2009 em revista
Fotografia de trekearth.com.
O fim de ano é o período ideal para balanços. Multiplicam-se os artigos e as peças na comunicação social (e nos blogues) sobre o melhor e o pior do ano. Aqui deixo também a minha visão do que se passou em Guimarães no último ano.
2009 foi um ano de muitas eleições. Para Guimarães parece-me que o melhor que há a registar foi a eleição de seis naturais de Guimarães para a Assembleia da República (embora apenas 5 pelo círculo eleitoral de Braga). Miguel Laranjeiro e Sónia Fertuzinhos (quem?) foram novamente eleitos pelo PS. Com eles continua Emídio Guerreiro, a quem agora se juntam na mesma bancada Pedro Rodrigues e Francisca Almeida. Consta que Alberto Martins, o cabeça de lista do PS pelo Porto, também nasceu em Guimarães, embora não seja por cá visto desde a década de 1960. É desde Outubro Ministro da Justiça.
Em Outubro de 2009 houve eleições autárquicas, tendo estas resultado numa enorme vitória eleitoral para o PS de António Magalhães. É inquestionável o peso que o Presidente de Câmara tem no concelho, que continua assim o seu feudo.
Neste ano que passou foram-se sabendo novidades da Capital Europeia da Cultura 2012. Criou-se uma Fundação e passaram-se atestados de incompetência aos locais ao só chamar gente de fora para a dirigir. A política continua a ser a mesma: preparar o projecto no maior dos segredos, sendo a informação divulgada a conta-gotas quando as decisões estão tomadas e os processos em andamento. A excepção foi o projecto do Toural, rejeitado de forma veemente pela população. Dos outros quatro, apenas dois, o Campurbis e a feira semanal, continuam como estavam. Certo é que faltam menos de dois anos para o evento e ainda nenhuma das obras anunciadas começou a ser feita. Pá ninguém duvida que se repetirá por cá o que aconteceu no Porto em 2001, onde o único projecto que ficou para a cidade foi inaugurado quatro anos depois do evento.
Ainda sobre a CEC, é do conhecimento geral (até porque a polémica chegou a aparecer nos jornais) a incompatibilidade entre aquele que foi, para o bem e para o mal, o rosto da cultura em Guimarães nos últimos anos, a Vereadora Francisca Abreu, e a senhora que foi chamada a dirigir 2012, Cristina Azevedo. Esta querela terá até levado António Magalhães a intervir, sem sucesso, na elaboração das listas de deputados, nas quais tentou integrar a sua Vereadora. A ver vamos onde isto vai dar.
Na oposição, a grande surpresa foi o CDS, a ressurgir das cinzas, tendo conseguido mais do que duplicar o seu resultado eleitoral. Também o seu grupo parlamentar na Assembleia Municipal já conquistou o seu espaço. A CDU sofreu também uma pesada derrota. O BE continua como dantes, irrelevante. O PSD está em "banho-maria" após a pesada derrota nas Autárquicas. Procura reorganizar-se e repensar-se para o próximo "combate".
Por fim, o mais importante. Continua o ritmo de encerramento de empresas na nossa região, o que tem arrastado muita gente para o desemprego e sem grandes perspectivas de futuro. Os desempregados da região já têm uma idade considerável mas são muito novos para a reforma, têm família para sustentar e perdeu os meios para o fazer, tem um nível de formação baixo e não encontra soluções viáveis para o que aí vem. É um drama para o qual não há resposta. Os caminhos abertos pelos nossos dirigentes para a economia não os inclui. Há um enorme grupo de vimaranenses, de minhotos, de portugueses que não irão embarcar no comboio que nos prometem. Para eles, não serão as indústrias criativas nem de alta tecnologia que lhes darão de comer.
Não sei se relacionado com este desemprego está o aumento da criminalidade. Não sei sequer se as estatísticas reflectem a insegurança que é cada vez mais sentida nas ruas e pelos cidadãos. Cada vez ouvimos de mais assaltos na cidade, a casas, lojas e transeuntes, a horas e a desoras.
Não sei como será o ano que agora começa, mas não me parece que seja o da anunciada recuperação. Infelizmente vejo oportunidades a passarem-nos ao lado e problemas a avolumarem-se. Gostava de, daqui a um ano, vir cá dizer que me enganei.
8 reacções:
Caro Tiago,
Deixas-me a entender que não conheces a Sónia Fertuzinhos. Não sabes mesmo quem é ou deixas um tom irónico na afirmação para não teres que fazer algum tipo de crítica extensível aos deputados do PSD?
Nenhuma das obras anunciadas começou a ser feita, no que diz respeito à CEC? A recuperação da zona da couros está em andamento, e alguns dos projectos que por lá se concretizarão de paredes ao alto. Bem como a finalização das negociações de compras de edifícios e terrenos para outras situações.
Mas mais perplexo me deixas quando dizes que ninguém duvida que se repetirá por cá o que aconteceu no Porto em 2001. A questão é outra: Alguém dúvida? As dúvidas eu sei de onde vêm, mas na hora de serem confrontados com elas, confiam todos e são os maiores apoiantes da CEC que se conhecem.
Se estás à espera de projectos concretizados em 2016, vai tirando o "cavalinho da chuva". Não contes com o poder local para isso. Meados de 2012 tens tudo no terreno, pronto ou a finalizar. E mais! 2012 não são 5 projectos ao alto a 31 de Dezembro de 2011. São 365 dias de festa e obra edificada, bem feita, negociada, e que perdure por muitos e longos anos ao serviço da criação cultural, e inovação artística de Guimarães.
Sobre o desemprego deixo-te uma conclusão: a abertura de shoppings não resolve o problema dos desempregados do concelho. Mas indústrias criativas e alta tecnologia exigem demasiada formação. Os CNO's estão a abarrotar. Em que meio-termo ficamos?
Por fim, e já vai longo o comentário: Em que rua de Guimarães te sentes inseguro, mesmo?
alguém duvida. e não alguém dúvida.
É que estava mesmo sem paciência para balanços. Queria mesmo evitar este lugar-comum de transição de calendário, mas há uma ou outra coisa que afirmas que me merecem comentário.
Desde logo quando dizes "ninguém duvida que se repetirá por cá o que aconteceu no Porto em 2001, onde o único projecto que ficou para a cidade foi inaugurado quatro anos depois do evento".
Quanto a isso eu estou CHEIO DE DÚVIDAS. Desde logo porque tenho quase a certeza de que todas as obras vão estar prontas a tempo. A única dúvida que eu tenho é se o CampUrbis não vai sofrer cheias em 2012. Quanto ao mais, as obras estão com o calendário que me parece correcto.
Concordo com a análise que fazes do problema do desemprego. Mas também acho que o caminho escolhido pode ser o mais acertado. Haverá vítimas, mas era o caminho necessário. Quem perdeu agora o emprego dificilmente o voltará a recuperar. Mas ao mesmo tempo a economia de Guimarães está a entrar um novo caminho que poderá dar-lhe o que não tem tido: Futuro.
Por último, voltas a abordar a questão da insegurança. Descontando a ligação mais do que questionável entre o aumento do desemprego e essa suposta insegurança, há outro assunto que me parece pertinente. Covinha comparar Guimarães com as cidades da sua dimensão e ver a que nível está.
Os últimos números que vi colocavam-nos entre as cidades mais seguras. Por muito que a envolvente possa ter mudado, não me parece que essa questão tenha tido uma alteração assim tão significativa.
Meus caros amigos,
Começando pelo princípio: Sónia Fertuzinhos. Não me considero uma pessoa desatenta do trabalho parlamentar, mas muito poucas vezes ouvi falar de Sónia Fertuzinhos nos últimos anos. Aliás, sempre que a vi foi em fotografias, em que aparecia ao lado ou atrás de Miguel Laranjeiro, seu colega de bancada e com trabalho para mostrar. A única vez que me lembro ter ouvido falar de Sónia Fertuzinhos foi numa entrevista que deu (penso que à revista Pública) em que não falava do seu trabalho parlamentar.
Projectos para 2012: espero, como disse, estar enganado.
Acho o Campurbis um projecto muito importante para o desenvolvimento futuro da cidade. Mas dou um exemplo: a Casa da Memória, a ser instalada na Fábrica Pátria. Tenho sérias dúvidas que esteja pronto no decorrer de 2012. Mas a ver vamos...
Quanto à insegurança, é um sentimento que venho notando em muita gente. As notícias de assaltos acumulam-se e têm acontecido com frequência e uma violência que não era habitual. Quantos assaltos houve no ano passado em espaços comerciais, durante o dia, no centro da cidade, à mão armada? E quantos assaltos houve a transeuntes nas mesmas circunstâncias? Muitos mais que o habitual.
Sónia Fertuzinhos é só(!!!) líder das mulheres socialistas, e vice-presidente da bancada parlamentar da Assembleia da República.
Quanto aos dois outros pontos leio: pura especulação.
Então deve ter sido nessa condição que foi entrevistada para a Pública. A continuar a onda dos mais recentes "porta-vozes" do PS para transmitirem mensagens "difíceis", julgo que a verei com mais frequência nas notícias nos próximos tempos, às tantas a criticar Cavaco Silva. Pura especulação, claro.
Como é especulação dizer que dentro de dois anos não estarão prontas as infra-estruturas de grande dimensão que ainda não começaram a ser construídas ou que sequer têm o seu projecto finalizado...
Tiago,
Sejamos sinceros: preferias que a Câmara, tendo como prioridade o 1 de Janeiro de 2012, e não o mesmo dia em 2013, como data de final de de organizações mas de análise do que é obra edificada e passos dados no caminho do desenvolvimento de Guimarães, tivesse dado o preço que queriam pelo Jordão há meses e a obra estivesse no terreno esbanjando o pouco dinheiro que há para o efeito (talvez com derrapes ao nível da casa da música do porto, especulação claro!), ou que trate de tudo metodicamente, gerindo com pinças os valores que possui e todas as negociações em que os vai gastar?
Ainda sobre a tal insegurança: há um jornal de Guimarães que até escreveu uma "reportagem" a dizer que a criminalidade é na zona da sopa dos pobre e que acontece mesmo por isso! porque eles roubam ali porque é onde comem! É neste tipo de noticias que baseias a tua opinião? Neste tipo de jornalistas? Ou é na vivência de quem como tu eu conhecem as ruas de Guimarães, da rua nova ao Ourado, da Rua de Couros ao bairro da Feijoeira, e não sente receio algum de andar sozinho na rua seja às 11 da manhã ou às 4h da madrugada?
Paulo, a Câmara fez bem ao não optar pelo edifício do teatro Jordão. O último preço exigido de que eu tive conhecimento era proibitivo. Para além disso, havia o problema de concentrar as novas infra-estruturas culturais na mesma rua, o que me parece claramente desajustado. Muito embora continuemos com aquele belo edifício desaproveitado.
Sinceramente, e já falamos sobre isto, o que eu preferia é que as coisas tivessem avançado há mais tempo. A sensação com que se fica é que houve a certa altura muito tempo desperdiçado!
Isto, claro, partindo do pressuposto de que a CEC seria feita nos moldes em que está a ser projectada.
Nem sequer li a reportagem em causa. A verdade é que começo a olhar bem à minha volta quando ando sozinho pela rua. Ainda no mês passado, como também já tive oportunidade de te contar, um conhecido meu foi assaltado com violência quando andava precisamente numa rua em que passo regularmente no meu caminho para casa. E os assaltos feitos nesse mesmo percurso têm sido muitos! Quantas lojas foram assaltadas no último ano no Toural e na Rua de Santo António, por exemplo? Não me lembro que esses mesmos assaltos fossem tão habituais no passado.
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