CCVF: jovem, transversal, regional
Desde logo, o dado que salta à vista é que o CCVF é uma sala de todo o Norte. 58 por cento dos espectadores são de fora de Guimarães. De entre estes, os habitantes do Grande Porto (40 por cento) e de Braga (17 por cento) são os que mais frequentemente assistem a espectáculos naquele espaço, mas a abrangência do centro cultural chega também à zona centro e à Galiza.
Vejo este sinal como positivo da forma marcante como o CCVF tem contribuído para divulgar Guimarães. No entanto, de entre os vimaranenses que são frequentadores habituais do centro cultural, há um claro desequilíbrio geográfico que, sendo explicável, deve ter a sua diminuição como objectivo.
10 por cento dos espectadores do Vila Flor vão a pé para os espectáculos. Sinal de que o público de Guimarães é predominantemente do centro urbano. Aliás, na apresentação foi mostrado um mapa do concelho que mostra a proveniência dos espectadores. A maioria é das freguesias da área urbana mais recente (Azurém, Urgezes, Creixomil), seguindo-se as três freguesias do centro tradicional, as vilas do Sul do concelho e da envolvente das Taipas. Quanto ao restante concelho, dois terços tem Zero por cento de espectadores no CCVF.
Os dados ontem apresentados mostram também uma grande transversalidade de públicos, nomeadamente a nível dos hábitos de consumo. João Teixeira Lopes sublinhou que coexistem “públicos que procuram eventos de massas com públicos de espectáculos eruditos”. Também a nível etário existe uma grande heterogeneidade de públicos, ainda que maioria dos espectadores tenha menos de 35 anos (quase 60%), enquanto que 46 por cento dos frequentadores do CCVF são licenciados.
55 por cento dos espectadores são mulheres, ao passo que 42% são trabalhadores assalariados qualificados. O CCVF tem também uma forte penetração na população escolar, sendo que 15% dos espectadores são estudantes. Outro dado relevante é o facto de 56% dos espectadores desconhecer o cartão CCVF. Destaco ainda o facto de 75% dos inquiridos afirmarem que frequentam outros espaços de cultura de Guimarães, destacando-se o CAE São Mamede, que partilha com o CCVF 48% do público.
Nos últimos quatro anos o CCVF recebeu 1670 espectáculos, o que atraiu 370 mil pessoas à sala vimaranense. O estudo do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto, coordenado por João Teixeira Lopes, validou 861 inquéritos, que estão na base das conclusões ontem apresentadas.
Dentro de sensivelmente um mês será apresentado o relatório final do estudo, que já inclui os dados de entrevistas, observações e recolha etnográfica realizados pelos investigadores. A autarquia anunciou a intenção de tornar esse estudo público e promover uma discussão dos resultados com a população.
1 reacções:
Saber que o Vila Flor tem uma dimensão regional é uma óptima notícia.
Talvez a proporção pareça exagerada, embora eventos como o Guimarães Jazz e o Manta sejam claros cartazes de atracção de público de fora do concelho.
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