Cultura e investimentos
Há uns anos que tenho uma dúvida recorrente: Como é que Guimarães, cidade que tão bem sabe vender a sua "importância cultural", não tem criadores locais para apresentar? Exceptuando as artes plásticas, a cidade e o concelho têm poucos criadores - ainda que haja muito bons intérpretes. Porquê?, pergunto-me há muito.Especialmente no domínio da música - que é a arte que mais acompanho - a cidade tem muito poucas bandas com alguma qualidade e nenhuma capaz de se afirmar no mercado nacional. Olho para a vitalidade de Coimbra e, mais recentemente, de Braga, e percebo que o tamanho da cidade conta pouco. Não se faz apenas boa música em grandes metrópoles.
No caso de Braga encontrei há tempos a resposta: a autarquia investiu 200 mil euros e transformou o fundo da bancada do velho estádio 1º de Maio num complexo de salas de ensaio para bandas. Nove salas, 80 músico e alguns projectos fantásticos: Mão Morta, Mundo Cão, Peixe:Avião ou Smix Smox Smux. Pode ser que sirva de exemplo.
3 reacções:
Foi, sem dúvida, uma óptima iniciativa, mas as bandas escolhidas deixam-me algumas dúvidas.
Mão Morta e Mundo Cão não são bandas de garagem e não precisariam certamente destas ajudas.
E o problema central é esse: é sempre necessário encontrar alguém isento para seleccionar as bandas com qualidade - e que precisem - para aproveitar o espaço, já que actualmente a escolha cabe ao Miguel Pedro, curiosamente membro dos Mão Morta e Mundo Cão...
muito mais do que apoios da câmara é preciso é que as pessoas apoiem. É preciso que as pessoas vão aos concertos.
E em Guimarães isso é pedir muito. Recordo-me dos dois últimos concertos de X-Wife e Wraygunn por cá. Ambos tiveram pouquíssima gente a assistir, e louvado seja o São Mamede por os trazer.
Mas no caso dos primeiros foi deprimente. Estavam nem 100 pessoas no São Mamede. E quero ver como vai ser sábado no CCVF com bilhetes a 15€ (ROUBO)!
E estas são duas bandas com uma grande projecção a nível nacional e de qualidade comprovada.
Na Secundaria das Taipas nos concertos que por tem lá havido às sextas há mais gente, apesar de serem bandas desconhecidas.
O porquê disto? Não sei. Será o preço ou a falta de vontade das pessoas? Ou será o efeito da existência de tantos pseudo-cultos na nossa terra?
Por cá vão se salvando os concertos no n101 e no São Mamede. E, excepcionalmente, no Vila Flor.
Por falar em Vila Flor, a aposta em eventos tipo o Manta não era para manter?
Concertos desse género seriam excelentes rampas de lançamento para muitas bandas...
Talvez a oferta excessiva (??) limite um pouco a criatividade, não sei... 'Se já temos o suficiente para quê tentar fazer mais?'
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