Roubaram-nos a Sofia Escobar


Não bastava elogiar o miserável filme que ganhou oito Oscares (se fosse crítico de cinema, só não lhe dava bola preta por respeito às crianças exploradas e pela belíssima Freida Pinto), Mário Augusto roubou-nos a Sofia Escobar na Visão desta semana.

14 reacções:

Paulo Cunha | 21:26

vindo da boca deste vendedor da banha da cobra, como muito bem o definiu Fernando Lopes, não é de espantar...

João | 00:36

A falhar por falhar antes Viana do Castelo que...Braga :)

O Slumdog Millinaire é pelos vistos daqueles filmes que ou se adora ou se detesta! Dois críticos do Público classificaram-no com bolinha preta...Pessoalmente acho essa classificação injusta. Mas também já desisti de confiar nas classificações atribuídas pelos críticos.

Melhor filme para mim seria o "The Reader"!

Samuel Silva | 01:02

Caro João,

ainda não vi o The Reader, portanto não sei o que dizer. Aliás, foi o único que ainda não vi.

Acho as escolhas deste ano claramente inferiores às do ano passado. Um filme como There Will Be Blood ganhava de caras este ano.

Benjamin Button é visualmente cativante, mas perde-se o fio da história e Fincher (que eu adoro) limita-se a ser competente.

O melhor parece-me ser o Milk (ainda que, apreciando Gus Van Sant, não o tenha "visto" no filme).

Às vezes também tenho dificuldades em perceber os críticos. Tirando um ou outro, raramente estou de acordo. Por exemplo, recentemente arrepiei-me (de espanto e sei lá mais bem o quê) ao ver "5 estrelas" ao Austrália.

Quanto ao Slumdog. Descontando a questionável exploração dos miúdos locais. Descontando o olhar superior (mascarado de fascinação) pós-colonialista sobre a India. Descontando a mitificação da pobreza que me arrepia. Descontando os lugares-comuns (Pobreza mais uma vez, as vacas sagradas e o rio, o Taj-Mahal, etc).

Descontando tudo isso (que era o suficiente para olhar de lado para o filme), há uma historinha conto de fadas não muito inovadora e uma salganhada visual.

Planos à bollywood, câmara guerrilheira à "Cidade de Deus", realização à moda da TV (com uma insuportável subalternização do cinema). A isto junte-lhe uma história que me pareceu óbvia.

A meio do filme já me tinha passado pela cabeça o final. Comentei com quem estava a ver o filme comigo e a reacção foi "Não, era demasiado óbvio". E foi.

Pronto, já desanquei no filme :)Mas é apenas uma opinião pessoal.

De qualquer dos modos, os Oscares têm um valor infinitamente inferior ao que a vox populi lhe atribui, quanto a mim.

João | 11:05

Olá Samuel,

A minha primeira impressão quando ouvi falar do Slumdog Millionaire foi: "Um filme sobre um concurso de televisão? O Quem quer ser milionário?". Nunca pensei que alguém se lembrasse de fazer tal coisa. E esse pormenor aguçou logo o meu interesse. Fazer uma história destas em cinema é difícil e improvável.

Slumdog é um filme exótico. Leva-nos, como dizes, e bem, a lugares-comuns, à miséria humana. Nada de novo, portanto, para nós. Mas na Índia o filme foi muito condenado. Em Bollywood não há miséria. O que passa nas telas dos cinemas é luxo e ostentação.

E, nesse aspecto, o filme de Danny Boyle foi uma chicotada. Os políticos indianos não gostaram nada. Só por esse aspecto já merece o meu respeito.

Mas concordo contigo. Não o classificaria como melhor filme, muito menos como oito Oscares!!Um exagero!

O Milk é um grande filme. Provavelmente em condições normais (sem o Slumdog) era o grande vencedor.

E o Benjamin Button peca por ser muito longo!

ps: também reparei nas 5 estrelas ao Austrália e achei um absurdo. Acho que eles dão estas classificações pra pôr o pessoal a discutir isso nos blogues.

Samuel Silva | 13:25

Não sei se será para por a discutir nos blogues, mas às vezes parece-me que alguma coisa de provocação e de auto-afirmação nas avaliações de (alguns) críticos.

Pedro Morgado | 16:04

Mas que gaffe imperdoável...

João Gil | 14:02

Boas Sama,

Eu também elogiei o Slumdog Millionaire e não acho que seja um filme miserável. "Miserável" parece-me um exagero. Um filme que vem a ganhar tudo quanto é prémio não pode pode ser "miserável", quando muito pode estar sobreavaliado (por exemplo, o Titanic ganhou imensos prémios e eu também acho que não os devia ter ganho). Podes não ter gostado, mas classificares o filme de "miserável" já acho um exagero.
Quanto aos críticos do Público, já nem estranho muito, de vez em quando gostam de desancar desenfreadamente num filme como se de uma moda se tratasse.

Em relação à moça de Guimarães, é um erro inacreditável, parece que até fazem de propósito, enfim...

Cheers,

João Gil

Samuel Silva | 17:00

Amigo Gil,

Podia fazer um jogo com palavras a dizer que o filme era miserável porque retrata miséria. :)

Não. Considero o filme miserável porque não atinge padrões mínimos do que eu considera bom cinema. Como já expliquei noutros comentários: a história é corny e lamechas. Previsível e cheia de lugares comuns. E depois a realização é pobrezinha e muito "televisiva".

Ao contrário do que se costuma dizer:gostos discutem-se. É mais difícil é de conciliá-los :)

Não falava só dos críticos do Público, mas dos ditos no geral. Às vezes dá-lhes para desancar. Noutras dizem bem, nem percebemos como.

João Gil | 18:06

Claro que as nossas opiniões, tal como as dos críticos, são exectamente isso: opiniões. Não são verdades inquestionáveis. Há que respeitar todas eu respeito a tua.

Mas isso não me impede de voltar a discorar. Os padrões daquilo que é bom cinema também incluem histórias tipo conto de fadas, mundos sonhados. O cinema também é isto, não tem apenas de dar uma impressão de realismo puro. Mas no caso deste filme, até estão lá as duas coisas. O filme faz um contraste surpreendente entre os dois mundos.
Cinema também é cor, espectáculo, magia. As grandes histórias de amor são parte integrante dos melhores momentos da históra do cinema. Pode não ser dos géneros preferidos (o meu também não) mas faz parte e não tem de ser diminuido por isso. Para não falar do excelente casting do filme, com actores que nunca ouvimos falar na vida e que têm interpretações absolutamente fabulosas.

Para mim, um filme é sempre muito bom quando tento imaginar algo parecido e não consigo.

Abraço,

JG

Samuel Silva | 18:30

Nada contra a fantasia, embora seja tenha gostos que andam algo nos extremos. Ou muito mais próximos do realismo, ou o delírio completo.

O Slumdog não é bem isso, mas tenta ser. Por isso digo que é corny. O Boyle acha que é tão cool como, p.e., Tarantino, mas não tem metade da classe. E depois exagera.

O filme é cheio de exageros. E repito: é óbvio. É muito óbvia aquela cena final com a ajuda do telefone.

Percebo o que dizes. Compreendo que gostes do filme. E ainda mais a forma como tem sido recebido pelos festivais de cinema e por Hollywood. Só que a mim não me convence.

E eu quando embirro para um lado... lol

Quanto ao casting: abençoado o senhor que desobriu a Freida Pinto. O Woody Allen já a "pescou". O Dev Patel já o conhecia do Skins, mas também é bom. Vamos falar dele mais vezes.

João Gil | 19:17

Eu também entendo as tuas razões. São razões perfeitamente aceitáveis, apesar de não concordar.
Só que acho que uma coisa é não gostares, seja por achares que tem cenas óbvias ou por não gostares do "género"; outra é dizeres que o filme é miserável. Eu acho que mesmo que não se goste (como todo o direito repito) os méritos que o filme teve são suficientes para que ele não seja miserável.

Miserável é o Anaconda 3...;)))lol

Samuel Silva | 19:52

Não, pá.
Todos os filmes com o David Hasselhoff são objectos de culto. Especialmente aquele dele a comer hamburgers todos bêbado.

eheheh :)


http://www.youtube.com/watch?v=82-FJyniP7A

Samuel Silva | 19:53

E este?
http://www.youtube.com/watch?v=PJQVlVHsFF8

João Gil | 22:55

Essas cenas são decadentes...pode ser que o homem volte à ribalta se fizer o filme do kit.

Cheers dude