A mais recente organização do informal grupo de bloggers vimaranenses a que pertenço, o debate “A cultura em Guimarães e o desafio de 2012”, que teve lugar na sexta-feira passada, no Convívio, tem um balanço muito positivo. Ainda que a adesão do público tenha ficado aquém das minhas (optimistas) expectativas – 30 pessoas é coisa pouca – a qualidade das participações e o conteúdo do debate foi, a meu ver, esclarecedor, podendo abrir importantes portas para um projecto cultural comum.
As presenças dos responsáveis das cooperativas municipais Oficina e Tempo Livre, de vários responsáveis do CAE S. Mamede e, particularmente, da vereadora da Cultura da Câmara de Guimarães, foram uma oportunidade rara de os vários agentes culturais vimaranenses e simples cidadãos, como nós bloggers, poderem discutir cara-a-cara com quem toma as decisões no que à política cultural diz respeito.
Sublinho aqui a frase com que comecei o debate: há uma nova dinâmica na cultura em Guimarães. Como dizia José Bastos, do CCVF, neste momento temos 500 espectáculos anuais na cidade. É obra para uma cidade da dimensão de Guimarães. Além disso temos condições físicas excepcionais para ver cultura e temos associações que, nos concelhos que conheço melhor, não têm paralelo. A começar pelo Cineclcube, o maior do país, o CAR, o Convívio, o MAT, e a Sociedade Martins Sarmento, que não sendo uma associação como provavelmente as enquadramos hoje em dia, é um dos maiores exemplos de como a excelência pode ser condenada a um lugar secundário por força da cegueira cultural e do centralismo atávico do país. Nada que lhes tire o mérito.
Mas – e esta foi uma das ideias fundamentais que me ficou do debate – a esta análise positiva (que pode enfermar de bairrismo), há que juntar uma forte componente de auto-crítica. Como Amaro das Neves, da SMS, dizia no debate, o movimento associativo já foi mais forte no concelho. E não se pode confundir cultura com espectáculos culturais, apenas. Há produtores culturais em Guimarães? E se há, porque estão praticamente arredados das principais salas de espectáculos?
A finalizar, um agradecimento ao Convívio, pela amabilidade com que nos recebeu e pelo empenho que também colocou na organização deste debate.
7 reacções:
Tenho pena de não ter estado presente!
Meu caro Samuel
Concordo consigo quanto à fraca participação do público.
Mas não deveriam reflectir melhor sobre as causas dessa ausência?
Eu,estava presente nas instalações aonde se realizou o encontro, como habitualmente. Estranhei a movimentação. Mas não sabia o que se estava a passar...
Sem convite, lógicamente não aparecia. Como eu, havia mais gente.
Resta-me concluir que a divulgação foi parca.Porquê?
Tenho certo que existe muita gente interessada no tema, mas cada vez mais sinto que a vontade de discutir o assunto é pouco.
Caro Maia,
Obviamente que já paramos para pensar nas causas da ausência. Não fizemos, porque não pudemos, uma divulgação em grande escala. Não temos orçamento para imprimir flyers ou cartazes, por exemplo. Mas não concordo que a divulgação tivesse sido parca.
Além dos blogues da cada um dos organizadores, foi publicitado no maior blogue regional nacional, por exemplo. As duas rádios de Guimarães falaram connosco e passaram notícia relativas ao debate. Quanto os jornais locais, confesso que não os li.
E ainda há que contar com a divulgação do Convívio, através do blogue e dos postais.
Esta foi a divulgação feita, que julgavamos ser suficiente. A vontade de discutir o assunto é muita e o debate de sábado serviu apenas para abrir portas acerca de uma discussão que se deseja cada vez mais alargada.
Agora foram os bloggers. No próximo ano podem ser as associações ou a própria autarquia a fazê-lo.
Outra coisa: em todas as referências ao debate e nas centenas de emails enviados pelos bloggers às suas listas de contactos, referimos sempre que a participação no debate era livre.
O Convívio fez a sua divulgação. Para (os seus)sócios, obviamente. E há os antigos dirigentes da colectividade que sabem disso. E há os que sabem e não querem saber. E há os outros.
Mas o encontro debate foi excelente. Abriu tantas portas que até incomodou os esquecidos.
Caro Samuel
Penso que está na hora de esclarecer algumas coisas.
Quanto ao seu empenhamento na dinamização destes temas, só tenho que o felicitar. Não só por este momento, mas por momentos anteriores (que acompanho). Demonstrando ser atento e preocupado com as coisas da "nossa" terra.Em suma, faz alguma coisa e assume.
Ao contrário de outros, que se atiram aos que já fizeram alguma coisa. Pouco, é certo, mas fizeram.
Criticar é fácil, fazer é que é dificil. Mais vale fazer pouco, dando a cara, do que não fazer nada. No refúgio do anonimato serôdio.
Já agora para melhor esclarecimento, mais uma vez contribuí com uma proposta concreta, por escrito, ou seja um projecto. Entregue a quem de direito no processo "Capital Europeia da Cultura 2012".
Como vê já fiz mais qualquer coisa, individualmente.
Termino desafiando "os encomodados" a assumirem qualquer tipo de iniciativa. Que seja criativa, ousada e não alinhada.
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