Autárquicas 2009: Se esta Câmara fosse minha (III)


Foi com prazer que aceitei o desafio proposto pelo Colina Sagrada para aqui deixar este testemunho. Convém, no entanto, que deixe desde já, um ponto prévio: sinto-me muito mais próximo da política nacional do que propriamente da local, mesmo que seja, e com gosto, eleitor em Guimarães.


Acho sempre que Guimarães vive demasiado do seu passado, mesmo que por vezes os “olhos” lhe “fujam” (e bem) para o futuro, mas esquecendo vezes sem conta o seu presente. Não me parece razoável que Guimarães, sendo sede de uma das mais prestigiadas universidades do país, não tenha sido ainda capaz de oferecer valências aos jovens que aqui estudam. Braga continua a ser o “dormitório” e local de diversão preferencial, mesmo daqueles que estudam no Campus de Azurém. Guimarães precisa, mais do que nunca, de ser um atractivo para os jovens. Saber dotar-se de espaços que façam da cidade um lugar conhecido e reconhecido no que ao convívio de jovens diz respeito.


Não pode Guimarães continuar a assistir à constante e crescente “diáspora” dos mais novos para as cidades vizinhas, sem ser capaz de os cimentar aqui mesmo. Sejam eles os jovens que estudam na Universidade do Minho ou aqueles que por cá ainda vivem. Uma modernização deste género é mais do que exigível para uma cidade que, mesmo orgulhando-se do passando, tem de ter forçosamente os olhos no presente e no futuro. Guimarães tem de saber tornar-se numa cidade universitária, saber conviver com esse epíteto e fortalecer a sua posição enquanto tal. Saibamos aproveitar CEC 2012 também para isso. E vale para os jovens, como terá de valer para as crianças. Locais de atracção para as nossas crianças são coisas que Guimarães não tem conseguido saber ter. Assistir ao erro de Braga e nada fazer para que se transformasse num triunfo de Guimarães, é algo que só posso lamentar.


A juntar a isto, é imperial que para um desenvolvimento sustentado da cidade e da região onde se encontra, que tudo seja feito para Guimarães se aproximar das cidades vizinhas. Quando as duas cidades mais importantes do Minho não são capazes de estar ligadas por uma verdadeira rede de transportes, algo tem de ser invertido. É completamente surreal que não haja sequer uma ligação directa de comboio entre Guimarães e Braga e, mais do que isso, que Guimarães não seja capaz de fazer pressão suficiente para – porque não? – conseguir que se dote as duas cidades de uma rede de metro que será fulcral para o desenvolvimento de ambas.


Mais do que isso, parece-me indispensável que a cidade saiba responder ao seu crescimento em termos de áreas populacionais e com isso dotar Guimarães de uma rede de transportes públicos abrangente. Mais e melhores. Para que seja possível – a curto espaço – a diminuição drástica do trânsito nas principais artérias da cidade. Para que se respire e viva melhor. Para isso, será também importante que seja aumentado o número de parques de estacionamento que façam diminuir esse mesmo tráfego no centro da cidade.


A necessária criação de mais valências hospitalares no Hospital de Guimarães, como serviço de urgência de Neurologia, por exemplo, deverá ser também uma prioridade do executivo camarário e na pressão que terá de exercer junto do Ministério da Saúde.


O aproveitamento da sua principal beleza natural – Montanha da Penha – com a instalação de um hotel prestigiado e com condições de excelência, bem como uma melhor utilização das condições excepcionais que a Penha nos oferece, deverá ser também um objectivo claro. Será utópico ou irreal pensar-se que a Penha poderia oferecer uma pista de neve artificial? Sem destruição da sua beleza natural? E assim servir ainda de mais um ponto de atracção turística? Não estou em posição de ter uma posição muita clara, mas genericamente seria uma ideia a ter em conta. Esta, como outras.

Por Carlos Ribeiro

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