Bolonha: cegueira e drama

«Se me tivessem deixado acabar o plano com que me acenaram na hora de escolher uma universidade, no quinto ano da licenciatura em Comunicação Social. Finalizei o quarto em quatro anos, todas as cadeiras feitas. De repente, dou por mim obrigado a concluir um segundo ciclo fantasma, a pagar uma propina do dobro – porquê?

Perdemos um semestre de aulas em nome de uma tese apressada que o não vai ser, dão-se meia dúzia de seminários, independentemente da qualidade, e está feito. outra vez: porquê? O meu ano perdeu valências, inequivocamente –, a requerer uma carta de curso no valor de 140 euros para me poder inscrever, a perder o abono de família porque simplesmente ainda não me permitiram a inscrição e a ver o meu processo de bolsa congelado porque há uma falha, um atraso, aparelho burocrático, ou boa vontade que não basta para a torrente de documentos que se gerou, qualquer coisa, algures entre a direcção de curso, Instituto de Ciências Sociais, Serviços Académicos, Serviços de Acção Social e Reitoria.

Não sei onde – não me importa. E não devia estar preocupado com isto: sou estudante, devo estudar. Se alguém é bolseiro – imaginem lá! – precisa do dinheiro para estudar. É para isso que servem aquelas verbas.»

O que o Hugo Torres descreve hoje no Comum é a situação em alguns casos dramática que os meus colegas de curso vivem. Culpa da transição para Bolonha, da cegueira dos serviços de acção social e de uma Universidade onde os cifrões atropelam a qualidade.

1 reacções:

despertador | 15:09

Bolonha não deixa de ser uma pequena mentira, uma forma de o Governo se afastar ainda mais do financiamento das universidades. E as universidades apregoam a necessidade de 2º Ciclo. Conheço bem o problema no curso de Ciências da Comunicação na UM. A directora de curso disse abertamente aos alunos do 1º ano: Só o 1º ciclo não chega para vos dar estágio.
Ou seja, não é uma 2º ciclo exigido por uma Ordem e assim ao preço do 1º, é um 2º ciclo por capricho da direcção de curso, ou seja, pago a peso de ouro para dar dinheiro.
Ver o Governo (com o qual simpatizo em certas coisas) a dizer maravilhas de Bolonha só mostra 2 coisas: 1º - Não sabem o que andam a fazer, porque uma reforma em Educação leva sempre 4 a 5 anos para poder ser avaliada; 2º - Não conhecem ou não querem conhecer a realidade.
Quem paga? Os alunos que vivem da bolsa, como o Hugo Torres.