Think Pong: O que vale o Avepark?
Dez anos depois de lançado, o parque de ciência e tecnologia do Ave foi inaugurado, no sábado. É um atraso excessivo para um região sufocada pela crise do seu sector produtivo e onde existem, número redondos, 35 mil desempregados.
As causas para este atraso são várias, mas não podemos afastar a responsabilidade política dos sucessivos governos que não perceberam o potencial de um investimento como este. É trágico quando o poder central de um país está mais atrasado em termos de concepções tecnológicas e economias do que os agentes locais.
Mas afinal, o que vale o Avepark? A avaliar pelas ausências notadas de altas figuras do governo da cerimónia de inauguração, politicamente vale pouco. As presenças do primeiro-ministro, José Sócrates, e do Ministro da ciência e tecnologia, Mariano Gago, chegaram estar anunciadas. Mas "motivos de agenda" afastaram os dois governantes e a inauguração contou apenas com o incipiente secretário de Estado da ciência e tecnologia, Manuel Heitor.
A inovação e a tecnologia como suporte ao emprego, verdadeira punch line do marketing político do governo do PS não passam disso mesmo. Quando é preciso mostrar apoio prático a iniciativas do tipo, o governo faz-se representar por um dos seus pesos-pluma. A ausência de Sócrates não tem justificação e é ainda menos compreensível quando o primeiro-ministro marcou presença, há poucas semanas, numa muito menos recomendável iniciativa de criação de emprego, em Santo Tirso.
Mas, numa região que enfrenta uma grave e continua crise, o Avepark é obviamente uma boa notícia. Pode ser o tão propalado ponto de viragem no paradigma económico da região. Depois de décadas de mão-de-obra barata e pouco qualificada, a ciência e a inovação podem ser o mote de uma nova vida do Ave. E Guimarães vai liderar esse projecto com todo o mérito. Porque foram os responsáveis autárquicos vimaranenses que conseguiram antecipar as exigências do seu tempo e criar condições para que hoje exista no concelho o maior e melhor equipado parque tecnológico.
De acordo com o presidente do conselho de administração, Manuel Mota, o centro tecnológico vai gerar, dentro de dois anos, dois milhões de euros anuais. Até ao final do próximo ano serão criados 1500 postos de trabalho e o objectivo ambicioso passa por atrair 200 empresas de base tecnológica no médio prazo.
A lista de empresas já instaladas ou que estabelecerem parcerias com o Avepark é muito boa. As metas são ambiciosas, mas mais importante do que isso, estão já a ser ultrapassadas. E, a confirmarem-se os números avançados por Manuel Mota, significará um incremento no PIB regional que vai tornar o Minho um novo actor na economia portuguesa.
As causas para este atraso são várias, mas não podemos afastar a responsabilidade política dos sucessivos governos que não perceberam o potencial de um investimento como este. É trágico quando o poder central de um país está mais atrasado em termos de concepções tecnológicas e economias do que os agentes locais.
Mas afinal, o que vale o Avepark? A avaliar pelas ausências notadas de altas figuras do governo da cerimónia de inauguração, politicamente vale pouco. As presenças do primeiro-ministro, José Sócrates, e do Ministro da ciência e tecnologia, Mariano Gago, chegaram estar anunciadas. Mas "motivos de agenda" afastaram os dois governantes e a inauguração contou apenas com o incipiente secretário de Estado da ciência e tecnologia, Manuel Heitor.
A inovação e a tecnologia como suporte ao emprego, verdadeira punch line do marketing político do governo do PS não passam disso mesmo. Quando é preciso mostrar apoio prático a iniciativas do tipo, o governo faz-se representar por um dos seus pesos-pluma. A ausência de Sócrates não tem justificação e é ainda menos compreensível quando o primeiro-ministro marcou presença, há poucas semanas, numa muito menos recomendável iniciativa de criação de emprego, em Santo Tirso.
Mas, numa região que enfrenta uma grave e continua crise, o Avepark é obviamente uma boa notícia. Pode ser o tão propalado ponto de viragem no paradigma económico da região. Depois de décadas de mão-de-obra barata e pouco qualificada, a ciência e a inovação podem ser o mote de uma nova vida do Ave. E Guimarães vai liderar esse projecto com todo o mérito. Porque foram os responsáveis autárquicos vimaranenses que conseguiram antecipar as exigências do seu tempo e criar condições para que hoje exista no concelho o maior e melhor equipado parque tecnológico.
De acordo com o presidente do conselho de administração, Manuel Mota, o centro tecnológico vai gerar, dentro de dois anos, dois milhões de euros anuais. Até ao final do próximo ano serão criados 1500 postos de trabalho e o objectivo ambicioso passa por atrair 200 empresas de base tecnológica no médio prazo.
A lista de empresas já instaladas ou que estabelecerem parcerias com o Avepark é muito boa. As metas são ambiciosas, mas mais importante do que isso, estão já a ser ultrapassadas. E, a confirmarem-se os números avançados por Manuel Mota, significará um incremento no PIB regional que vai tornar o Minho um novo actor na economia portuguesa.
16 reacções:
Samuel,
«Quando é preciso mostrar apoio prático a iniciativas do tipo, o governo faz-se representar por um dos seus pesos-pluma. A ausência de Sócrates não tem justificação (...)»
Mas em que é que se traduziria, em termos práticos, a presença do primeiro-ministro? Eu até acho que um dos problemas da nossa economia é que temos demasiados políticos a actuarem «para a fotografia».
Sr. Samuel, com o devido respeito, fique sabendo que o "incipiente Secretário de Estado Manuel Heitor" é uma grande mais valia para o país e é um dos maiores conhecedores do que é a C&T. Figura respeitada em todo o mundo, peca apenas pela falta de vaidade política, que pelos vistos é o que o Sr. parece gostar. É um homem que tal como o Sr. Pedro Romano diz e muito bem não actua para a fotografia, mas trabalha e faz o país progredir. É o grande pensador e efectivador de muitas políticas de sucesso nesta área. Se o Sr. soubesse o excelente trabalho que o Sr. SE Manuel Heitor faz e a fama internacional que tem, não escreveria desta forma. Desculpe, mas acho leviano ter ideias preconcebidas e falar do que não se sabe. Peço desculpa pela intromissão, mas acho que o que escreveu é uma grande injustiça; sugiro-lhe que investigue um pouco antes de escrever. Melhores cumprimentos, Pedro Melo Almeida
A abertura do Avepark é uma excelente notícia, pois será a forma de transformar uma zona em que o têxtil, como se costuma dizer, “já deu o que tinha a dar”.
A questão é que tal empreendimento, onde estarão empresas “topo de gama”, necessita de gente qualificada e, infelizmente, não é isso que temos por cá! Temos muita gente desempregada e com pouca instrução.
O que quer dizer que a entrada nessas empresas será para os mais qualificados, os que dominam as tecnologias de ponta, em suma, os recém licenciados da UM!
E depois há a questão da tão propalada criação de postos de trabalho, como aconteceu há dias, em Santo Tirso! Isso não é emprego!
O que se pretende que haja aqui é trabalho fixo, que se possa aproveitar a força produtiva já existente e utilizá-la durante um largo tempo, tempo esse que permita gerar confiança no futuro para que esta deixe de ser uma região deprimida pela falta de trabalho!
Porque para haver grandes empresas multinacionais a investir com apoio do Estado e passados anos vão embora porque há gente mais barata no Oriente…não obrigado!
Sócrates não veio porque, do alto da sua cadeira, pensou tratar-se de mais uma zona industrial, como tantas que há por aí no pais…
O que prova o quanto ele deve andar mal informado sobre ele…
Estamos optimistas quanto ao sucesso do Avepark? Sim, mas se demorar tanto como demorou a abertura, será mais um investimento perdido!
Sendo o primeiro-ministro o grande responsável pelos destinos do país, e sendo este um momento "muito marcante" como se faz querer que o seja, para o desenvolvimento do país a vários niveis, parece-me que de facto José Sócrates deveria ter estado presente. Não entendo no entanto que a sua ausência seja o suficiente para duvidarmos das mais valias que o AvePark traz para a região e para o país. Não deixando de levantar as tais dúvidas que deixo do outro lado do "Think Pong" que apenas serão respondidas com o tempo.
Mas, ao que sei, daqui a 15 anos o estado já terá recuperado o investimento. A confirmar-se será de facto uma excelente aposta do governo português que saberá, certamente, o que este Parque significa para a região e para o País.
Apenas uma adenda ao último comentário. A mais valia e a excelente aposta, estende-se obviamente, e com todo o direito, à Camara Municipal de Guimaraes, às associaçoes comerciais e industriais de guimaraes e do minho, à associaçao do parque de ciencia e tecnologia do porto e à universidade do minho. Afinal serão estas as instituições responsaveis pelo espaço.
Samuel e sabes quais são as empresas que para lá vão?
É que a única que eu conheço é a CRH, que é uma empresa de call-center e não percebo o que é que esta empresa tem a ver com o Parque de Ciência de Tecnologia. Pois neste tipo de empresa os trabalhadores pouco ganham, diria até que é, de certo modo, trabalho precário. Como denunciava à uns dias alguma imprensa escrita nacional.
É que para alem desta empresa apenas empresas saídas da UM tornaram públicos os seus contratos com o Ave Park. E sem querer menosprezar a "prata da casa" não vejo aqui nenhum "tubarão" que possa vir a fazer, realmente, frente ao desemprego. Pois são empresas pequenas ainda no inicio.
E se já está tudo vendido, como dizem os directores do parque, porque não tornam essas empresas publicas?
Caro Pedro,
A presença de Sócrates seria obviamente simbólica. Mas, como símbolo, legitimaria a importância que o Estado diz atribuir ao I&D.
E isso serve também para responder a Pedro Melo Almeida. Não foi minha intenção descredibilizar a figura de Manuel Heitor. O curriculo académico do secretário de Estado impõe respeito e será até alguém bastante sensibilizado para a temática do I&D. A questão a "incipiência" do governante prende-se com a carga de legitimação que a sua presença confere a este investimento.
Heitor não é Ministro, não é sequer um secretário de Estado mediático. Muito menos é o líder do governo. Está aí uma diferença de peso político que neste caso me parece fazer toda a diferença.
João,
a CRH não é apenas uma empresa de call center. É uma empresa que oferece vários serviços Às empresas, desde aconselhamento de gestão ao BPO (business process outsourcing). E esses são serviços especializados que requerem licenciados em ecnomia e áreas conexas.
O primeiro cliente da CRH será o grupo inglês Barclays, o que é algo de grande monta. E a empresa trará para o Avepark engenheiros informáticos de dois gigantes mundiais como o Cisco e a Dell para criar o seu Centro para a modernização da Administração Pública, que vai criar software para os serviços públicos. Parece-me interessante.
A Ortos (que produz cadeiras de rodas) também já tem espaço oficilizado no Avepark. E o Spinpark da UMinho é quanto a mim uma das maiores hipóteses de gerar valor acrescentado neste projecto.
Não é por acaso que, associado a um desses spinoffs, Guimarães acolhe o Instituto Europeu de Medicina Regenerativa nesse mesmo espaço.
Sr. Samuel,
obrigado pelo esclarecimento. É que eu não gosto de pavões - prefiro homens que trabalham na sombra do que os que perdem o tempo em campanha. Melhores cumprimentos, Pedro Melo Almeida
Obrigado pelo esclarecimento. A ideia que tinha, do que tinha lido anteriormente, é que essa empresa era mais um call center.
A Ortos e esse instituto, de grande valor, são sem duvida duas boas "aquisições".
Mas eu referia-me era às empresas de renome estrangeiras, não é porque o nacional não é bom, longe disso, mas sim porque já por varias vezes os, *cof* tacho *cof* ,dirigentes do parque referiram que essas empresas viriam. Dai a minha perguntam.
Porque de mentiras estou eu farto...
Caro Samuel,
Gostaria de estar enganado, mas o Avepark ou outros são apenas projectos imobiliários para beneficiar os autarcas e seus amigos.
Efectivamente a criação de empresas e emprego tecnológico ou baseado em conhecimento depende unicamente da abundancia de profissionais qualificados com networking junto dos respectivos clientes. As instalações são absolutamente secundárias. O Ave estatisticamente pobre e desqualificado nunca dará um salto do momento para o outro. Não se faz omoletes sem ovos.
Gostava de estar enganado, mas não estou.
Relativamente ao sector tradicional, «que já deu o que tinha a dar», está enganado. Com a subida do preço do petroleo os produtos chineses que vem para a europa estão a ficar mais caros... Se calhar ainda tem muito para dar.
Consulte o blogue Balancedscorecard de um consultor de Estarreja, onde tem sido publicadas algumas analises sobre o tema a partir de textos do Financial Times.
Victor Ferreira diz:
Este AvePark vai valer bom dinheiro e muitos empregos. Era o mínimo que se podia, de resto, exigir.
Depois de 15 (e não dez) anos de abandono absoluto, depois de centenas de milhares de contos canalizados sem qualquer tipo de resultado – durante anos a fio foi um terreno a monte – depois de Operações Integradas de Desenvolvimento (OID) cujo dinheiro não produziu resultado visível – o Ave está na mesma corda periclitante que estava há 15 anos atrás – vem o inaugurado AvePark dar uma alegria ao povo.
Claro que não vai ser com empresas do tipo CRH que as alegrias vão chegar. Não há alegria nenhuma em empresas de "serviços especializados que requerem licenciados em ecnomia e áreas conexas", quando o que fazem é empregar licenciados por 600 euros durante o período máximo permitido para os contratos a prazo.
Aliás, tirando a Expertissues, não há nada neste AvePark original que se assemelhe a um investimento de I&D. Por mais meritória que seja a produção da Ortos e por maior que seja a dimensão da Cisco e da Dell, nenhuma das três empresas significa absolutamente nada em termos da economia local - vá lá, talvez alguns almoços nos restaurantes dos arredores, caso as empresas não ofereçam refeitórios aos empregados.
Espero, apesar de tudo, que o futuro deste investimento seja em tudo diferente do que foi o seu passado. Por agora, tirando os negócios imobiliários convenientemente tratados com a economia muito amiga do PS, a Expertissues é a única razão para deitar foguetes.
Última nota: é óbvio que o secretário-geral do PS iria ter questões de agenda a impedi-lo de estar presente nesta inauguração simbólica. Afinal, não convém que dê assim tanto nas vistas, não vá alguém lembrar-se de fazer a história do AvePark.
Só uma achega, caro Victor: a CRH comprometeu-se, no protocolo assinado com o governo no início de Agosto, a criar 600 empregos fixos. Isto é, todos os contratos serão contratos sem termos. Já é alguma coisa, parece-me.
Só uma achega, caro Victor: a CRH comprometeu-se, no protocolo assinado com o governo no início de Agosto, a criar 600 empregos fixos. Isto é, todos os contratos serão contratos sem termos. Já é alguma coisa, parece-me.
Continuo a não entender a panca do "precário". É preferível um desemprego "estável" em que se está a queimar dinheiro sem nenhuma contrapartida?
Não Monteiro! É preferível uma vida inteira sem um contrato definitivo e sem conseguir fazer planos para o resto da vida! Quando nos formos a juntar com outra pessoa para fazer uma vida em comum, continuamos em casa dos pais. Não vá acabar o "contrato" a recibos-verdes e ficarmos sem pagar a casa e as necessidades da "hipotética" criança que virá! Porque é que tens que pensar tudo na óptica de quem tem 20 anos? As tuas necessidades vão mudar. Será que também a tua mentalidade?
Desemprego permanente, portanto? Sempre me pareceu que pouco é melhor que nada.
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