Por um roteiro Nicolino

Guimarães é uma cidade pesada: Cada casa, cada edifício, cada monumento, cada rua carregam muitas histórias. O património histórico e cultural está patente e todos os vimaranenses têm percepção da importância da cidade. Só que, como um professor uma vez me contou, em Guimarães todos são historiadores, todos sabem como a história se deu mesmo que as suas estórias em nada tenham a ver com a história.

Nos termos da convenção da UNESCO, considera-se património cultural imaterial "as práticas, representações, expressões, conhecimentos e aptidões - bem como os instrumentos, objectos, artefactos e espaços culturais que lhes estão associados - que as comunidades, os grupos e, sendo o caso, os indivíduos reconheçam como fazendo parte integrante do seu património cultural".

Foto António Luís Campos

Ora, tomando como esta citação o ponto de partida, podemos garantir que os vimaranenses, grosso modo, reconhecem como fazendo parte do seu património histórico e cultural as Festas Nicolinas. A Comissão especializada que foi constituída para analisar a possibilidade de uma candidatura para a classificação das Festas Nicolinas como Património Imaterial da Humanidade, também concluiu que a candidatura é viável. Além disso, há também quem esteja já empenhado em enquadrar as Festas Nicolinas no programa cultural do "Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012".

No entanto, mesmo sendo as Festas Nicolinas um testemunho do património cultural vimaranense, estando profundamente enraizadas na cultura e identidade da cidade, pouco temos para mostrar. Recentemente foi criado o monumento ao Nicolino mas, para além deste, não temos mais referência alguma às Nicolinas na cidade. Portanto, carecemos ainda de valorização e promoção destas.

Foto Eduardo Brito

Uma sugestão que lanço neste sentido é a de que a cidade tenha nos seus principais pontos históricos relacionados com as Festas Nicolinas, assim como acontece com os nossos monumentos classificados como património mundial, placas com uma pequena indicação e explicação da sua importância.

Mas poder-se-ia uniformizar as placas referentes às Nicolinas, usando, por exemplo, o símbolo das Nicolinas, e afixá-las nos pontos - casas, edifícios, monumentos e ruas - mais significativos na história das festas, traçando um trajecto Nicolino.

Obviamente que, com tão poucos estudos, pode questionar-se da história e estórias relacionadas às Nicolinas. De qualquer modo, há um conjunto de espaços que, pelos documentos existentes, são unívocos quanto ao seu significado e papel para a concepção, preservação e execução das Festas. A título de exemplo: Capela de São Nicolau, Capela da Senhora da Conceição; Torre dos Almadas; Antigo Liceu de Guimarães, no edifício da actual Câmara; Liceu; casa da Sra. Aninhas; Chafariz do largo do Cano.

Sílvia Gomes

2 reacções:

João | 22:09

Desculpem colocar o comentário seguinte neste post, mas gostava de partilhar isto e não sabia como. Descobri isto no editorial do Jornal de Negócios de hoje (19 de Dezembro)?

Alguém consegue explicar-me porque razão o director deste jornal escreve isto no editorial:

"Devemos estremecer por ver a família dos Santos comprar 10% do BPI? Devemos, por causa da concentração de poderes. O problema é serem angolanos? Não, embora sossegasse se fossem de uma economia de mercado madura. Leia o resto se quiser, mas pode tirar daqui o preconceito.

Se fosse um extraterrestre ou um vimaranense, o problema era o mesmo: a influência de uma só pessoa em tantas e tão grandes empresas. Sobretudo na banca."(...)

Samuel Silva | 17:02

Concordo inteiramente com a tua proposta. Aliás, acho que o Turismo de Guimarães devia criar um roteiro, à semelhança do que já existe relativamente ao centro histórico, para cativar turistas.

De resto, essa possibilidade podia ter o mérito de "obrigar" os turistas a uma visita mais prolongada ou a uma segunda passagem por Guimarães. É que, como se sabe, esse é um dos nosso principais problemas: visitantes recebemos, mas pouco tempo ficam por cá.

Quanto às Nicolinas, acho sinceramente que, excepto na semana das festas, a cidade pouco se lembra das Nicolinas. Criar a marca dessa presença pode ser uma solução interessante nesse sentido.