O dia seguinte


Não queria deixar de fazer também aqui a minha análise ao resultado eleitoral de ontem. Em primeiro lugar falo do partido que me é mais querido, o PSD: uma desilusão a toda a linha. Há alguns dias que tinha deixado de alimentar a esperança de sairmos vencedores, mas um resultado destes, tão próximo em percentagem do de 2005, foi uma desilusão. No distrito de Braga, em particular, esperava um resultado melhor, o que não se verificou, pois o PSD perdeu um deputado face às últimas eleições.

A CDU teve uma clara derrota. É neste momento a quinta força política e já ninguém espera surpresas por aquelas bandas. Como sempre, fez um discurso vitorioso, mas no qual ninguém acredita.

O CDS é o partido que mais pode gritar vitória. Voltou aos dois dígitos e elegeu 21 deputados, afirmando-se como terceira força política. Era a vitória de que Paulo Portas precisava e, neste momento, merecia.

O BE teve uma vitória, mas não tão grande como previram. Subiu muito significativamente em número de votos e duplicou os deputados, mas não conseguiu chegar aos míticos dois dígitos e não chegou a terceiro. Perante o discurso que o partido teve nos últimos meses, parece-me que não atingiu o lugar a que se propunha.

O PS foi o partido mais votado e só por isso ganhou as eleições. Perdeu a maioria absoluta, perdeu centenas de milhar de votos, perdeu deputados, mas será Governo. Vamos ver como Sócrates se consegue safar desta.

Não posso deixar de salientar um ponto que me parece importantíssimo: neste acto eleitoral podiam ter tomado parte mais de meio milhão de jovens portugueses. Parece-me que esses novos eleitores contribuíram de forma decisiva para o maior vencedor do dia, a abstenção. Claro que isto é apenas uma leitura pessoal, que não se baseia ainda em dados que estarão disponíveis apenas mais tarde. Os partidos e o sistema político português perderam a grande batalha que era a conquista destes eleitores. É uma batalha que, muito em breve, voltará a travar-se. É uma batalha que não se pode perder.

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