Oportunismo político e as palas do marxismo
Não bastava a incompetência de um médico e a irresponsabilidade de um jornal, e ainda tinha que haver políticos a usar o tema como arma de arremesso. A postura do PCP na reunião de Câmara e na Assembleia Municipal é deplorável. Ligar a “notícia”, os números do aumento dos suicídios e a crise social é demagógico e ainda para mais erróneo.
É que os excessos do marxismo não permitem aos responsáveis locais do PCP ver além do discurso habitual das injustiças sociais (inegáveis). Considerar que o suicídio é culpa de uma crise social é não perceber o alcance do tema. Quais são os países da Europa com maior taxa de suicídio? Os nórdicos. Que são também quem melhor ganha, quem tem um regime de assistência do Estado que é hoje um modelo ao resto do continente e onde o bem-estar económico e o social atinge os níveis altos.
Além disso, fazer política com o tema é de uma irresponsabilidade e falta de bom senso a toda a prova. E essa até nem tem sido a postura dos comunistas locais.
8 reacções:
Ainda há quem use "óculos à Penafiel"...
Será que esses senhores não se podem actualizar?
Por outro lado, compreendo que essa actualização poderia levar a uma mudança nas mentalidades vigentes no PC, o que não dava jeito nenhum. Ser moderno, tá bem, tá, mas actualizado...vamos mais devagar com a carroça!
Quanto à questão de vocabulário, também me pareceu excessiva a palavra pandemia. Podiam apenas dizer "que se tem registado um aumento significativo na taxa de suicídios" ou "tem havido um acréscimo nas taxas de suicídio". Agora, "pandemia" parece-me forte demais...
Se falassem neste modos sobre o alcoolismo, o tabaco, as drogas, etc ainda aceitava, mas no caso do suicídio não me parece de todo aceitável.
Os senhores do PCP não cometem exageros, são eles próprios um exagero (se duvidarem olhe-se para a palermice/parvoice de ontem à noite em Chaves contra Santos Silva, um democrata com prova dadas).
Os senhores do PCP andam tão à deriva aos 87 anos que parece que um senhor alemão também os anda a atacar e isso não são só sinais dos tempos, não senhor!, são a prova de que os seus actuais dirigentes estão a precisar de aprender a separar muito bem o que é um passado (mesmo que com algumas virtudes) de uma estupidez a toda a prova como são as últimnas contendas de alguns do seus dirigentes. Principalmente daqueles que tentaram calar dirigentes sindicais muito mais claros como Cravalho da Silva ou, a nível local, Adão Medes.
Rectifico: O PCP só quer mesmo é agitação.
Isso é sinal de impotência. O tempo confirmará esta verdade: quando os agitadores de agora deixarem de se movimentarem a soldo de uns senhores que nunca souberam o que é trabalhar.
Já agora, porque não um suicídio colectivo dos comunistas estalinianos?! Seria uma pandemia saudável.
Falar ou não falar, a questão punha-se. Não é fácil andar nisto acreditem.
Pretendíamos uma definição no campo político do PS local/autarquia em relação às (contra) reformas (políticas) que, em nosso entender, estão a criar um caldo social perigoso e cujas causas não radicam de forma redutora no desemprego. Pessoalmente, saber que poderei ter caído no reles campo da demagogia deixa-me um pouco deprimido, confesso. E na dúvida, lamento.
João Salgado
Na qualidade de leitor do seu blogue e de responsável pela bancada do PCP na Assembleia Municipal de Guimarães permita algumas notas ao seu poste.
Primeira, quem estabelece uma associação entre as tentativas de suicídio e homicídio e a situação social é o director do departamento de psiquitaria do HSO, e não o PCP, da Câmara ou da Assembleia. Não temos a veleidade de saber mais do que quem é especialista e está "com a mão na massa". Portanto, se põe em causa o que o médico pensa e diz, entenda-se com ele em vez de levianamente criticar quem reproduz o que ele disse sem qualquer desmentido até hoje.
O PCP sabe que não é correcto estabelecer qualquer correlação de causalidade entre o desemprego e taxas de homicídio, suicídio ou roubo ou violência. Mas qualquer estudante de sociologia dos primeirs anos aprende que a degradação da situação social potencia casos, comportamentos e procedimentos latentes. Não perceber isto não é demagoia - é cegueira aguda.
Depois é a comparação com os países nórdicos. Comparar situações diferentes baseadas em origens diferentes é incorrecto. Os motivos que levam muitos cidadãos do norte da Europa ao suicicío tem mais a ver com isolamento, falta de perspectivas e outros do que com dívidas que não se podem honrar, fome, etc.
O PCP não imputou qualquer responsabilidade à autarquia nesta matéria. Apenas se limitou a retirar do anonimato mais um sintoma da crise social que se vive em Guimarães.
Também eu acho o seu blogue equilibrado e sereno, mas às vezes acontecem excepções e eu vejo neste poste a excepção que confirma a regra.
Cândido CapelA Dias
As críticas que fiz tiveram como motivo a utilização de uma notícia (que já de si oferece dúvidas, pela forma como atropela valores do jornalismo e pela inconsistencia dos dados apresentados e considerações do clínico do Hospital de Guimarães) como motivo político.
Dei o exemplo dos países nórdicos exactamente para demonstrar como é perigoso tratar com leviandade a questão do suicidio. As causas do suicidio são extensas e não podemos isolar apenas uma, sob o perigo de estarmos precisamente a enviesar a análise.
Não critico o facto de o PCP levantar o problema da crise social no concelho. É da mais elementar justiça. Mais: neste momento entendo ser uma obrigação dos vários partidos levantar esse problema.
Agora, misturar os dois temas parece-me irresponsável, como disse. E - reforço - na luta política há armas que devíamos deixar de lado. Por uma questão de responsabilidade e bom senso.
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