O metro de Guimarães

Chamou-me à atenção um amigo – obrigado Fernando – que as dúvidas que levanto acerca do projecto para a construção de um metro em Guimarães estão respondidas no próprio documento (página 3) que faz a apresentação da intervenção prevista para a Veiga. Erro de quem está pouco habituado a ler projectos na sua fase técnica, pelo qual me penitencio.

Sendo assim, e segundo a leitura do documento que ele fez, o metro de Guimarães teria três estações terminais: Parque da Cidade, Silvares e Pevidém, atravessando boa parte da malha urbana fundamental de Guimarães

Seria desde logo uma resposta também às questões que levanto de necessidade de reforço do transporte público colectivo, mas tenho dificuldades em perceber o real percurso do metro a partir de um mapa abstracto. Aliás, convido os entendidos na matéria a ajudarem-nos a descortinar o percurso do metro.

Parece-me, desde logo, que o projecto começa mal, se não fizer uma ligação à estação de caminhos-de-ferro. A articulação da ligação com o Vizela, Sto. Tirso, Trofa e Porto com uma ligação interna à cidade é primordial. Isto com a perspectiva de que a ligação de Silvares possa ser facilmente prolongada até ao Ave Park. E daí a Braga é um saltinho.

Mas a ideia é excelente e tem tudo para poder catapultar Guimarães para um outro nível de cidade. Não só porque o metro é uma infra-estrutura com uma capacidade de transporte excelente a todos os níveis – ambientais, velocidade, conforto relativo. E depois porque existência de um metro tem uma carga psicológica (simbólica?) forte: até agora é algo apenas existente em grandes cidades – o do Porto é uma coisa muito recente, por exemplo – e equiparar, pelo menos de um ponto de vista teórico, Guimarães a grandes médias cidades como Valência, por exemplo, é um catalisador de desenvolvimento sem precedentes. Isto, se o envelope financeiro chegar para todos estes projectos…

3 reacções:

Anónimo | 20:54

Não importa apenas a capacidade de investimento inicial, mas também a rentabilidade corrente de funcionamento.

Veja-se o teleférico...

Zé Manel

Anónimo | 16:49

Acho que não é bem a mesma coisa o metro e o teleférico. O teleférico não é bem um meio de transporte orientado para a mobilidade urbana ao nível do metro. O teleférico está apenas virado para o turismo.
Acho espetacular a ideia do metro. A concretização ainda mais espetacular ainda. Se vier a acontecer. Mobilidade: estar no centro histórico e poder em menos de 10 minutos chegar a pevidém e ou a a silvares.

Samuel, o link pr'o documneto devia ser este: http://www.cm-guimaraes.pt/files/1/documentos/483370.pdf

Arq. Gervásio Palha

Anónimo | 15:38

O sector da mobilidade e dos transportes em particular necessitam de um tratamento à escala regional, para que a tal rentabilidade tenha maior probabilidade de ser conseguida.

A região onde Guimarães se insere tem um péssimo sistema de transportes, que vai da descoordenação de horários de operadores, do dimensionamento dos veículos (em muitos casos grandes de mais, poluentes de mais quase sempre), para não falar nas tarifas em vigor.

Não há qualquer preocupação quanto à forma como o utente é servido. Basta ir à central de camionagem de Guimarães. Desagradável logo à entrada. Para encontrar destinos, horários e o operador que tem o nosso destino é um verdadeiro quebra-cabeças. Depois ainda há que encontrar o cais certo de onde parte o nosso autocarro. Outra situação inconcebível é a falta de articulação com o caminho-de-ferro.

Uma solução possível passaria por uma concertação através de uma única entidade (a AMAVE começou por fazer um trabalho interessante que se perdeu pelo caminho). Um quadro electrónico informativo com destinos, horários e cais poderia ser a solução para a desorientação. A central deveria ser mais atractiva, mais bonita e limpa. E um mini bus deveria ir à estação de caminho-de-ferro fazer a ligação para a central de camionagem. Seria interessante pensar num bilhete único para os vários modos de transporte.

O metro será sempre uma boa solução complementar num sistema de transportes. Embora menos flexível, o metro é um modo de transporte mais amigável. A falta de flexibilidade pode ser uma vantagem – sabemos que dificilmente uma estação de metro muda lugar e assim sabemos sempre onde apanhá-lo. O metro seria uma óptima solução para ligar o interior da região.

No traçado seria necessário ter em conta a articulação com outros modos de transporte, a localização das estações, que deverão ser pontos desenvolvidos (e.g., como a campus universitário) ou com desenvolvimento potencial (e.g., como o AvePark). O metro contribuiria para uma imagem renovada que temos da cidade – mais moderna e cosmopolita.