Dores de crescimento

Depois da reabilitação (e qualificação) do centro histórico de Guimarães impunha-se o crescimento e a modernização da cidade. E, tendo sido possível juntar a escolha de Guimarães como Capital Europeia da Cultura com o lançamento do Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007/2013, desenhou-se o quadro perfeito para a candidatura a programas europeus que permitirão, com toda a certeza, mudar Guimarães e deixar rasgados os seus desafios do futuro.

Guimarães representará Portugal (e a União Europeia), em 2012, em termos de realização cultural, mas terá também a responsabilidade de mostrar uma intervenção urbanística que vinque a importância de uma centralidade urbana que está muito para além da cidade. Isto é, a grande cidade do Ave. Onde tem (obrigatoriamente) que haver momentos, espaços e sentires culturais. Mas que, naturalmente (e sem falsas questiúnculas de localização de equipamentos), terá – pela sua centralidade e importância centrípeta – que se alhear de alguma forma de actuação periférica.

Os cinco projectos que a autarquia vimaranense apresentou recentemente são uma importante (para não dizer fundamental) alavanca para cimentar esta realidade.


A “pequena maresia” faz uma terrível confusão. E a foz do rio de Couros (ali ao lado) não merece uma intervenção de fundo? Porque no Selho as águas já correm límpidas.


Veiga de Creixomil e (centralidade de) Silvares – Um lago artificial do tamanho de oito campos de futebol fará da veiga de Creixomil o maior local de lazer de Guimarães. Fala-se na manutenção da ruralidade e na recuperação da ponte romana e dos moinhos. Isso é óptimo. A “pequena maresia” faz uma terrível confusão. E a foz do rio de Couros (ali ao lado) não merece uma intervenção de fundo? Porque no Selho as águas já correm límpidas.

Silvares será o local comercial, por excelência, do vale do Ave. Novas construções e novas vias (ligação à via do Ave e ao AvePark) farão a diferença. É linda a ideia da entrada na cidade! É o último momento antes do Ave. Que merece um espaço cuidado onde se fuja ao ruído, ao fumo e à agitação. E trazer o rio à cidade (ou levar a cidade ao rio?) é fabuloso!

Feira semanal – A feira ficará ao lado do actual mercado. É óbvia a mudança. Retirar a feira da Colina Sagrada é a preservação do romantismo histórico. Acaba-se o lixo. Melhoram as condições. Mesmo que se limite a lotação, favorece-se a qualidade.


A ideia apresentada para a "sala de visitas" vimaranense é um “não-projecto”. Mesmo que seja uma aspiração antiga a alteração desta praça, esconder os carros (continuando-se a sentir os fumos e os ruídos) não é solução.


CampUrbis – Está já em marcha mais uma parceria entre a autarquia vimaranense e a Universidade do Minho (uma universidade de prestígio internacional). É uma aposta inteligentíssima na revitalização de Couros. É mais um exemplo de como ciência e tecnologia – como vectores do desenvolvimento – ajudam quem decide. Óptimo! Recupera-se Couros. E a memória. Falta o rio!

Toural e Alameda – A ideia apresentada para a "sala de visitas" vimaranense é um “não-projecto”. É verdade que a “zona emblemática da cidade” sofre uma “forte pressão do trânsito”, mas, como salientou o presidente da câmara, é algo “delicado”. Por isso, a autarquia quer “o maior consenso possível". E tem razão. Porque ‘aquilo’ vale pela ideia de pôr aquele espaço à discussão. Fica-se sem saber o que acontecerá às ruas de D. João e Camões. Mesmo que seja uma aspiração antiga a alteração desta praça, esconder os carros (continuando-se a sentir os fumos e os ruídos) não é solução. Em Santiago de Compostela adorei os quilómetros que tive que caminhar para chegar ao centro histórico. É certo que estava de férias, mas quem vem à cidade para compras apressadas fica lá em baixo. E, muito em breve, em Silvares. Ao Toural virão os que pensam que o mundo tem um centro à volta do qual tudo gira.


Este [antigo mercado] é dos projectos mais interessantes. Nem sequer é o mais arrojado, mas isso pouco importa, dado o impacto que terá na cultura local. É o dedo anelar da mão dos projectos. E é rigoroso na escolha do anel: discreto. Com brilho suave e sem ferir o silêncio (que por ali será) importante.


A Alameda precisa de respirar à vontade e de liberdade. É bom sentir que as esplanadas se cruzarão com o jardim.

Antigo mercado O espaço (central) do antigo mercado será lazer, comércio e uma alternativa ao centro histórico. E terá o museu – algo “virado para a história da cidade”. Aumentará a área pedonal, deixando os vimaranenses com menos motivos de queixas de falta de locais para se movimentarem. Manter a fachada actual é preservar a memória. Marques da Silva merece! E merece que se faça a ligação do museu (ali ao lado) da Sociedade Martins Sarmento. Este é dos projectos mais interessantes. Nem sequer é o mais arrojado, mas isso pouco importa, dado o impacto que terá na cultura local. É o dedo anelar da mão dos projectos. E é rigoroso na escolha do anel: discreto. Com brilho suave e sem ferir o silêncio (que por ali será) importante.

por Casimiro Silva

http://casimirosilva.blogspot.com/

0 reacções: