Defender os caminhos-de-ferro

A tomada de posição da Secretária de Estado dos Transportes acerca da linha do Tua é surpreendente. Especialmente porque vem de um governante do país da Europa que pior tem tratado o valioso património e a mais-valia extraordinária que é a ferrovia.
Mas Ana Paula Vitorino está certa: para o Tua e para toda a região a norte do Douro, o comboio, mesmo em péssimas condições, é ainda a melhor solução de mobilidade. Afogar a linha será um tremendo disparate.

De algum modo, a forma como os políticos olham para o caminho-de-ferro, está a mudar. Como contava há dias, a proposito de São João da Madeira. Ou como ontem mostrou o PSD de Guimarães ao assumir como ponto de partida a inépcia da CP e da Refer, exigindo que seja a autarquia a estudar alternativas para tornar a ligação ao Porto mais competitiva.

Um pouco fora de horas, a proposta do PSD tem o mérito de finalmente trazer o assunto para o debate político local. Há anos que isto não acontecia. Nem quando a linha foi reformulada, o que acabou por resultar num espantosos desperdício de dinheiro público, uma vez que a melhoria do serviço foi escassa. Demorou quase cinco anos, mas finalmente parece haver vontade de discutir como é possível fazer melhor.

Mas de uma coisa estou convencido: A solução para os transportes na região passa pelas autarquias.


2 reacções:

SicGloriaTransitMundi | 16:49

Recentemente tive oportunidade de, durante o regresso de uma deslocação a Lisboa, poder trocar algumas palavras com o revisor do Intercidades, dado que o mesmo se encontrava quase vazio no trajecto Porto-Guimarães.

Foi curiosamente uma oportunidade única, a de viajar do Porto a Guimarães sozinho numa carruagem inteira. Ressalvo que esta viagem foi a meio da semana, daí talvez o vazio da carruagem.

Mas, o que interessa aqui para o caso é que, em conversa com o dito revisor, ele dizia que o Intercidades não veio trazer grande vantagem de tempo às delocações entre Guimarães e Porto, pois este comboio, que pode facilmente ultrapassar os 120km/h, não o pode fazer dado o estado das linhas, a existência de poucas rectas longas e o constante atravessamento de localidades.

O que me levou a concluir que, a melhor opção seria ter feito uma nova linha em zonas desabitadas e de facil manobra de terras, que permitisse também o transporte de mercadorias e que efectivamente pudesse tornar as deslocações mais rápidas.

E depois há o Alfa Pendular, que circula a 220 kms/h e só ganha em relação ao Intercidades 15 minutos entre o Porto e Lisboa!!!

E depois ainda querem um TGV...Para quê? Para ganhar 15 minutos ao Alfa Pendular?????

Não admira que tanta gente não ande de comboio...

Dario Silva | 12:11

"O que me levou a concluir que, a melhor opção seria ter feito uma nova linha em zonas desabitadas e de facil manobra de terras,"

No Vale do Ave não há, simplesmente, "zonas desabitadas" que permitam a instalação fácil de um caminho de ferro para velocidades elevadas. O espaço é finito!