As Indústrias Criativas

Neste período de preparação da Capital Europeia da Cultura 2012 muito se tem falado das indústrias criativas, que são uma das apostas para o futuro de Guimarães. Este tema pode parecer um tanto estranho, pois desde sempre que as melhores indústrias, os melhores negócios, nascem de uma ideia inovadora, criativa portanto. Convém conhecer melhor este tema, que é o que proponho fazer uma série de artigos.

Há na Wikipedia uma entrada para indústrias criativas. Define-as como sendo um sector onde se "intersectam a criatividade, a arte, o negócio e a tecnologia". O Department for Culture, Media and Sport do Governo Britânico é o responsável, entre muitas outras áreas, pelo incentivo destas indústrias e dá-nos uma definição interessante do conceito:


The creative industries are those industries that are based on individual creativity, skill and talent. They are also those that have the potential to create wealth and jobs through developing intellectual property. 


Estamos então perante um conceito abrangente, que cobre desde a publicidade à moda, à edição, media, design, cinema, património, etc. Estes sectores, antes vistos como realidades separadas, são nestas indústrias criativas pensados como uma mesma realidade, ainda que multipolar.

Richard Florida é um dos mais destacados investigadores desta área. Defende a tese de que as cidades do século XXI, para prosperarem, têm de ser atractivas para pessoas criativas e talentosas e que isso se consegue através de um ambiente estimulante onde prosperem estas indústrias. Autor de vários livros sobre este tema, tem alcançado reconhecimento global pelas suas ideias.

A tão badalada "sociedade do conhecimento" está relacionada com estas indústrias criativas. O conhecimento é cada vez mais "fonte de riqueza das nações, empresas e pessoas" (in Plano Estratégico 2010-2012 da Capital Europeia da Cultura 2012), sendo também um importante factor na sinalização da produtividade dos seus detentores. Num mundo policêntrico e globalizado, a realidade local não é mais separável do que se passa em pontos muito distantes. O desenvolvimento destas indústrias pode significar a mudança de paradigma numa sociedade que atravessa uma forte crise económica. É nesta perspectiva que se foca a Fundação Cidade de Guimarães ao defender a aposta na criatividade.

6 reacções:

Hugo Monteiro | 17:46

Tiago

Para se conseguir atrair pessoas e empresas criativas para Guimarães, ias ter de virar a cidade do avesso. Como tenho defendido, esta cidade não tem vida para pessoas da nossa faixa etária. E é precisamente entre os 20 e os 35 anos que vais buscar estas pessoas.

Tiago Laranjeiro | 18:45

Esse é um caminho que me parece que está a ser feito; bem ou mal, muito ou pouco conforme as opiniões. Na minha opinião, podia ser feito muito mais.

Quanto à vida para pessoas da nossa faixa etária, por acaso discordo de ti. Há cidades da nossa dimensão com muito menos vida que a nossa. Se mais pode ser feito, claro que sim. O projecto Campurbis pode ajudar muito.

Mas, já agora, o que propões tu?

Hugo Monteiro | 15:05

O Campurbis parece-me um bom começo. O que se tem feito por esse mundo fora, são reconstruções/restaurações de zonas degradadas, com terrenos baratos, normalmente bem posicionadas dentro do tecido urbano. Só não sei se aquela zona da cidade tem espaço para albergar a quantidade de pessoas/empresas necessárias a uma mudança significativa.

Se conseguirem instalar empresas e serviços inovadores neste espaço, é provável que consigam atrair a tal faixa etária de que falamos. Por muito boa que seja a qualidade de vida, sem empregos não há futuro. O resto aparecerá naturalmente.

Curiosamente, o último Courrier Internacional que saiu em formato "jornal" (Nº 143 - 28 de Dezembro de 2007) fala precisamente sobre algumas cidades que sofreram transformações similares.

Tiago Laranjeiro | 23:58

Aqui está uma importante diferença de perspectivas. Não acredito que, na sociedade em que vivemos e na realidade vimaranense, "o resto" surja naturalmente (um advérbio muito caro dos liberais). Não me parece que tenhamos massa crítica suficiente nem me parece que a existente tenha meios para fazer surgir isso que falta. É aí que cabe a acção da Câmara.

Não me parece que Campurbis vá resolver todos os problemas da cidade, mas pode ser um motor de desenvolvimento de novas indústrias para a cidade, em articulação com outros "motores" já existentes ou a criar. A estes "motores" podem sempre ser acrescentadas locomotivas, de preferência que comportem muitos empregos e sejam eficientes na prossecução dos seus objectivos.

Hugo Monteiro | 17:01

Tiago:

Guimarães tem um "porradão" de associações desportivas e culturais que foram criadas sem intervenção dos poderes políticos. A Câmara e restantes entidades envolvidas só precisa de dar a ordem para mandar abaixo e deixar aquilo bonito.

Afinal, aquilo de que os vimaranenses tanto se gabam é da qualidade de vida. Teoricamente, só será preciso uma ligeira melhoria nos transportes e mais perspectivas de futuro, empregos principalmente, para que esta faixa etária se fixe cá com maior facilidade.

Anónimo | 16:42

Meus caros, estou como o Kenedy:
Pensem o que podem fazer para Guimarães estar à altura das vossas pretensões, em vez que esperar que alguém resolva o assunto