Ele está vivo...
Pimenta Machado quebrou o silêncio. O homem que durante 24 anos liderou o Vitória dá hoje uma entrevista ao Correio da Manhã onde se defende de algumas acusações pelas quais foi investigado. O timing é perfeito...Pimenta defende-se das acusações dizendo que fez tudo em favor do Vitória. Dou o benefício da dúvida a alguém que deu 25 anos da sua vida ao clube. O ex-presidente afirma que abriu contas na Suiça e em offshores para comprar jogadores para o Vitória, porque o clube estava inibido de o fazer. Mas a responsabilidade dessa situação é claramente sua, já que, como também assume na entrevista, era ele quem "geria e inventava as soluções".
Pimenta assume que o clube tinha uma conta em seu nome – e de “mais três ou quatro pessoas” – e que endossou, para uma conta pessoal, cheques relativos à venda de Pedro Barbosa e Pedro Martins, porque o Vitória lhe devia dinheiro. A acreditar mais uma vez
Pimenta surpreendeu ainda quando se diz vítima de uma cabala. Mas os dados apresentados pelo antigo líder vitoriano fazem pensar. “Os inimigos externos souberam aproveitar a investida da PJ e a minha fragilidade para, de uma vez por todas, se verem livres de mim. Fui uma voz muito incómoda no futebol, e isso paga-se”, diz. E acrescenta: “o Vitória foi grande vítima do sistema, porque lutava pelas posições do Benfica, do FC Porto e do Sporting, para já não dizer do Boavista. Fiz muitas participações para o Conselho de Justiça contra arbitragens que foram sempre arquivadas. Aconteceu isso em 2003/04. Curiosamente, fazia parte do Conselho de Justiça da altura o procurador que me mandou deter”.
O procurador em causa é João Ramos, “que recentemente esteve disponível para fazer parte das actuais listas da FPF, conjuntamente com arguidos do ‘Apito Dourado’. “Dantes faziam-se autênticos roubos e o Conselho de Justiça, do qual fazia parte o sr. João Ramos, arquivava os processos. Em boa hora a PJ entrou no futebol”, termina
Retenho ainda algumas frases: "Quando saí a dívida ascendia, no máximo, a 2 774 699,57 euros. Mas deixei activos em jogadores suficentes para pagar essa dívida. O Nuno Assis, por exemplo, e outros, de quem se desfizeram a custo zero, como aconteceu com o Abel."
"Geri o Vitória com eficácia e a melhor resposta está na gestão desta direcção”.
“Muito dificilmente” voltava a presidir o Vitória.
“Assisto com tristeza à actual situação do clube. Mas já estava à espera de algo parecido, porque quem me sucedeu não tinha um projecto desportivo. Tinha apenas um projecto contra mim, motivado por vingança e ódio e destinado a destruir a minha imagem. Por isso, mais cedo ou mais tarde, o clube tinha de ceder. No campo desportivo, patrimonial e até moral, porque de clube respeitado e até temido o Vitória passou a dócil, submisso e domesticado”.
Nunca pensei vir a estar de acordo com o homem que representou, para mim e para a maioria dos vitorianos da minha geração, alguém que não soube onde acabava a sua época – apesar do inegável mérito que teve na projecção do Vitória e que fazem de Pimenta, queira-se ou não, o melhor presidente que o clube já teve. Mas a última das frases que reproduzo é a leitura mais lúcida e mordaz que alguém já fez do pesadelo que termina a 3 de Março.
3 reacções:
"Benefício da dúvida"? Porra...
Nem o mais ferrenho dos Pimentistas pode evitar soltar uma gargalhada ao ler tão surreal entrevista.
Parece que os já conhecidos dotes de retórica deste vigarista continuam a persuadir muito boa gente.
Não sou assim tão céptico. O Homem não era perfeito, mas isso ninguém é, e coisa que não acredito é que vivesse às custas do Vitória, se metia algum ao bolso? Talvez, mas se o Vitória apresentava resultados, qual era o problema? Pior é meter ao bolso e não apresentar resultados... É por isso que o Pinto da Costa, por exemplo, ainda se mantém no porto, pode roubar muito, ele e a sua team, mas o clube apresenta resultados...por isso não recrimino.
http://bancadanascente.blogspot.com/
Caro Samuel
Agora que estas na cidade do melhor clube do mundo,a seguir ao Vitória é claro,perceberás ainda melhor a relatividade das coisas.
Pimenta Machado fez uma obra assinalável mas esteve tempo a mais no Vitória e acabou por sair de forma penosa.
Deixando,contudo,um clube prestigiado,com estatuto e património.
O problema é que o projecto "Vitor Magalhães" ,retirando o ódio de alguns dos seus mentores a Pimenta,pura e simplesmente não existia.
Ou seja,para lá do ódio apenas um deserto de ideias,de estratégia,de capacidade de perceber a grandeza intrinseca do Vitória.
Por isso chegamos a este triste estado.
Ao menos que nos fique de lição para o futuro embora,cá para mim,tenha as maiores duvidas sobre isso.
Um abraço
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