Das eleições: decisão

Estão finalmente definidas as datas das últimas eleições de 2009. Dia 27 de Setembro vamos às urnas eleger os representantes por circulo eleitoral para a Assembleia da Republica e por consequência o novo Primeiro-Ministro. Duas semanas depois, a 11 de Outubro teremos Autárquicas. A decisão conjunta de Primeiro-Ministro e Presidente da Republica correu bem, e há que reconhecer-lhes o mérito de respeitar a democracia.

Durante as férias, é certo, o tema quente será sempre a discussão do trabalho do governo que cessa funções, e sobrarão 15 dias para se discutirem os órgãos de gestão local. Sabendo de antemão que um resultado eleitoral demora sempre uma semana a dissecar, e que tal acontecerá por certo, sobra uma semana eficaz para campanhas autárquicas. Em que se vai discutir muito pouco.
Ganhe quem ganhar a primeira eleição, seja qual for o próximo governo, esse resultado eleitoral trará um élan mais do que suficiente para virar eleições em locais disputados.

Na minha opinião, como já fiz questão de o dizer anteriormente, a solução de fazer ambas as eleições no mesmo dia era um atentado à democracia, mas não deixo de ressalvar que dentro dos prazos que cada eleição tinha como balizas poderiam ter resolvido por datas mais separadas de forma a conseguir ter dois debates distintos e esclarecedores para cada um dos palcos.

Mais ainda, esta proximidade de duas semanas traz um problema acrescido: a mobilização. Será extremamente complicado levar consecutivamente às urnas uma população que acabou, nas Europeias, de dar provas de falta de interesse pela situação politica.
Dentro das possibilidades que se colocavam esta acaba por ser um mal menor. Não satisfaz mas também não atenta contra a democracia. Agora fica na mão dos portugueses.

A ler:
Governo marca data das eleições autárquicas para 11 de Outubro, Publico
Cavaco marca eleições legislativas para 27 de Setembro, Publico

6 reacções:

Samuel Silva | 14:49

É uma derrota para o PSD e para Manuela Ferreira Leite. Quanto ao mais, de acordo: as autárquicas vão sair prejudicadas com as ondas que se levantarão depois das Legislativas (mudança de ministros, novas políticas, etc.)

Tiago Laranjeiro | 15:32

Samuel, não vejo porque seja isto uma derrota para o PSD e/ou para a sua presidente. Manuela Ferreira Leite expressou a sua opinião quando esta lhe foi pedida. Está na sua legitimidade e tem a sua justificação. A sua posição é tão legítima como a de quem tem a opinião contrária. Não se trata aqui de uma batalha política.

Ainda que em política todos os pormenores contem, não me parece que aqui haja pano para classificarmos uns como vencedores e outros como vencidos. Tanto mais que não foi uma matéria em que houvesse necessidade de debate político e decisão por votos: a decisão estava nas mãos de uma pessoa, ou melhor, duas.

Paulo Lopes Silva | 16:14

Parece-me justo dizer que Manuela Ferreira Leite tem aqui uma pequena derrota. Não só porque vê a sua opinião de falta de respeito para com a democracia contrariada, mas também porque este cenário não me parece ser de todo o mais favorável para o PSD. O tempo o dirá.

Tiago Laranjeiro | 16:32

Paulo, parece-me imprópria essa da sua posição de desrespeito pela democracia. Parece-me imprópria pelo seu historial de luta política pela liberdade, como dirigente associativa ainda nos seus tempos de estudante, quando pugnou pela liberdade durante o Estado Novo e por todo o seu percurso em democracia e dentro do PSD.

Eleições legislativas e autárquicas no mesmo dia não são um desrespeito pela democracia. Reconheço validade aos argumentos favoráveis a essa posição. Pessoalmente sou contra, mas por outros motivos, pois penso que pode haver eleitores a confundir os dois actos eleitorais - o que, de resto, acabará por acontecer dada a proximidade das datas e sobreposição das campanhas.

Paulo Lopes Silva | 16:47

O passado das pessoas, embora não possa ser esquecido não poder fazer passar em claro uma posição do presente. E não reconheço além da poupança de uns 'trocos' qualquer argumento válido para a data das eleições ser no mesmo dia.

O facto de as pessoas se deslocarem duas vezes tão seguidas pode servir para obrigar a diferenciar na cabeça das pessoas o que são umas e outras. Pode até vir a ser benéfico a essa falta de esclarecimento.

Samuel Silva | 19:54

Tiago,

Ferreira Leite manifestou-se publicamente sobre o caso. Defendeu de forma veemente as eleições simultâneas. Utilizou argumentos graves (no sentido de importantes) para justificar a sua posição.

Se o PR escolhe a posição contrária é derrota. Não é, claramente, uma derrota importante, mas é uma derrota objectiva.

Agora, esta escolha, ainda que me agrade pelo facto de se evitar a simultanidade, mantém um problema de desvalorização de um dos pilares do nosso sistema democrático: as autarquias.