Há um novo Vitória

Duas semanas depois de ser eleita, a nova direcção do Vitória está apostada em dar uma nova dinâmica ao clube. Nada que me surpreenda, mas que me apraz registar. Gosto de ver o clube a acordar de um longo pesadelo e a dar passos seguros que permitam colocar o Vitória no lugar que é, por direito, o seu: o de 4ª potência do futebol nacional.

As primeiras decisões da nova direcção do Vitória parecem-me bem acertadas. Anunciar um prémio de subida significativo é um tónico extra para a moral do plantel. A verdade é que, sem deslumbrar, o Vitória consegue solidificar a recuperação encetada nos últimos dias do consolado de Vítor Magalhães – uma espécie de elogio da anarquia, com a equipa a começar a ganhar assim que o presidente “saltou do barco”.

Por outro lado, o fecho do bingo é uma inevitabilidade. Este jogo deixou, há muito, de ser atractivo. Muito menos é uma fonte de receitas para o clube (pelo contrário, dá um prejuízo anual de mais de 150 mil euros, segundo os dirigentes vitorianos).

Já o anúncio da renovação de contrato do júnior Raviola é, antes de mais, de uma força simbólica que só demonstra inteligência. Primeiro que tudo, não é habitual que a renovação de um júnior tenha direito a conferência de imprensa e apresentação formal, como aconteceu ontem. Ainda para mais com a presença do presidente do clube e do vice-presidente para a área do futebol.

Deste modo deu visibilidade a um acto que prova que o Emílio Macedo passa das palavras aos actos em muito pouco tempo. Prometeu apostar na formação e, desde logo, dá um sinal claro disso. Há quanto tempo não víamos um júnior do Vitória ser promovido a profissional? Targino é caso raro nos últimos cinco anos. E pelo meio, o Vitória perdeu pérolas como Vitinha ou Cascavel.

Além disso, era público há uns tempos – especialmente desde que Raviola jogou e marcou com a camisola da Selecção – a perseguição de alguns grandes emblemas, nacionais e estrangeiros. E segurar a jovem promessa é um sinal de força da direcção vitoriana ao mercado e a alguns interesses do mundo futebolístico. De resto, as declarações do “empresário” de Raviola – que nem sequer é reconhecido pela FIFA – só confirmam isto mesmo.

Já este texto estava terminado e leio que o Vitória tem, desde o início do mandato da nova direcção, um novo director-desportivo.

Aqui já “a porca torce o rabo” … Vasco Santos tinha sido indicado na campanha como empresário de futebol com ligações privilegiadas ao Vitória.

Sem conhecer o percurso de Santos, nem sequer conseguir confirmar as acusações que lhe foram feitas, não me deixa nada confortável ver confirmada a sua relação privilegiada com o presidente do Vitória. Quanto mais não seja porque da razão a Manuel Rodrigues. E já tinha aqui dito que tinha receio que algumas das coisas que o candidato derrotado nas últimas eleições estivesse a falar verdade, e não apenas a fazer uma manobra eleitoral.

Além do mais, o Vitória parece alinhar numa nova era do futebol em que cada clube se “vende” a um determinado empresário, evitando assim o “transtorno” que é fazer o seu próprio recrutamento de jogadores. E isso não me agrada. Mas vai assim o negócio da bola, não é?

post scriptum - anda tudo a dormir em Guimarães, ou é impressão minha? O Vasco Santos está em funções há duas semanas e só agora alguém descobriu...?

UPDATE - 23/03 - 17.23: Mais sobre o novo assessor do Vitória aqui..

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