Think Pong: Um Piddac insuflado

O Piddac deixou de ser o instrumento fundamental de análise dos investimentos do Estado nos diferentes concelhos do país. Não só porque raramente é cumprido, como outros investimentos são efectuados, de ano para ano, ao abrigo de outros programas de acção. Ainda assim não deixa de ser um documento importante para percebermos as grandes opções dos governos.

O Piddac para 2009 é particularmente positivo para a região. O distrito de Braga vai receber mais 40 milhões do que no ano passado, o que faz dele o sexto a nível nacional, quando no ano passado era apenas o décimo. Guimarães é um dos concelhos responsáveis por esta subida que, a meu ver, peca por escassa – as duas principais cidades do distrito, mas também Famalicão ou Vila Verde, por exemplo, têm dinâmicas empresariais, culturais e cívicas que justificavam outro nível de investimento do Estado.

Mas centremos a análise no investimento previsto no Piddac para Guimarães. É o segundo concelho do distrito com maior dotação, passando dos míseros 600 mil euros de 2008 para uma verba inscrita de 14 milhões. À primeira vista é uma notícia excelente, ainda que 85 por cento do dinheiro se destine à Capital Europeia da Cultura de 2012.

Este é um projecto de grande monta e com o qual o governo quer dar um apoio muito importante à modernização e desenvolvimento de Guimarães. Parece-me por isso muito positivo um nível de compromisso tão elevado a quatro ano do evento. No entanto, uma análise mais profunda do Piddac mostra que, se excluirmos a CEC, o Estado quer investir no próximo ano pouco mais de 1,6 milhões no concelho. O que é manifestamente pouco.

Este é por isso um Piddac insuflado. Insuflado pela CEC e pelo programa nacional de renovação do parque judicial que constitui mais de 500 mil euros dos 1,6 milhões. Ou seja, resumindo, as verbas destinadas a Guimarães são pouco mais de um milhão de euros, quase todos destinados à nova unidade de saúde de S. Torcato. É pouco, muito pouco para um concelho desta dimensão.

No entanto, a análise deve ser, quanto a mim, feita pela positiva. Os 12,3 milhões que o Piddac destina a Guimarães para preparar a CEC estariam neste momento a ser investidos de qualquer das formas noutro concelho do país. E, não fosse o Berço nomeado para 2012, não havia garantias de que outros investimentos aqui fossem realizados. Por arrevesada que seja esta lógica, é ela que preside aos investimentos públicos. E, em face disso, este é o melhor Piddac para Guimarães em muitos anos.

 

4 reacções:

Tiago Gonçalves | 18:58

Insuflado ou não, o dinheiro vem para Guimarães e é para investir em Guimarães. Seja por causa do CEC ou não...Acho mal é o ano passado ter sido de 600 mil euros. Para quê que isso dá? Já vi apartamentos mais caros...
Acho que desta vez os vossos think pong's não têm muito por onde discordar..;)

Riot | 19:08

Os 12 milhões para a CEC não estão discriminados?

É muito dinheiro para se entregar sem critérios.

Hugo Monteiro | 19:33

Orçamentos em anos de eleições valem o que valem... e isso é muito pouco.

Samuel Silva | 22:18

Tiago,

concordo contigo. Seja por força da CEC ou não, o que é certo é que o dinheiro será investido em Guimarães. E isso é positivo.

Riot,

no Piddac a verba é geral, ou seja, não está discriminada. Imagino que no projecto da CEC isso esteja contemplado, mas como quase ninguem conhece o documento, estamos na mesma.

Hugo,

Começo precisamente por dizer que os Piddac têm um valor relativo. Mas, em ano de eleições ou não, há um compromisso do governo com o financiamento da CEC. É positivo não é?