Turismos

Estou em Barcelona há umas semanas e, desde que aqui cheguei, fui conhecendo gente de diferentes países. Nada mais comum numa experiência Erasmus. E, de resto, um dos motivos que me levou a embarcar na aventura.

As conversas, nos primeiros dias, giram em torno das mesmas coisas: De onde somos? O que estudamos? Quanto tempo vamos ficar aqui?

Cheio de orgulho na cidade Berço, comecei por responder com convicção: “Guimarães, Portugal!”.
- “Qual és tu ciudad?...”, respondiam-me.

Lá se foi a convicção, ao fim dos primeiros dias. Património Mundial, futura Capital Europeia da Cultura, destino turístico fortemente promovido, com direito a zona de turismo própria e tudo… Estava à espera que, pelo menos, uns quantos colegas conhecessem Guimarães. Estava errado.

Atentem, estamos a falar de população universitária, com um nível sócio-económico, em teoria, acima da média. E Gumarães para eles era tão desconhecido como Sobradelo da Goma. Mesmo o único professor com quem até ao momento tive aulas – no curso de língua catalã que estou a fazer – desconhecia a minha cidade.

Bem sei que este não é o “target” etário preferencial da Zona de Turismo de Guimarães. Bem sei que grande parte dos colegas estrangeiros com quem tenho interagido têm um nível de conhecimento geral sobre o mundo que me espantou pela negativa – afinal em Portugal não estamos mal em tudo –, ao ponto de se discutir, um destes dias, em que país ficava Berlim…

Mas, a meu ver, isto não chega para justificar aquilo que se configura como um sintoma de que algo vai mal na promoção turística de Guimarães. Pergunto: de quem é a culpa? Afinal qual é a estratégia para a promoção vimaranense? E os estudos que avaliam o funcionamento da estrutura não dão conta de falahas como esta?

Até agora apenas dois colegas conheciam Guimarães. Sem espanto, eram italianos e sabiam que a sua Selecção tinha jogado na cidade Berço no Euro 2004. O que apenas vem contribuir para aumentar uma convicção que tinha há uns tempos (e que me serviu de argumento quando parecia ser socialmente reprovável apoiar o “faraonismo” do Euro 2004): vale mais um mês como palco da bola, que dez anos de promoção tradicional de Guimarães como espaço turístico.

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