"Eu vinha cá pagar o campo de golf"
Foi assim que me dirigi ao balcão em que ontem me inscrevi no mestrado de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho. E, enquanto preenchia o cheque, ainda acrescentei: "É a maior prenda de Natal que eu dou este ano. Ainda bem que é para o senhor Reitor".
Pode parecer parvo, mas é a expressão da raiva que sentia ao pagar 137 euros e 50 cêntimos para me inscrever num Mestrado que não quero tirar e que não será mais do que um bem adornado logro. Mais: os 25 euros que paguei no início do ano para me inscrever no 5º ano da minha licenciatura em Comunicação Social, entretanto extinta, não foram sequer deduzidos. Reverteram para a casa. Assim em linguagem de Casino até se percebe melhor no negócio em que o processo de Bolonha foi transformado, sob o olhar passivo das Associações Académicas.
O meu Mestrado que se reduziu a meia dúzia de workshops, alguns com gente de créditos pouco mais que desconhecidos, e a um estágio, ao qual já tinha direito na licencitura sem pagar mais por isso. E que é pago a peso de Ouro. A juntar ao cheque de ontem, vem uma Carta de Curso que não fazia tensão de pedir tão cedo - e onde até as notas das disciplinas estão "falsificadas", sob o absurdo véu da transição de plano de estudos - que me vai custar mais uns trinta contos, em moeda antiga. Ah! E as propinas que são as de um mestrado, mais ou menos uns 400 euros a mais por um plano de estudos que não é em nada diferente da licencitura em que me inscrvi há cinco anos. Ou melhor, até é: É pior e mais pobre, porque ficamos sem as cadeiras do 5º ano.
A "Evolução" europeia a isso obrigou. E as mentes nacionais assim o fizeram. Tristemente!
3 reacções:
Samuel,
O que importa é ir pagando.
A crise aperta e o ambiente não é propício ao levantar de muitas perguntas porque eles são os Eleitos, logo não podem ser perguntados sobre estas minudências.
É verdade: 50% do fluxo financeiro deste jovem empresário (eu) destina-se a pagar impostos e demais obrigações sociais.
Sinto-me feliz assim: enquanto eu pagar impostos é sinal que estou vivo e é importante estar vivo para poder rir destas coisas todas.
Dario Silva, sócio da República.
O golf é sempre importante, tal como o desporto em geral (e o futebol em particular!!!)! A cultura não interessa para nada, é uma maçada...
Só assim é que se mantem a turba quieta e controlada...
É dar-lhes desporto que eles não fazem ondas!
E ainda estou para ver na prática o que vamos ganhar com o Tratado de Lisboa!
Triste país este...
Gostei de ler a sua avaliação sobre o processo de bolonha, implementado como quem dá umas tacadas de golfe mal dadas. Apreciei as suas critícas à UM, incluindo os representantes dos estudantes, mas, o grande e primeiro culpado disto tudo é o Governo da nação.
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