educação provavelmente não demorou um, dois ou seis meses, aliás a Câmara como disse o Dr. Domingos Bragança nem sabia da existência das tarefeiras, pelos vistos os mapas enviados pelos agrupamentos são uns, e os recebidos são outros. Também não ponho todo o ónus da responsabilidade sobre a Câmara, a questão aqui é que foi urdida uma teia que dá jeito a todos, Ministério da Educação, porque passou a batata quente, como se costuma dizer na gíria popular para a Autarquia, depois também dá jeito porque é menos um peso no défice e assim sobram mais uns milhões para meter no BPN e BPP, no fundo, penso que não andam longe da verdade aqueles que dizem que à Autarquia também dava jeito porque tem mais uma quantidade de amigos e filhos de funcionários para colocar (As regras foram iguais, mas nem todos são iguais).
Relativamente ao aproveitamento político, quero informar o seguinte:
Este assunto foi amplamente divulgado e foi colocado na Assembleia da República, aos Grupos Parlamentares de todos os Partidos sem excepção, ao Ministério da Educação, DREN, Primeiro-Ministro, Presidente da Assembleia da República, Presidente da República e outras entidades. A única resposta com algo de concreto foi do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda que recebemos no mesmo dia a sua disponibilidade para se inteirar do assunto através da Deputada Ana Drago e recebemos do PSD a confirmação que receberam os elementos enviados. Se isto é aproveitamento político então aproveitem-se todos e ajudem a que se faça justiça a estas pessoas, em vez de andarem a trabalhar para a fotografia.
Aproveitamento político é a magia dos números do Dr. José Augusto, 48, mais 26, mais 24, total 98 Assistentes Operacionais admitidas, vieram para a rua todas as tarefeiras existentes nos 13 agrupamentos, tenho conhecimento de um único tarefeiro que permaneceu no serviço, (jardineiro). Na realidade, não criaram coisa alguma, substituíram foi as tarefeiras pelos amigos.

paulo Pereira | 13:21

Sr. Paulo Silva (3.ª Parte)
Olhar para o meu umbigo, é coisa que fazia com frequência, quando era novo, era magro, elegante e ágil, agora como sou gordo e atarracado já não consigo olhar para ele, mas consigo olhar para o dos outros e vejo e leio muito bem o que se passa à minha volta. Este contrato é uma porta aberta para a câmara, é um contrato sem termo, ao abrigo da lei da mobilidade e com a abertura dos concursos específicos, se for preciso até, se põem o homem na lua. Portanto por favor não faça de mim idiota, o resto subentende-se.
(A situação ilegal não era do conhecimento das tarefeiras, a equipa do Ministério da Educação foi escolhida pelo Partido no Governo, que por acaso é o PS, pode dizer que não foi sempre da responsabilidade do PS, sem dúvida que não, mas foi um autarca do PS, que prometeu a resolução do problema e que negociou com o Ministério da Educação a transição da tutela das escolas e vistas as coisas até cumpriu a sua palavra e resolveu o assunto, mandou-as a todas para o desemprego, claro que podem dizer que não despediram ninguém também, mas o dinheiro desde Janeiro vem da Câmara para lhes pagar, embora ainda faltem pagar 2 meses e subsidio de Natal e outras indemnizações a que tenham direito. Isto é pena não ter acontecido antes das eleições).
Sr. Paulo Silva, se esta situação fosse com o Sr. provavelmente as suas prioridades fossem outras.
Um Abraço e um Santo Natal para todos!
Paulo Pereira

Paulo Lopes Silva | 17:48

Duas coisas:
- A confusão de PS, Governo, Câmara Municipal e Bancada Parlamentar da Assembleia Municipal é um peixe vendido a preço de saldo. Não cheira bem e sabe ainda pior!

- Estar 10 anos a contractos a termo é lamentável. E parte da entidade patronal e dos funcionários a alteração desta situação ilegal e lamentável. E os nossos direitos enquanto trabalhadores devemos lutar por eles quando estamos por dentro, e quando estamos por fora de igual forma.

A minha prioridade e a de qualquer um responsável nestes casos é o bem estar das pessoas e o cumprimento da lei. A de outros, foi o aproveitamento político e a instrumentalização de casos sérios e que nos devem preocupar a todos. Não deixa de ser curioso a resposta de uma tentativa de inscrição na Assembleia Municipal ao inicio da primeira sessão: "A que bancada parlamentar se quer dirigir?" "Eu? Sou do Bloco de Esquerda!!"

Paulo Pereira | 13:16

Não pretendo dirigir-me a ninguém em particular, mas o todos aqueles que sabendo desta situação pactuaram com ela. A situação das tarefeiras é provavelmente uma agulha num palheiro. E nesta situação especifica o Ministério da Educação deve assumir as suas responsabilidades, a Câmara Municipal sabendo da existência destas irregularidades, quando se envolveu nas negociações com o M.E. devia ter acautelado a situação destas pessoas e não o fez, logo foi conivente com a situação.
Aproveitamento político ou não, isso não me diz nada, a realidade é esta, o assunto foi levado à Assembleia Municipal, óptimo, quem o levou foi o Bloco de Esquerda, isto e ninguém pode alterar, nem que ponham duzentos anjos a afirmarem o contrário.
A mim não me interessa a cor política das pessoas, o que me interessa é a responsabilidade e empenho que pessoas põem no tratamento dos assuntos, a solidariedade manifestada. Volto a afirmar pelo que pude observar nesta minha primeira presença na Assembleia Municipal, é que as necessidades específicas das pessoas passam ao lado, eu imaginava Assembleia Municipal como a moral da Autarquia, o que afinal não é (mas confesso também a minha ignorância).
São poucos os que se vêem lutar com paixão pela defesa dos cidadãos, mas são esses poucos que ainda fazem a diferença. O resto é promoção pessoal ou outra coisa qualquer o que cada um sabe. Eu, de uma coisa tenho a certeza, não tenho aspirações políticas e quero distância da hipocrisia e da mentira que anda associada à política. Para mim ou é preto ou é branco, não há zonas cinzentas, onde os fazedores de promessas se escondem.
Um 2010 muito próspero!
Paulo Pereira

Anónimo | 23:45

Numa altura em que foram realizadas já três Assembleias Municipais neste mandato, proponho-me fazer um balanço (até porque estamos em final de ano) àquilo que já vi no Auditório da UM.
Em boa verdade, o palco da Assembleia Municipal tem-me desiludido. Há longos anos que acompanho o desempenho dos nossos políticos locais e, por enquanto, sinto-me defraudado. Senão vejamos:

Miguel Laranjeiro (PS): Não tem "calo" para o lugar que ocupa: líder de bancada. É bom falante, mas topa-se à distância a sua falta de traquejo/tranquilidade para gerir/lidar alguns assuntos.

Carlos Vasconcelos (PSD): Muito novato. Em tudo. Aspira a algo, mas mete os pés pelas mãos, que até assusta. E, sobretudo, mete-se com quem não deve. Aquela tirada ao Raul Rocha foi de uma grande infelicidade e depois ouviu o que não quis.

Mota Prego (PS): O deputado mais lúcido e coerente. Mantém o nível e a qualidade.

Luís Cirilo (PSD): Perde-se em demasiadas piadas e paralelismos inusitados que (nunca) vêm ao caso. É importante alguém dizer-lhe que a Assembleia Municipal não é um blog de internet, nem o Levanta-te e Ri.

Paula Lemos Damião (PSD): Continua a mesma "estabareda" de sempre. Fala, fala, fala, mas poucos a percebem. E como fala muito e tem ânsia de protagonismo, cometeu uma gaffe na 2ª Assembleia Municipal. Mais valia estar calada.

Ricardo Costa (PS): Julgo que já fez duas ou três intervenções e mantenho a mesma ideia. Estou numa Assembleia Municipal ou num Festival da Canção para políticos? Além de falar com demasiada entoação de voz, esbraceja como se estivesse numa feira. Um bom político não se mede pelo número de vezes que levanta os braços.

Grupo Parlamentar do PP: Quer marcar presença e justificar o número de mandatos que conquistou. Uma crítica. É preciso intervir sempre em todos os pontos? Ou 8 ou 80!

CDU: Só têm picado o ponto. Perderam gás. Muito gás.

Bloco de Esquerda: Mudaram alguns rostos para este mandato e a "coisa" ganhou alguma forma. Mas aquele deputado Frederico, mais podia estar sentado na sua cadeirinha nas vezes em que intervém. De onde conhece o sr. Paulo Pereira? Porque razão colocou-lhe o braço por cima das costas, após ter feito uma intervenção? A solidariedade pratica-se. Não é preciso mostrá-la ostensivamente. O caso das tarefeiras até pode estar mal contado, mas os dois senhores ficaram mal na fotografia com tanto exibicionismo - o que lhes retira credibilidade.

Fico-me por aqui, esperando que 2010 seja mais próspero para a nossa comunidade política. Por ora, eu, que sou professor, não concedo nota positiva.
João Esteves, S. Torcato

Paulo Lopes Silva | 03:33

Caro anónimo,

Não podia discordar mais da sua opinião. Além de casos particulares em que acho que falha redondamente - e refiro-me em especial à crítica de falta de "calo" de Miguel Laranjeiro-, acho que na globalidade erra. Senão, proponho-lhe um exercício simples: encontre um conjunto de nomes que façam falta à Assembleia de anteriores mandatos.

Acho mesmo, por aquilo que já pude ver, que este pode ser um dos melhores mandatos dos últimos anos que aquele palco teve. Caras novas, como Ricardo Costa que refere, figuras de sempre como António Mota Prego, Cândido Capela Dias e Luis Cirilo, e 4 deputados Nacionais (Miguel Laranjeiro, Francisca Almeida, Emídio Guerreiro e Pedro Rodrigues).

Fico mesmo com a dúvida: em que é que piorou afinal?

Paulo Pereira | 12:30

Ilustre Sr. João Esteves
Presumo que se esteja a referir a mim, Paulo Pereira na questão do exibicionismo juntamente com o deputado Frederico, se eventualmente for quero dizer-lhe o seguinte:
Primeiro guarde as suas notas para os seus alunos se é professor. Dispenso-as perfeitamente, pelo que li no seu comentário vejo que é um assistente habitual das sessões da Assembleia Municipal e pretende ser um crítico mordaz da cena política municipal, tão exigente que está num patamar acima de todos os outros políticos, mas provavelmente continua sentado na cadeira do café à espera que uma oportunidade lhe caia no colo. Dê o exemplo fazendo, não é com conversa da treta que o senhor chega lá.
Segundo, o meu envolvimento deve-se ao facto de minha esposa trabalhar há 12 anos como tarefeira nos actuais Agrupamentos Fernando Távora e João de Meira, na UAM, envolver-me é o meu dever como marido e chefe de família nas coisas que me dizem respeito e que mexem com o nosso bem-estar.
Terceiro, o único deslocado neste assunto parece-me ser o senhor, isto no que diz respeito directamente ao assunto em epígrafe. Não digo que todas as tarefeiras tem 12, 9 ou 7 anos de trabalho, digo que algumas têm, e se diz que as coisas não são bem assim; aceito, depende muito do ponto de vista de cada um, da emoção que põe nos assuntos, do que o liga ao tema, enfim,.. uma grande variedade de condicionantes, mas o mais importante de todos é conhecer a realidade das coisas e, ao que me parece o Sr. só tem um conhecimento superficial de alguns assuntos. Desculpe-me a franqueza o Sr. faz-me lembrar aquele intelectual que está à espera de um orgasmo criativo para fazer algo verdadeiramente significativo na sua vida.
Quarto; o palco, o cenário, a peça é toda sua, porque eu não tenho aspirações políticas e nem imagina o esforço que fiz para estar naquelas duas sessões, por isso não entendo a sua afirmação acerca do exibicionismo. Quanto ao deputado Frederico pôr-me o braço por cima, deixe-me que lhe diga Sr. João Esteves, já vai há muito tempo, que meu pai me punha o braço por cima dos ombros. De todos os deputados municipais foi o único que levou o assunto a plenário, nestes assuntos é importante que cada um conheça o seu papel e como o deve desempenhar. Parece-me que o Sr. ainda não descobriu o seu, pelo menos em termos políticos ou talvez não consiga identificar o que é premente e verdadeiramente importante e nestas questões as pessoas e as suas necessidades estão sempre à frente de tudo o resto, da cultura inclusive. A não ser que ache que a política deve ser algo tipo porque é que o azul é azul ou o preto é preto!..
Quinto e último; existem às vezes excelentes oportunidades para desfrutar do silêncio do momento, ou dar descanso ao cérebro, que muitas vezes são desperdiçadas de forma fútil e absurda.
Um Abraço
Paulo Pereira