Quando a rivalidade é um jogo dos grandes

É centenária a rivalidade entre Braga e Guimarães. O que equivale a dizer que já havia idiotas no século XV. Guimarães e Braga têm tudo para ser duas das cabeças da terceira metrópole do país. E só não têm melhores condições porque durante anos não souberam percebê-lo.


Há cidades maiores do que a N 101. E há muito mais a ganhar do que a perder se as duas cidades funcionarem como um bloco na hora de negociar com o poder central. Teve que ser a União Europeia a impor as candidaturas multimunicipais como critério para o próximo quadro de apoio, para que o Quadrláterio, um conceito tão forte e antigo, pudesse começar a concretizar-se.


Esta rivalidade estendeu-se ao futebol. Nada contra. Até nas grandes cidades onde há mais do que um clube, há entre si uma rivalidade que pode ser tão extrema como a que há entre Vitória SC e SC Braga. No entanto, a recente onda de agudização da rivalidade minhota, tem causas externas. E isso é que é lamentável.

O Apito Dourado veio mudar o futebol português. Não em termos de arbitragens (as primeiras jornadas serviram para mostrar que vai ficar tudo na mesma), mas em termos de alianças. E a verdade é que Vitória e Braga, inocentemente ou não, quiseram ser peões numa luta entre Lisboa e Porto.


O que ganha um e outro no final da época saberemos. O que assistimos, no entanto, é a um extremar de posições que só enfraquece os dois clubes. Os clubes de média dimensão nacional demoram a perceber que só poderão ser grandes quando deixarem de alimentar os ditos.


Vejam o que se passou em Espanha com Depor, Valência e, num outro nível o Bilbau. Títulos, presenças na Liga dos Campeões, e uma afronta ao poderio de Madrid e Barcelona que mudou o futebol vizinho. Por cá, as direcções do Vitória e do Braga vão passar a próxima época a servir de arma de Benfica e Porto. Adiando novamente as reais hipóteses de serem campeões no médio prazo.

1 reacções:

Anónimo | 15:34

Infelizmente no futebol parece que conta muito mais as relações institucionais e politicas do que o jogo jogado. Daí facilmente se é aliciado a entrar num sistema, em que as relações são em certa medida o assegurar de determinados objectivos...Resta-nos sempre perceber qual o nosso lugar, ié, qual o lugar de uma equipa como o Vitoria ou o Braga e, claro, não sendo possível mais, aceitar de bom grado as ajudas dos maiores.Isto é tb aceitar claro que nunca alguma destas equipas terão mais do que um objectivo: a UEFA. Caso contrário o poder instituido e promovido país fora por gente sem convicções e com falta de auto estima, acaba naturalmente por as colocar no seu devido lugar.Resumindo só com processos sustentados que assegurem condições financeiras sérias e não promovidas por poderes politicos locais se poderá um dia alimentar sonhos e conquistas. Até o podemos fazer usando esse sistema, com cuidado e sensatez...Não obstante, vejamos que o Vitoria nas palavras do seu presidente acaba por transmitir a mensagem que não tem recursos financeiros para comprar quem quer que seja...Palavras dele! Das duas uma, ou é verdade, o que deve ser do conhecimento dos sócios e, nessa medida vivemos com o que temos, afiando alianças aqui e ali, independentmente de quem seja, ou não o sendo o passivo terá necessariamente que ser muito reduzido...E aqui entra outra questão: nao deveriamos investir um pouco mais nas aquisições? Lembro que a primeira frase de Cajuda em final de época foi que a melhor aquisiçao seria juízo...Pois concordo, mas tanto juízo?! Será que já sabiamos o que nos esperava na champions? Acho convictamente que um pouco mais de qualidade já teria tido seu retorno. Concluindo, é importante dizer não a esta imundice do futebol, mas que não seja há custa da nossa instituição, que sejam realistas os dirigentes, mas que o façam tb, com a ambição que o clube merece. Caso contrário seremos eternamente 4º, 5º ou 6º classificados pois o sistema a mais não permite e a resignaçao a tal ou não deve ser medida de acordo com a altura e capacidade do clube, mas sempre tendo em vista a futura independência de tais poderes, pis só dessa forma poderemos no médio prazo mudar este panorama deportivo claustofóbico. Queria por fim so deixar uma nota para o Braga, por comparação: será que o recursos financeiros são reias, não estarão a alimentar um elefante branco? Pois a mim o juízo a mais de uns serviria de sobra para alguns que o têm a menos...O futuro o dirá!