“Está tudo calminho”

O trabalho de jornalista também tem destas coisas: rondas de polícia e bombeiros, para fazer o registo das ocorrências do dia. E isso normalmente é trabalho para os estagiários – que é o que eu sou.
Coube-me a mim, hoje, fazer o périplo telefónico pelas esquadras e quartéis do Norte, de Lamego e Vila Real, do Porto a Braga. A pergunta está mecanizada: “Bom dia, há alguma ocorrência a registar?”.
Quatro gabinetes diferentes – quatro. E a mesma resposta: “Está tudo calminho!”.
À primeira sorri. Sempre me divertiu o fenómeno “–inho”. O cafezinho que se toma de manhãzinha. E que nos deixa ficar mais quentinhos. Como o pãozinho: o pãozinho também se quer quentinho. Para passar a manteiga com jeitinho (que é bem capaz de ser o meu diminutivo favorito).
Mas a resposta repetiu-se, uma e outra e outra vez ainda. O diminutivo a ser usado numa conversa “oficial” com um órgão de comunicação social. Não é estranho, na verdade. Temos uma tendência estranha para miniaturizar tudo que fazemos ou sentimos. E assim se faz – patusca e deliciosa – a Língua Portuguesa.

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