Da Assembleia Municipal de Guimarães
Já tinha há vários dias, desde a discussão do Plano Plurianual de Investimentos e do Plano e Orçamento da Câmara Municipal, em Assembleia Municipal, a intenção de discorrer algumas considerações sobre o órgão que mais respeito em democracia, tanto ao nível de freguesia, como municipal e mesmo nacional: A sua Assembleia. A discussão recente neste blogue levou-me para a frente da folha em branco.
Findas as eleições e constituída a Câmara de maioria “absolutíssima” de António Magalhães, reuniu já por 3 ocasiões o órgão que fiscalizará a sua acção.
Desde já saltam à vista 3 considerações fundamentais: O MRPP desapareceu, o CDS dobrou a sua representatividade e os dois maiores partidos políticos vimaranenses reforçaram as suas bancadas de forma distinta: O PS reconduziu o passado e aproveitou o crescimento, resultado do reconhecimento da população no último acto eleitoral, para alicerça-lo numa segunda linha jovem, na casa dos 35, promissora. Já o PSD, apesar do emagrecimento em número, optou também por meia-dúzia de caras jovens, mas essencialmente, por uma politica de reaproveitamento e reutilização, tentando recuperar todas as peças com que já tentaram no passado, mas invariavelmente falharam ou foram substituídas por questões que a mim não me dizem respeito.
Mas com algumas Assembleias decorridas é já aceitável que se comecem a criar as primeiras impressões. O Bloco de Esquerda reforçou-se na juventude do deputado Frederico Pinheiro. A primeira impressão é francamente negativa. Um discurso formatado, com a necessidade de o tentar carregar ideologicamente assente em premissas erradas e propositadamente agressivo, sem respeito, já por mais que uma ocasião, pela restante composição do parlamento local.
O CDS está a ser uma surpresa. Não deixam pontas soltas, preparam cada ponto como se do mais importante se tratasse, e intervêm nem que seja para dizer que estão em total acordo com o proposto. Excesso? Talvez. Mas mostra o respeito e dedicação para com aqueles que os elegeram para lá estarem.
A CDU mantém o estilo. Tem agora uma deputada dos Verdes, que é a grande novidade daquela bancada.
No PSD nota-se alguma necessidade de serem mais força de bloqueio do que oposição responsável. Para o seu grupo de deputados tudo o que é proposto está errado e havia alternativa claramente superior para o fazer. Alguns regressos, das tais peças que não funcionaram bem no passado, eram claramente dispensáveis, porque trouxeram o registo passado: a insinuação e o ataque pessoal. Veremos ao que isto leva. Mas de uma coisa dificilmente os poderão acusar: deixaram de fora este ou aquele. Para esta sinfonia, que acreditam ser o acto final da mesma música dos últimos 20 anos, trouxeram a orquestra toda. Parece-me no entanto que Carlos Vasconcelos enquanto maestro, terá que dar uso à batuta. Ainda estão todos a tocar muito desafinados.
A bancada do PS, será publicamente mais difícil de analisar, por ser parte integrante da mesma, mas deixa-me até agora satisfeito. Em apenas 3 assembleias já fez chegar até aos microfones um grande número de deputados, entre caras de sempre como o regressado Raul Rocha (em grande nível na última sessão) ou António Mota Prego, deputados de nível reconhecido como Miguel Laranjeiro ou Miguel Alves, até às caras novas em tempo de mandato ou idade como Jorge Cristino ou Ricardo Costa.
De uma forma global é justo dizer-se que todos os Partidos partem com as armas, disponíveis ao nível local, carregadas das suas melhores munições. Estamos já em andamento numa batalha de 4 anos que se vislumbra virtuosa, difícil para todos mas que se espera justa e nivelada pelo respeito mutuo e pela dignificação das posições concedidas democraticamente pelos vimaranenses.
1 reacções:
Tinha pensado em fazer um texto semelhante de análise das primeiras Assembleias Municipais do mandato. Dado que te antecipaste, prefiro fazer um comentário. Perdoem-me desde já se for excessivamente longo.
Tal como tinha antecipado na sequência de textos que escrevi aqui no blogue em forma de análise Às listas autárquicas dos dois maiores partidos, a AM ganhou dimensão e qualidade com a nova constituição.
Mas, tal como também já antecipava aí, penso que o PS está um pouco mais frágil. Começo por aí: é confrangedor ver algumas intervenções do PS e reparar nos comentários que se ouvem nas últimas filas da bancada. Deve ser problema do crescimento do número de deputados, mas chega a dar vergonha alheia.
Ainda assim, o PS ganhou com a mudança de líder. Miguel Laranjeiro é vinho de outra pipa, usando um termo popular, pelo que não percebo um comentário lido aqui no blogue há dias sobre a suposta falta de estaleca do deputado. Laranjeiro é dos melhores que ali estão, pecando apenas nas vezes em que faz lembrar Sócrates na argumentação e vocabulário ("modernidade", "determinação", "ambição" e vocábulos conexos).
À esquerda do PS, pouco de novo. A CDU mantém o mesmo nível, com a novidade para já interessante da deputado dos Verdes. O BE ganhou qualidade com Frederico Pinheiro. Mas não muita. Isto porque o que FP poderia ter como mais-valia, perde-a quase toda pela forma com o faz. Arrogância, violência de discurso e uma falta de sentido de responsabilidade mais típicos de um post aziado num blog do que de uma intervenção na AM.
Por fim, parece-me que a melhoria substancial da AM vem da Direita. O CDS finalmente existe. Estou muito longe da posições do partido (nomeadamente em matéria de segurança) mas reconheço seriedade nas propostas e na abordagem e uma voz diferente na AM. Muito por mérito, concordo contigo, de Nuno Vieira e Brito, uma excelente surpresa.
O PSD ganhou também com a nova composição. Gosto muito de ouvir Luís Cirilo e a forma como intervém. E tem sido quase sempre pertinente. E Carlos Vasconcelos tem dado acutilância à bancada nas respostas às intervenções do PS, o que tem tornado o debate politico na AM muito mais estimulante, quanto a mim.
Dois contras para o PSD: A bancvada continua a parecer desorganizada. Quando de repente aparecem meia dúzia de deputados a querer intervir ao mesmo tempo, às vezes para nada acrescentar à discussão. E não entendo como é que continuam a deixar falar Roriz Mendes. Aquela forma de fazer poítica não é deste tempo.
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