Autárquicas 2009: Os programas eleitorais – PSD

O PSD tem um bom programa eleitoral e verdadeiramente diferente do socialista. É equilibrado, focado e tem uma clara ideia para o desenvolvimento do concelho que, concorde-se ou não com ele, é coerente. O partido apresenta um projecto para todo o concelho e não apenas para a cidade e mostra-se preocupado com o desenvolvimento económico, embora mantenha uma fé cega – e errada – nas indústrias tradicionais.


Porém a principal virtude do programa é também um dos seus grandes erros. Porque é excessivo. Ao enunciar as prioridades que parecem ser necessárias às vilas, escorrega ao deixar a cidade em segundo plano. E isso não pode acontecer em nenhum concelho.


Concordo na essência com essa ideia de desenvolvimento de Guimarães: O concelho é policêntrico (embora em excesso) e tem que ser desenvolvido com base nesse pressuposto. Só que o PSD propõe também uma especialização do concelho em três grandes áreas, complementada com uma rede de escolas profissionais em S. Torcato (Agricultura), Taipas (Metalurgia) e Moreira/Lordelo (Têxtil). Desconfio desta organização funcionalista, que está por provar se é eficaz e não é certamente justa.


Em matéria de apoios sociais, o PSD cai no mesmo erro da maioria socialista: A perspectiva assistencialista do que deve ser a acção social do município. Tem, no entanto, uma visão um pouco mais abrangente e, por esse caminho, mais acertada, propondo uma descida dos impostos e taxas municipais. A câmara deve ser solidária e partilhar os custos de um momento económico difícil.


Essa perspectiva correcta revela-se também na preocupação com o desenvolvimento económico, defendendo a criação de um pelouro próprio, de novos parques industriais (ideia partilhada por CDS e BE), e políticas de incremento de investimentos. É criando empresas que se combate a crise e o PSD volta a percebê-lo, depois de já ter antecipado estes problemas em 2005.


Em matéria de cultura, o PSD não demonstra grande divergência da política socialista, ainda que apela a uma maior descentralização CEC e se mostre preocupado com a verdadeira participação das populações no evento. As propostas interessantes do PSD nesta matéria foram, aliás, “pescadas” do contributo da juventude partidária, casos da defesa de uma programação paralela da CEC de âmbito mais local e a instalação da Orquestra do Norte no CCVF.


Considero, tal como o PSD, que a nova feira semanal não é prioritária, mas o partido não diz a verdade toda aos vimaranenses quando defende que o centro de arte contemporânea (equipamento que entendo ser central para a CEC) seja substituído pela recuperação de um quarteirão do centro da cidade. Os 111 milhões de 2012 não são um bolo que se pode partir da forma pretendida. As fatias são muito bem delimitadas e o dinheiro destinado a uma obra não pode ser transferido para outra. Faltou dizer isso, o que fragiliza desde logo a proposta política.


Por último, a prioridade enunciada por Vítor Ferreira quanto à regionalização. Concordo em absoluto com os pressupostos e com a urgência da medida. Mas não consigo entender como pode uma câmara ter um papel relevante em relação à matéria. E não sou o único.


O programa do PSD pode ser encontrado na íntegra no site do partido.

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