A crise do PSD local

O regresso de férias trouxe novidades políticas mais cedo do que se esperava. A comissão política do PSD de Guimarães demitiu-se, abrindo portas a eleições antecipadas para a liderança do partido. A cerca de um ano das autárquicas, o nome do próximo líder dos social-democratas vimaranenses assume particular relevo porque ajudará a perceber quem será o candidato que se vai apresentar frente a António Magalhães em 2009.

As autárquicas são, aliás, o principal motivo da queda da liderança de Emídio Guerreiro. Por muito que o deputado evoque o pouco tempo que o novo cargo de secretário-geral ajunto deixa à liderança da concelhia – situação que era facilmente contornada se Guerreiro tivesse assumido logo que foi eleito para o cargo nacional – a dificuldade em encontrar um cabeça-de-lista é, na prática, o motivo da actual crise interna.

E a mensagem que o PSD faz passar, mesmo contra a sua vontade, é a de que entre as hostes sociais-democratas a derrota em 2009 é tida como certa. Só assim se percebe que os vários nomes sondados tenham sempre escapado a assumir a luta com Magalhães. Se o PSD não se convence que é alternativa à actual liderança autárquica, dificilmente vai conseguir convencer os vimaranenses disso.

Aliás, protelar esta indefinição só trará problemas ao maior partido da oposição. E o risco de perder votos face às últimas autárquicas será tanto maior quanto o tempo que tardar uma solução. Pior mesmo do que esta indefinição só mesmo uma má escolha de candidato. E a verdade é que as soluções possíveis são cada vez mais escassas e com menor qualidade. Rui Victor Costa já disse que não avançava, Emídio Guerreiro não tem tempo, Carlos Vasconcelos parece uma carta fora do baralho. Mesmo Roriz Mendes – que seria um erro político grosseiro – disse que não. Quem resta afinal para ser carne para canhão nas eleições do próximo ano?

18 reacções:

Anónimo | 10:11

Talvez sigam a tendência nacional e recuperem um histórico, tipo Fernando Alberto, em espírito de cruzada. Não há nomes, e os que existem não se querem queimar, outros esperam por dias mais propícios. E porque não o Vítor Ferreira? Paz pão...

Anónimo | 15:08

Companheiro:

Dando de barato que qualquer candidato do PSD equivale a "carne para canhão" (para recorrer à poética expressão que utilizas), diria de qualquer forma que a pouco mais de um ano de distância das eleições, há mais que tempo para qualquer partido da oposição preparar uma candidatura que derrote, pelo menos, o espírito de vitória socialista consumada que parece ter-se apoderado até dos jornalistas. Eis um texto que eu, enquanto jornalista, jamais escreveria. Mesmo (e sobretudo) no meu blogue pessoal – onde não és jornalista, nem tens de ser, mas onde continuas a ser a mesma pessoa que, mais dia, menos dia, haverá de ser convocado para uma conferência de imprensa do PSD.

Gostaria de ter lido, ao invés deste texto, uma análise a sério sobre a(s) crise(s) política(s) em Guimarães, os cenários partidários. Teria preferido ver os jornalistas com capacidade de informar o povo sobre as reais hipóteses de escolha de cada um. Para quem vota PSD, por exemplo, teria sido mais útil apurar que hipóteses há em Marques Mendes se candidatar à CM Guimarães (um fim-de-semana em Guimarães foi suficiente para ficar por dentro).

Para uma discussão política séria, seria preciso que alguém apurasse se a comissão política do PSD tem ou não peso suficiente para convencer Manuela Ferreira Leite de que é preciso ela convencer Marques Mendes para uma candidatura autárquica (ou se, pelo contrário, este PSD local sofre do mal que aqui há tempos apontou a António Magalhães, "autarca cuja influência e peso não passa de Arosa".

É fácil etiquetar pessoas e putativos candidatos com adjectivos. Tenho pena, meu caro, de ter lido este texto. Sobretudo por ser teu.

Victor Ferreira (o outro, não o do PSD)

Samuel Silva | 15:51

Caro,

O clima de vitória antecipada do PS não é responsabilidade minha nem de qualquer outro jornalista. O PSD muito tem contribuído para isso ao mostrar esta dificuldade em encontrar um adversário para Magalhães. Como tu próprio admites, de resto.

A questão é que fiz uma análise em face dos dados conhecidos. E não utilizo normalmente no blogue informações que não sejam públicas.

A minha profissão não tem que ser obstáculo a que expresse aqui (e apenas aqui) as minhas opiniões.

Preferias que eu analisasse as crises políticas em Guimarães. Ora, o que fiz foi analisar ESTA crise política. E esta crise política tem as causas que aqui aponto, ninguém o nega.

As reais hipóteses de escolha do povo só se confirmam dentro de um ano. É nessa altura que o povo se pronuncia. Eu limitei-me a comentar factos.

Anónimo | 16:04

marques mendes venha ele que guimarães precisa de gente graúda ou de dois salazares

Tiago Laranjeiro | 16:52

Lançar nomes para assim para o ar e contribuir para a desinformação também me parece que não seja o papel de um jornalista, mesmo que num comentário num blogue... Principalmente com um passado político no PS/JS...

Anónimo | 16:56

tenho o meu gato constipado, alguém me sabe dizer o que posso fazer? Obrigado

Victor Ferreira | 22:42

Ao Tiago:

Não lancei nomes para o ar. Escrevi aqui o que qualquer ouvido atento ouve na cidade. Seria bom saber, discutir, que implicações é que tem um nome de uma figura claramente nacional na configuração da política local.

Sobre o passado do PS/JS, não percebo se o atribui ao blogue se a mim. Se é a mim, o meu passado não me pesa. Nem me desautoriza. Muito pelo contrário.

Ao Samuel:

Dizes que te limitaste a comentar factos. Deixa-me perguntar se são estes os "factos":

--> "E a verdade é que as soluções possíveis são cada vez mais escassas e com menor qualidade";
--> "Carlos Vasconcelos parece uma carta fora do baralho";
--> "Mesmo Roriz Mendes – que seria um erro político grosseiro (...)";

Para mim, isto não são factos. São juízos de valor. Negá-lo e afirmar o contrário é ... bom, enfim.

Depois, sobre a tua "análise", à qual tens obviamente direito (tendo eu o direito de discordar dela), e sobre as razões "que ninguém nega".

Dizes que "(...) a dificuldade em encontrar um cabeça-de-lista é, na prática, o motivo da actual crise interna". Tenho uma perspectiva diferente: a razão desta crise é a dissidência de Rui Vítor Costa. A sua "fuga" é a razão para o aparente colapso do maior partido da oposição, não sendo, a meu ver, líquido que fosse ele o próximo candidato pelo PSD. Não me espantaria que o líder concelhio do PSD fosse um e o próximo candidato laranja à CMG fosse outro. Aliás, o mesmo se passa no PS, onde o líder da concelhia é you know who e o líder camarário é vocês sabem quem.

Anónimo | 22:43

Rapazito procura ocupação e salário permanente. Chama-se André, juro boas referências e vem do “puvidém”. Alguém ajuda o catraio ?

Anónimo | 23:24
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Samuel Silva | 02:29

Victor,

vamos a isto. Factos: Carlos Vasconcelos está afastado há largos meses da vereação por motivos profissionais. Este distanciamento leva, por ora, a uma disanciamento do partido que o coloca como carta fora do baralho na disputa das autárquicas.

Facto: O nome de Roriz Mendes veio a público como um dos convidados a assumir a candidatura. Considerá-lo um erro politico é a minha análise, obviamente. Porque não vejo em Roriz Mendes a pessoa de que Guimaraes precisa como alternativa à actual liderança autárquica.


Facto: Se esses quatro nomes não avançam, e face às poucas soluções que se vislumbram dentro do partido a nível local, parece claro que quem resta não tem o mesmo peso. Daí que as opções sejam menos e em menor qualidade.

Obviamente que cada facto é passível de valorização. Foi o que fiz.

Também não me espantaria que o líder concelhio do PSD fosse um e o próximo candidato laranja à CMG fosse outro. O que digo é que quem quer que seja qual for a escolha para o proximo lider da concelhia, vai ajudar a perceber o caminho que o PSD quer seguir nas autarquicas.

Anónimo | 10:45
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Rui Osório | 23:12

é difícil ser oposição em guimarães, é como tu dizes, "carne para canhão". Não é com Marques Mendes nem com outro que o psd ganha as próximas eleições, quando se vê resultados e o povo está satisfeito não a nada a fazer. Quanto ao autor do blog, não te intimides, estamos numa democracia, quem não quiser ler as tuas opiniões que não venha aqui.

Anónimo | 10:02
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Anónimo | 09:02

Parece que estamos no tempo do Estado Novo. Só mensagens censuradas.
Oh Guimaraes teu progresso e,,,
Viva Guimaraes,

Anónimo | 10:55

Os blogs são uma espécie de Nova Inquisição. Em muitos deles impera a lógica de disparar primeiro e perguntar depois; em muitos deles reinam aspirantes a directores de jornais ou revistas de opinião esclarecidas; opinion makers pejados de ademanes e trejeitos à Pulido Valente, putativos norte-coreanos; sob a capa da liberdade de facto, abundam enxovalhos ao nome de qualquer pessoa, opiniões esclarecidas sobre tudo e nada e cortes sobre comentários, uns eivados de insultos diarreicos, outros pouco apropriados à visão dos "administradores"...
Era bom que trocassemos algumas ideias sobre o assunto..
Mário de Carvalho.

Samuel Silva | 12:07

Anónimo das 9.02:

Isso das comparações com o Estado Novo é apenas falta de rigor histórico ou será pura tonteria?

Neste blog nunca viu ser apagado um comentário com conteúdo insultuoso para o seu autor. E já foram vários.

Não se admite é que a caixa de comentários seja utilizada para atingir terceiros. O que justifica os comentários eliminados neste post.

A partir de agora acabou a brincadeira: quem quiser comentar no Colina Sagrada terá que assumir aquilo que diz em nome próprio.

José de Sousa Bandeira | 17:19

Aqui vão troando
Os ecos das bombas,
Que estouram nas trombas
dos Rinocerontes

azemelvimaranense.blogspot.com

Rui Rodrigues | 17:44

A crise no PSd de Guimarães tem mais de vinte anos e seria demasiado longo estar a contá-la aqui.
Importa antes de mais salientar que se não fossem os blogues como este a discutir,analisar e até investigar o assinto passaria despercebido á comodista imprensa local.
É obvio que a verdadeira razão da demissão de Emidio Guerreiro foi o facto de a lider do PSD ter determinado que os candidatos ás camaras não podem ser deputados.
E falhado Rui Vitor,falhado Roriz é evidente que Emidio teria de assumir a candidatura.
E isso não quer ele porque gosta mais de ser deputado.
Não deixando de ser curiosa a leviandade com que se troca um cargo para que se foi eleito pelos militantes por um cargo (secretario geral adjunto) para que se foi nomeado por uma lider que não apoiou.
Porque emidio convém lembrar apoiou Passos Coelho.
Quanto á falta de tempo para presidir á concelhia e ser secretario geral adjunto é evidente que não passa de um pretexto.
Emidio é um politico profissional e o tempo sobra se se quiser trabalhar a sério.
Admite-se que ser deputado em Lisboa,viver em Coimbra e presidir á secção de Guimaraes complica.
Mas Emidio candidatou-se á concelhia porque quis.
Num tempo em que com rui vitor candidato á Câmara pensou que era a melhor forma de segurar o lugar de deputado.
Enganou-se.
Não foi a primeira vez !